21.8.05

ø

Meu querido Rafael Galvão,

Sabendo que você é apenas um paraíba (sic.), gostaria de comentar sobre a minha passagem no seu Diário do Rio, aliás, post longo e demasiado interessante, que eu, como mera descendente de holandeses( a despeito de meus tamancos), tive o prazer de ler, e encontrar o meu nomezinho lá, além de poder refrescar a memória de uma noite realmente inesquecível com fellow blogueiros que leio frequentemente.

Eu sei que o Rafael é um rapaz modesto porém ferino nas palavras ainda que adocicado por um melodioso falar matogrossense. Tive o imenso prazer de sentar ao seu lado no Amarelinho, reduto áureo da boemia do centro carioca e lugar definitivo dos encontros bloguísticos cariocas. Mas não sei se é porque blogueiro passa muito tempo no computador, mas eu nunca vi tanto homem, assim dizendo em bom norueguês...nø øssø. Eu sei que não existe uma lapona em cada esquina do Rio de Janeiro, muito menos em Maceió onde vive o nosso ilustre blogueiro supra-mencionado linhas acima, mas juro que fiquei impressionada, como toda boa filha de belgas ficaria...

Citando o post do nosso amigo piauiense em itálico e costurando no meio de suas distintas palavras:

Enquanto eu olhava para a língua tripartida do Bia,

...aliás, süper sexy....

a Isabel apareceu.

essa sou eu!

A Isabel tem cara de sueca mandona.

Até aí, gostei. Enquanto a Carol empunhava aquele chicotinho no Amarelinho, eu a observava e pensava -- será que ela sabe usar isso tão bem quanto eu? Até porque ninguém sabe que me chamam por aí de Loba Má.

Como para mim sueca e alemã é a mesma coisa,

...e para mim baiano, sergipano, e boliviano é tudo paraíba sem pescoço e inguenorante,

a Isabel tem cara de guarda feminina de campo de concentração nazista.

e você queria ter sido um judeuzinho sob minha tutela, não é, malvadinho?

Meu tipo, minha tara inconfessável.

Coisa de quem leu muita revistinha pornô sueca na adolescência. Quantas vezes eu já tive que ouvir isso e aguentar pelo menos 5 minutos de conversa com o cara olhando pra mim meio babando e fazendo flashback mental das fotos pornôs na cabeça, achando que toda sueca é ninfomaníaca. A cantada que geralmente segue dá pena e nem vale a pena comentar. Sem falar no comentário-clichê-de-quem-não-tem-nada-mais-o-que-dizer: "tem muito suicídio na suécia, né?". seguida da típica pergunta: "como é a vida em genebra?" É como se eu tivesse perguntado se a capital do brasil era buenos aires, se os macacos de estimação brasileiros sentam-se à mesa com os donos, e que horror viver em um país em que crianças são chacinadas todos os dias nas praias de ipanema.

Mas ela é artista, e todo artista fala umas coisas esquisitas e sempre mete Derrida no meio

Derri-who?

, e eu não entendi lhufas do que ela falou.

até que eu me lembre era português o idioma da conversa. não é isso que falam lá na sua cidade natal de Palmas?

Ela falava e eu fazia "hum-hum" e tentava passar uma imagem de inteligente: a gente faz uma cara de quem não está entendendo porra nenhuma e balança a cabeça, assim como se tivesse Parkinson. Não colou.

Eu achei mesmo que você tinha um tique estranho, rapaz. Agora entendi!

Tenho que ensaiar mais.

Tenta abrir um blog. Talvez funcione.

Perdi duas horas dando em cima dela. Passava a mão na sua coxa e ela me dava um toco. Passava a mão no seu braço e ela virava a mão no meu nariz. Passava a mão nos seus cabelos e ela derramava um copo de chope em cima de mim. Ainda não tenho certeza, mas algo me diz que a Isabel não foi com a minha cara.

Francamente, depois de você me chamar de nazista, você acha que tem alguma chance?

