Se você mora no Rio de Janeiro não deve perder a exposição "Antes" que está no CCBB.
Além da exposição estar linda, mostra uma faceta da pré-história que não aprendemos na escola ou nas faculdades de história da arte porque trata-se da pré-história do Brasil, traçando alguns paralelos com objetos europeus muito similares. Sabe-se que a arte, assim como a história mundial, sempre é contada do ponto de vista do hemisfério norte ocidental. Ok, as cavernas de Lascaux são impressionantes, mas estão na França, e ao mesmo tempo que os australopitecos de lá estavam misturando tinta nas paredes das cavernas de lá, os nossos ancestrais estavam o mesmo aqui.
O que mais me impressionou foram 4 coisas: a Vênus de Willendorf, importada lá da Austria, que representa o sagrado feminino pré-pré-pré-cristão (e é linda!) e dá um paralelo com as estatuetas femininas feitas cá pelos nossos índios, a coleção de muiraquitãs indígenas (amuletos em forma de sapo que as índias amazonas davam ao macho escolhido para procriar mais meninas guerreiras), as urnas funerárias dos índios de muito tempo atrás com um formato pra lá de inusitado, e as texturas e padrões da cerâmica marajoara.
Venus of Willendorf
c. 24,000-22,000 BCE
Oolitic limestone
43/8 inches (11.1 cm) high
(Naturhistorisches Museum, Vienna)
A arte indígena/primitiva brasileira é semelhante à arte africana pois é animista e ritual (tribal). Mas sem aquela conotação vudú que eu senti na exposição da África. Tem uma certa leveza de espírito entre aqueles povos, uma harmonia com a natureza e ao mesmo tempo uma sofisticação delicada ali. Eram povos integrados com o seu meio, não queriam necessariamente transfigurá-lo nem mudar o destino do "outro". Para mim, bateu como uma cultura poética e de aceitação.
A projeção montada com os desenhos das cavernas também são impressionantes, e não ficam nada atrás de Lascaux ou Altamira...Vale a pena sentar e assistir pelo menos 2 vezes. Os desenhos são realmente incríveis....
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