A medicina moderna não deve ter mais o que fazer. Ficam especulando sobre quais alimentos fazem mal à saúde (quase todos até agora), sobre a origem da homossexualidade e, agora, sobre doenças comportamentais de artistas mortos em alguns séculos.
Achar que todo artista tem um parafuso a menos já não é de hoje. Várias pessoas ainda acreditam que artistas são sofredores como Van Gogh ou depressivos como Francis Bacon, ou têm o lado esquerdo do cérebro tão debilitado e deformado que não sabem fazer contas ou exercer tarefas simples do dia-a-dia sem comoção. Agora surgiu uma teoria que Michelangelo era autista em grau severo, e daí a razão para a arte ser o seu "único elo com o mundo", que Goya pintava como pintava porque era caolho, que a miopia de Monet era tão avançada que enxergava tudo embaçado, e que a depressão de Mary Shelley por ter perdido um bebê gerou o romance Frankenstein. Certezas e especulações à parte, certamente um estado mental mais fragilizado ou uma debilidade física faz com que a sensibilidade aflore por outros meios. Mas não creio que isso seja exclusividade dos artistas, só fica muito mais charmoso ser artista com um handicape qualquer. Afinal, uma pessoa normal nunca poderia ser sensível o suficiente para fazer algo de extraordinário, não é mesmo?
Isso é o maior clichê da arte: todo artista é meio maluquinho.
"The character traits they are referring to - obsessional behaviour, fiery temper, propensity to be a loner - could be linked to many artists (...)." ("Os traços de caráter a que eles [os médicos] se referem, como comportamento obsessivo, temperamento ruim e propensidade à solidão, podem ser atribuídos a muitos artistas (...)), e eu adicionaria: psicopatas e fofoqueiros também.
Médicos: vão descobrir vacina pra AIDS! Vão pensar como curar câncer!! Deixem os artistas em paz nas suas doces esquizofrenias!!
Was Michelangelo's artistic genius a symptom of autism?. The Independent.
2.6.04
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