Excelente Artigo

Hoje, através do Alexandre Sá (quando eu achar o link do blog dele eu coloco [lindas poesias]), colega de mestrado na UFRJ, um artigo do Folha Mais! (não sou assinante do Uol, portanto não tenho link)


São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005
UM TEXTO SEM FIM

DA REDAÇÃO
A seguir, o professor do Museu Nacional explica como o projeto de um livro que já acumulava 600 páginas escritas se transformou num texto coletivo abrigado numa página da internet -num modelo de colaboração que, segundo ele, reflete melhor a criação acadêmica. "Toda produção intelectual é um processo em que se passa 95% do tempo falando a partir do que outros falaram."

Quem entra na página pode ler e, se quiser, modificar o texto livremente para, por sua vez, ter sua própria modificação também modificada, aceita ou rejeitada.
A obra de múltipla autoria funciona, ainda experimentalmente, há cerca de três meses -e conta com a colaboração de um grupo crescente de cientistas sociais- a partir do "texto-piloto", um dos capítulos do livro de autoria individual que se chamaria "A Onça e a Diferença".
 
Folha- Por quê transpor a obra para a internet?

Eduardo Viveiros de Castro - Já estou arrastando o rascunho desse livro desde quando publiquei o primeiro, em 2002. Comecei então a escrever a monografia sobre o perspectivismo, "A Onça e a Diferença", uma brincadeira com a aliteração sonora e com o conceito do [filósofo francês Jacques] Derrida "différance", que é difícil de traduzir e que já brinquei que, em tupinambá, seria "diferonça". Comecei a acumular anotações, notas e textos de conferências, citações e referências, criando um palimpsesto de 600 páginas, que eu não tinha coragem de arrumar e botar na rua. Foi quando tive a idéia de, em vez de publicar mais um livro solo, fazer um texto que refletisse melhor seu próprio regime de produção.
Toda produção intelectual, na verdade, é um processo em que se passa 95% do tempo falando a partir do que outros falaram, sejam os índios com quem conversamos, sejam colegas que escreveram. É uma situação borgeana em que se está sempre dentro de bibliotecas, escritas ou orais. Isso, na verdade, não aparece muito nos textos, por mais que o autor saiba disso. Os livros são autorados por uma única pessoa, têm começo e fim físicos, e fica por aí.

Quando comecei a acompanhar essas mudanças no regime de produção e de autoração e de apropriação intelectual usando os meios eletrônicos, comecei a divisar a possibilidade de que o regime coletivo que já existe fosse mais explicitado, num "livro" que fosse escrito por muitas pessoas ao mesmo tempo.

Uso uma dessas novas ferramentas, o "wiki", que é um tipo de website em que toda pessoa que acessa pode mudar o conteúdo do que lê e todas as outras pessoas que acessam podem ver essa modificação. Assim, não sou mais só eu que escrevo e não preciso colocar um ponto final. Todo livro tem como aspecto, por assim dizer, triste o fato de ser uma obra fechada, que uma vez publicada não pode incorporar a reação das pessoas.

Um texto eletrônico colaborativo está sempre sendo reeditado a partir das reações que ele suscita nas pessoas que vão entrando e que acabam assumindo um pouco da autoria também. Esse texto também é perspectivista, já que está interessado em como as diferentes perspectivas se conectam nesse processo de autoria múltipla. Decidi assim deixar o livro na geladeira por um tempo e iniciar um objeto em que minha participação é uma entre outras. Parafraseando a idéia indígena de que, se tudo é humano, então o ser humano não é tão especial assim, eu diria que então, se todos são autores, o autor não é tão especial assim. Especial é o texto.

Folha - As modificações ficam marcadas ou tudo se incorpora?

Viveiros de Castro - O princípio do "wiki" é de que é muito fácil modificar o que se lê, é fácil acrescentar textos mas também é muito fácil tirar. É fácil entrar e é fácil sair. É fácil também identificar quem mudou o quê, saber quem escreveu isso, aquilo. De alguma maneira as modificações são julgadas pelo resto da comunidade, essa multiplicidade virtual das pessoas que entram. Se as pessoas acham a modificação correta, ela vai ficando. Se elas acham ela inútil, ou nociva, vai ser retirada por alguém, que não precisa ser o administrador.

Folha - E quando isso começou?

Viveiros de Castro-Tem pouco tempo, dois ou três meses. As pessoas são tímidas -felizmente. São muito mais gentis e respeitadoras do texto alheio do que a gente imagina, mas aos poucos a coisa está embalando, e meu próprio aporte inicial vai se diluindo num palimpsesto de aportes, se tornando um texto de fato com multiplicidade autoral.

