Na mesma linha de espaços e desenhos do tédio, amplamente documentados no meu fotolog, apresento o texto Quem espera sempre espera quem espera. do meu amigo e comparsa tédio-subversivo Substantivo Concreto.
Elas devem chegar à casa do milhão. Não que saibam onde mora o milhão, muito pelo contrário, trabalham em sua maioria para aqueles que não querem saber onde mora a fortuna ou até mesmo a pequena remediação; são pousada momentânea para quem busca abrigo financeiro, estão espalhadas ao redor de avenidas, encimadas por outras, sobre mais algumas. São o monumento à paciência universal, e ainda tem encosto.
Mesmo próximos, seus convivas não imaginam que conversam entre si, trocando informações corriqueiras, ou até mesmo confidenciais sobre a massa muscular que as ocupa. E são muitas por dia: a senhora que não usa roupa de baixo, o Office boy que invariavelmente carrega um cd player no bolso traseiro, a mãe com dois filhos, que colocam os pés sobre o assento, as lágrimas da casa entregue, a raiva do emprego perdido, a indignação do achincalhamento público. A resignação, aguarde seu número senhor, indica o dedo da moça que a sua senha é 618 quando o mostrador não sai do 580.
Até mesmo um chá, com propriedades relaxantes, a sabedoria popular diz poder delas retirar-se. Como no mundo das lendas tudo é sempre mais verdade se contato com exagero, acreditam todos que esperam que o próprio ato em si, é a dose exata desta bebida. Bebem, ainda assim, a própria saliva, esperando eternamente que o vento mude. Esquecendo-se contudo que não são barcos à vela as cadeiras que, invariavelmente, os abriga. São portos, partos, prismas, pistas, pústulas...sua vez senhor....senhor?
Simplesmente genial. Vou te contratar pra escrever o texto do meu catálogo...
6.7.04
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