Abre hoje no CCBB do Rio a exposição "Onde está você, geração 80?", que reavalia a produção dos artistas que participaram do evento Como Vai Você, Geração 80 ?, ocorrido na Escola de Artes Visuais do Parque Lage há 20 anos.
Composta por quase 180 obras, a mostra apresenta a produção dos artistas do movimento de 1984, que valorizaram a diversidade da linguagem aliada à experimentação conceitual, estabelecendo, assim, os fundamentos da ação artística contemporânea.
Ao entrar na primeira sala da exposição, vê-se pinturas de gosto bastante duvidoso, até ruins, como pinturas de jovens constumam ser. Mas não sem energia. O que se vê é um total despudor em relação à arte. Naquela época expunham tudo, em escala gigante, não importava o quê, pintura, colagem, qualquer coisa valia. Depois do rigor conceitual dos anos 70 e com as Diretas Já podia-se mesmo só esperar um certo espírito de libertação nas pessoas, e por consequencia na arte.
Daí isso ter virado um fenômeno mercadológico já é outra história. Os novíssimos artistas daquela época quase só faziam pintura, e não tem coisa melhor para o mercado de arte do que pintura: é valioso e transportável, ao contrário dos trambolhos de instalação e esculturas que se produzem hoje em dia (e que já se produziam naquela época também).
Tá, o espírito era o máximo, mas passei por aquelas salas e percebi pouquíssimos clássicos. Tudo me pareceu muito datado, como se os anos 80 fosse o último suspiro do século 20. Mas talvez tenha achado datado porque sou cria dos anos 90, das crises de representação frente às tecnologias digitais e de produção e distribuição ainda mais massificadas. Politicamente falando, vivemos uma democracia nova com um presidente que, no meio do mandato, já pede desculpas pelo que não fez, com um megalômano chefiando o mundo e com a internet nos tomando tempo e dinheiro, e gerando novos caminhos. Entramos numa era de diálogo intenso entre máquinas.
Sei lá, acho essa geração 80 um pouco naïve, mas não menos forte. Nós hoje somos menos ingênuos, mas muito mais temerosos de tudo. Parece que o mundo nos engoliu, enquanto há 20 anos, eles ainda estavam engolindo o mundo...
13.7.04
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Isabel, eu sou filha da geraçao 80. Digamos que os meus professores e os meus artistas preferidos eram da geraçao 80. A minha geraçao tava naquela transiçao entre a pintura e o objeto, instalaçao. No meio dos anos 90, eu parei lentamente de pintar para fazer historia da arte e acabei fazendo o meu mestrado sobre a geraçao 80 no RS. Gostaria de poder ter visto essa exposiçao. Muitos artistas dessa época ainda estao bastante atuantes, outros sumiram, desapareceram...
ReplyDeleteBeijos
Ana Lucia
http://arte.typepad.com