Folha - Dessas 600 páginas de seu aporte, quanto já entrou? Há um planejamento de como vai ser feita sua contribuição?

Viveiros de Castro - Tem pouca coisa. Por enquanto ainda tem muito a minha cara, por questões históricas, a maior parte dos textos que estão lá dentro fui eu que escrevi, mas cada vez tem mais gente participando e em algum momento indefinível vai ter virado um autor múltiplo.

Coloquei até agora um capítulo, de 30 a 40 páginas, daquele grande rascunho de 600. Minha idéia é ir inserindo pouco a pouco, mas sem me arriscar a prever uma velocidade, um ritmo.

18.8.05

Wi-Fi Art

Assim que uma nova tecnologia se torna predominante, lá vem um monte de artistas com idéias malucas e blogs também.

O Wi-Fi Art Blog apresenta uma série de projetos bem interessantes que utilizam a conexão Wi-Fi como meio de executar projetos de arte.

Isto também nos faz repensar o que é uma obra de arte em uma época em que as tecnologias são tão rápidas e sofisticadas, e também uma época em que o número de artistas se multiplica na mesma velocidade, assim como os tipos de arte.

Já que não podemos escapar da informação, e nem mesmo podemos parar de produzir informação, a questão torna-se como usar essa informação algo de poético que possa ser tão revelador quanto a arte que estamos acostumados a designar como "arte".

É claro, existem zilhões de bobagens, mas as poucas boas idéias são fascinantes.

10.8.05

Otimo artigo

Eu sei que ler Artforum é coisa de artista wannabe, mas, fora os intermináveis anúncios das galerias, os artigos são excelentes. Este artigo do David Joselit é simplesmente uma obra-prima. Navigating the Territory: Art, Avatars and the Contemporary Mediascape é fenomenal.

"It's the electric whisper bleeding from earphones in subway cars, and it's the disarming experience of believing for a minute that the well-dressed guy talking to himself on the street is crazy—until you see his headset. Or it's the zombie dance, visible through the glass enclosure of a video arcade, of two adolescent boys whose virtual adventure is being conducted through their actual movements on a platform in front of a screen. These are the symptoms of a new spatial order: a space in which the virtual and the physical are absolutely coextensive, allowing a person to travel in one direction through sound or image while proceeding elsewhere physically. Imaginative projection is as old as the histories of art, theater, and literature—in other words, as old as humanity itself—but virtuality suggests the sensation of inhabiting such projections bodily. What makes our present moment distinctive is the degree to which devices such as the iPod, the cell phone, and the personal computer allow our bodies to occupy two places at once while, conversely, our physical environments function more and more as mediascapes composed not only of surfaces of print and electronic signage but also of the inhabitable three-dimensional signs of architectural branding.

This experience of straddling two or more locations simultaneously has caused the negotiation of both physical and virtual worlds to become increasingly disembodied, and, as with any cultural shift, this transformation has produced new opportunities for art. "Navigation" now describes how we move, and the term, given its dual associations with sea voyages and Internet surfing, perfectly captures the elision of physicality and virtuality. Beyond generating novel aesthetic responses, the experience of navigable space has led to a reconsideration, both among artists and art historians, of more literally territorial ecologies, particularly those of Land art. What is distinctive in "navigational" art, which encompasses not only Internet art but also much recent painting and sculpture, is not simply the association of virtuality with presence—which is implicit in any site-specific practice—but their confusion. "

continua...

9.8.05

O Tempo na Verbete

Em Junho fui convidada pelo Leonardo Ramadinha a participar da primeira edição da revista de arte online Verbete.

A cada edição, um verbete é escolhido e explorado por artistas, fotógrafos, e etc. Participam desta edição, EU, Patricia Gouvêa, Marco Antonio Portela, João Wesley, Claudia Tavares, Dani Soter, Leonardo Ramadinha, Marcos Bonisson, e muitos outros.

A primeira foi lançada só com convidados mas a próxima edição terá artistas escolhidos através de avaliação de portfolio. Mandem brasa.

Fotolog voltou

Tirei o Loba má da geladeira.

Nos próximos dias, imagens de páginas do meu sketchboook Moleskine que fará parte da exposição My Moleskine em Tokyo, em outubro.

Pra quem ainda não sabe, o Moleskine é o sketchbook mais besta, e da melhor qualidade que eu jamais vi. Vem até com folheto explicativo dizendo como Picasso e Hemingway usavam esses mesmos livrinhos para rabiscar. Recebi uma caixa de moleskines que me bastarão pelos próximos 2 anos, para adicionar mais 10 cadernos aos 25 já existentes feitos nos últimos 12 anos.

Se pudesse viver de fazer meus sketchbooks, o faria. É o meu melhor.

What am i going to do today?

Não gosto muito de video-arte mas tem um vídeo que vi recentemente no Moderna Museet em Estocolmo que não me sai da cabeça. O vídeo ArtMusical de Annika Ström: Artist musical video ca 14 min -1997 interviews with artists in Berlin, New York, and London who are asked to talk about an artist they remember as an upcoming star" or an idol they admired some 5-10 years back and who now is out of the artscene or left it to pursue another interest. Meanwhile an artist (Annika Ström) sings and performes songs about her profession.

A video about fame desire and artist identity.

No vídeo ela cria musiquinhas meio ruinzinhas sobre as crises de artista e as músicas que ela mesmo compõe em um software barato desses só aumenta essa tensão.

Os títulos das músicas são:

What am i going to do today? A photo? A text? A drawing? I know: sing a song! la la la la la la la la
Am i Good or am I Bad?
What shall i do for my next show?
Why ain't i in that show?
Why don't you tell me my art sucks?

Ás vesperas de um semestre cheio de exposições, me sinto exatamente assim. Cheia dessas crises de artista.

Será que a mãe-de-santo resolve?

Triste

O meu melhor amigo e sócio está indo embora amanhã. Este puto é tão foda que entrou no doutorado de literatura latino-americana em Tulane por voto unânime.

E é claro, nem ele nem a blogosfera brasileira jamais esquecerá que fui EU quem incentivou ele a fazer um blog lá pelos idos de 2003 quando ele já estava na crise do casamento e num bloqueio de escritor. Mas também não vou esquecer que foi ELE quem me incentivou a virar consultora de usabilidade e juntos ganharmos nosso tostão em prol da nossas artes.

Sempre fomos comparsas, e apesar de um breve interlúdio de brigas, foi o Alex quem me ensinou a perdoar. Desde então tenho o amigo mais fiel e dedicado que pude imaginar. Não consigo nem começar a enumerar todas as viagens e papos que tivemos nestes últimos 15 anos.

Bem, o que me consola é pelo menos agora eu tenho um poodle infernal para visitar em Nova Orleans.

Boa viagem, Alex. Vou morrer de saudades.

7.7.05

Electronic Frontier Foundation

O site da Electronic Frontier Foundation é mais uma dessas iniciativas open-source das quais sou fã e super-usuário. Não custa nada doar um dinheirinho mínimo para garantir o acesso a milhares de programas que pessoas maravilhosas disponibilizam na rede -- sem custo nenhum!

24.6.05

Nano exposiçao

convido todos os blogueiros cariocas e paulistas a visitarem a Nano-exposição. Idealizada e concebida pelo grupo D>O>C> formado por moi, patricia gouvêa, mauro bandeira, e m.a.portela:


A Galeria Arte em Dobro vai apresentar uma exposição original e inovadora, a partir do dia 25 de junho próximo. Em uma inusitada coletiva de 35 artistas contemporâneos, a nanoexposição propõe uma reflexão sobre o que é ou não visível, uma metáfora em alusão à escala com que trabalha a nanotecnologia, a nova fronteira de desenvolvimento do conhecimento humano, que trabalha com partículas atômicas do tamanho de um bilionésimo do metro.

A principal proposta da exposição está no tamanho escolhido para as obras, o “nano”, infinitamente menor que o “grande” formato de preferência atual da arte contemporânea. A idéia partiu dos artistas Isabel Löfgren, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, e Patrícia Gouvêa, com o objetivo de explorar “um espaço de observação além do visível”. Eles convidaram outros artistas a fazerem esse mesmo exercício, sem impor limites mínimos ou máximos. Mas eles ressaltam que esta “não é uma exposição de miniaturas, mas sim de propor ao espectador a idéia de um outro espaço, outros planos do visível, da reflexão que se forma a partir de um mínimo de informação visual”.

A exposição da Arte em Dobro quer transportar o espectador para um novo espaço de observação, provocando atração e pesquisa, construindo uma forma absolutamente pessoal de leitura para cada uma das obras expostas. Cada uma das obras será acompanhada de uma lupa, para que o espectador possa ver melhor a proposta do artista.

A nanotecnologia é uma ciência de ponta que promete revoluções tão ou mais significativas que as decorrentes do mundo da microeletrônica, dos chips e dos computadores. Os investimentos em pesquisas são colossais. “É a arte de montar a matéria átomo a átomo, permitindo que medidas nanométricas possam produzir nessa escala macro-objetos”, avisam os organizadores da mostra. Eles acrescentam que o “aspecto reduzido dos trabalhos vai suscitar também o jogo lúdico do pequeno objeto portátil, que seduz o colecionador. É o espaço da intimidade e do oculto, cuja potência está em ser decifrado como se fossem símbolos desenhados ou escritos à espera do encantamento da descoberta“.

Isabel Löfgren, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, e Patrícia Gouvêa se unem para formar o Grupo D.O.C. , com o objetivo de articular e promover ações dentro do circuito contemporâneo de artes visuais.

A exposição depois vai ganhar uma itinerância, a convite do artista Walton Hoffmann, em São Paulo, no Paço das Artes, dia 05 de julho, com acréscimo de obras de outros artistas.

19.5.05

O Vermelho e a Vitoria

Há alguns meses, fiz um post lá no Blog de Usabilidade sobre a importância do uso das cores aplicadas ao cotitidiano.

Hoje no Globo:

Estudo: vermelho pode ser a chave para o bom desempenho esportivoReuters

LONDRES - Os touros ficam furiosos com ela, que também indica perigo e está associada a perda de controle, mas nos esportes a cor vermelha parece oferecer uma importante vantagem competitiva aos atletas masculinos.

- Demonstramos, especialmente nos esportes de competição e combate em Olimpíadas, que o vermelho parece conferir uma vantagem às pessoas que o usam - disse Russell Hill, da Universidade de Durham, na Inglaterra, um dos líderes da pesquisa. - Então você tem muito mais ganhadores usando vermelho do que você poderia esperar com base na probabilidade - acrescentou.

Hill e o também pesquisador Robert Barton chegaram à conclusão de que, se dois atletas têm mais ou menos a mesma habilidade, o que se veste de vermelho pode ter uma vantagem definitiva.

Em muitas espécies animais, o vermelho tem forte relação com os níveis de testosterona. Denota a qualidade masculina, o domínio e a competitividade no reino animal, mas a investigação, publicada na revista científica "Nature", é a primeira a investigar seu impacto nos humanos.

Exatamente como o vermelho dá uma vantagem competitiva ao atleta é algo que ainda é desconhecido, mas Hill acredita que a cor poderia produzir um aumento da testosterona no competidor que veste uniforme dessa cor.

- Da mesma forma, poderia afetar algum nível de repressão no seu opositor. Essas duas coisas poderiam funcionar em paralelo - afirmou Hill.

Todos os participantes dos eventos estudados eram homens. Os investigadores duvidam de que o vermelho possa ter o mesmo impacto em atletas femininas, disse o cientista:

- As mulheres não usam essa sinalização vermelha como um distintivo de domínio da mesma forma que os homens. Por isso não previmos necessariamente o mesmo tipo de efeito.

4.5.05

Abraham Palatnik premiado

O artista brasileiro Abraham Palatnik, artista cinético brasileiro, ganhou um Lifetime Achievement Award (um prêmio que americano adora dar para prestigiar a obra de vida de um artista, formato inexistente no Brasil), da Leonardo Foundation. Mais um brasileiro notório vagando por aí!

Leonardo/ISAST is pleased to announce Abraham Palatnik as the recipient of the 2005 Frank J. Malina Leonardo Award for Lifetime Achievement. For over a half century, pioneering Brazilian artist Palatnik has been working at the forefront of "new media," creating a comprehensive body of work inspired by his broad-reaching interests in the arts, sciences and technology. Over the years, Palatnik has continually pushed the limits of innovation, beginning with his motorized light and color machines (termed "cinechromatic" machines by Brazilian critic and theorist Mario Pedrosa) and continuing through many experiments with kinetic art, as well as the creation of several patented inventions.

Sem noçao!

Há poucos dias, foi publicado no New York Times uma crítica de arte sobre o CyberArts Festival de Boston, que é um festival que incorpora exposições e performances feitas por artistas que utilizam a tecnologia como parte integral do trabalho. A crítica de arte Sarah Boxer foi super irônica e detonou tudo o que viu na exposição, agradando aos cínicos que já detonam qualquer arte que não seja Monet, e deixando os artistas do nosso tempo mais desamparados na mídia.

Mas como o pessoal na web não cala a boca nem se pagarem, a reação foi imediata e rolou este excelente artigo de Steve Dietz reagindo à Sra. Sarah Boxer:

(desculpem, vai em inglês mesmo)

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" Since others were discussing the NYT review of the cyberarts festival, i thought i'd post Steve Dietz's response from his blog. He rightly criticizes the author not for a lack of knowledge about interactive art per se, but contemporary art in general.


Art Critic Misses the Big PictureM
It's not that Sarah Boxer is clueless. I don't believe that someone has to "get" interactive art to write about it. Maybe some of the artwork she skewers in her April 26 New York Times review of the Boston Cyberarts Festival, Art That Puts You in the Picture, Like It Or Not, is as "irritating" as she claims it is. What should concern her readers, and even more so her editors, is her apparent lack of perspective about contemporary art. Let us count the ways.

Boxer: Problem No. 1: potty-mouthed machines. "PS," by Gretchen Skogerson and Garth Zeglin at the Stata Center, is an oval mirror with a sign that bids you "lean in close." You do. A voice says, "I like to masturbate in public." Ack. Did anyone else hear that? Can anyone say Seedbed?

For his notorious and influential performance at Sonabend Gallery in 1972, Vito Acconci lay beneath the floorboards of a constructed ramp masturbating while his fantasies about the visitors above him were broadcast over loudspeakers. Ack.


Boxer: Problem No. 2: too much ritual, too little time. "1-Bit Love," by Noah Vawter, is a musical altar, a totem covered in foil and exuding a synthetic rhythm (a one-bit wave form). The pillar has red velvet knobs. People are supposed to lay hands on it and turn the knobs to modulate the sound. No one wants to be the first to paw the idol. And once you do, it's not clear what effect you are having. [emphasis added]

Compare: Nam June Paik, Participation TV, 1963 - 1966[Participation TV I] concerns a purely acoustic-oriented type of , with an integrated microphone. The later version serves a television showing in the middle of its screen a colored bundle of lines which explosively spread out to form bizarre-looking line formations the moment someone speaks into the microphone or produces any other type of sound. Depending on the sound‚s inherent quality or volume, the signals are intensified by a sound-frequency amplifier to produce an endless variety of line formations which never seem to repeat themselves or be in any way predictable. [emphasis added] (via Media Art Net)

Boxer: [P]roblem No. 3: ungraciousness. Machines make no bones about their own flaws, but are unbending about yours.

Let's just stick to photography (another machine art). Gary Winogrand. Diane Arbus. Lee Friedlander. Tina Barney. Lisette Modell. Shelby Lee Adams. Susan Meiselas (Carnival Strippers). Bill Owens. Walker Evans. Bruce Gilden. Nan Goldin, Richard Avedon (The American West). Stop me, please.

Boxer: [P]roblem No. 4: moral superiority. Consider "Applause," by Jeff Lieberman, Josh Lifton, David Merrill and Hayes Raffle. You stoop to enter a curtained booth. (Already you're in the weak position.) There's a movie screen divided into three parts, and in front of each is a microphone. Clap vigorously into one of the microphones and the movie screen in front of it comes to life, playing its movie. Stop clapping and the action grinds to a halt.

Now, wouldn't it be great if you could get all three screens going at once? You can! Just run from mike to mike, clapping in front of all three. Now they're all going! Uh-oh. It's Hitler giving a speech. And there you are clapping like crazy, you idiot.

Compare: Paul McCarthy, Documents(1995-1999). "Selections of 8 x 10 photographs with images of Disneyland and other American pop items and images from Nazi Germany, mounted and framed." (via) You should hear the docents trying to explain that one without making the public feel like idiots.

My point is not that the work at the Cyberarts Festival necessarily compares favorably with these iconic works of contemporary art, but Boxer's reasoning is lazy at best. And yet it is so commmonplace in the mainstream press as to be almost not worth mentioning, except that this hasn't always been true at the Times. To give Boxer credit, she does not fixate on the cost, collectability, or technology of the works, but neither does she provide even the most minimal sense of context, except her own apparent discomfort at being in the picture. This despite almost a half century of contemporary art that does just that from Michelangelo Pistoletto to Bruce Nauman to Dan Graham to Andrea Fraser to Janet Cardiff to ...

I don't know whether to laugh or cry.

++++++

PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA???

Mea Culpa

Será que eu estou ficando tão obcecada com a seriedade da arte contemporânea que eu não consigo detectar quando a galera está apenas zoando?

Foi mal, Horvallis, te entendi mal!

2.5.05

A palavra e a coisa

Recebi um comentário interessante do Horvallis :

Arte contemporânea existe somente como desafio a Foucault que disse que "a palavra cria a coisa" - talvez a "arte contemporânea" seja o único caso em que as palavras não criaram nada !

Regardez, Horvallis, discordo.

O buraco da lingüística na arte contemporânea, ou no pensamento contemporâneo em geral, é um pouco mais abrangente. Além de Foucault, deve-se olhar atentamente as teorias de Roland Barthes, Saussure, Bardiou, Jameson, Derrida, Deleuze, Wittgenstein, até Chomsky e recuando até Heidegger e Hegel. A questão que predomina em todas as linguagens visuais contemporâneas, historicamente a partir dos anos 60, é centrada na transição da forma modernista à estrutura pós-modernista. Dessa transição derivam-se as correntes de pensamento desconstrutivistas e estruturalistas nascidas na França pós-68 e desenvolvidas nos Estados Unidos sob a alcunha de "pós-modernismo".

Em termos muitos gerais, o que esses filósofos estão querendo dizer é que é necessário recorrer à análise da estrutura para de alguma forma tentar definir o "ser" contemporâneo. Não somos mais, nem podemos mais ser, estritamente formais como foram os modernistas em que a essência da pintura, por exemplo, era encontrada na crítica da própria pintura. Ou seja, a pintura era mais pintura porque questionava a si própria e transcendia seus próprios limites. Isso é evidenciado na trajetória da figuração à abstração pura que iniciou com a quebra e o achatamento do plano pictórico cubista até a abstração geométrica total que foi desembocar na arte concreta. Só que o significado da obra de arte só aguentou o esvaziamento até certo ponto pois chegou num beco sem saída, daí vários críticos americanos terem declarado "o fim da pintura". Mas da mesma forma que a natureza sempre encontra uma forma de regeneração, a arte teve que encontrar algum meio de "sobrevivência" pois tudo já tinha sido feito.

Toda essa pesquisa modernista foi desembocar na virada da arte conceitual e na arte minimalista. A arte conceitual quer passar a idéia, em parte fundamentada pela maioria desses pensadores citados acima, de que a arte é mais do que aquilo que se vê. Que a arte pode estar contida dentro de um gesto, de uma ação, de uma idéia e que a obra de arte é como se fosse uma peça que aja como "parteira" para essa idéia, uma testemunha do gesto e da ação, ou evidência de um processo de pensamento. Faz parecer que a arte é uma continuação da vida, e não um objeto alien a ela.

Para entender como "a palavra cria a coisa" é preciso ler 2 textos importantes: o "Arte depois da Filosofia" de Joseph Kosuth, que é o texto sobre arte conceitual mais radical, e o Manifesto Neo-Concreto e Ferreira Gullar. Ambos artistas inclusive fundamentam os textos em suas próprias obras. O Kosuth reduziu tudo à definição de dicionário de dada palavra e estampou isso sobre vidros, querendo tornar a arte o menos palpável possível. O Ferreira Gullar pegou a palavra literalmente e fez com que ela se tornasse a própria obra.

Acabou a aulinha.

E só pra ampliar os horizontes do pessoal, o negócio é o seguinte: arte contemporânea não é só aquela arte hermética e conceitual que você olha e pensa "e daí?". Arte contemporânea não é só feita para confundir o espectador. Existe arte contemporânea de excelente qualidade. E como dizem por aí "beauty is in the eye of the beholder"...