20.9.05

Countdown

dentro de exatas 72 horas estarei inaugurando a minha primeira exposição individual no Rio.

São fotografias de autores conhecidos ou imagens famosas que coletei pelo Google e retrabalhei com um software de criação de mosaicos, o MacOSaix(gratuito). Diferente dos outros softwares de mosaicos o MacOSaix busca as imagens que constituem o mosaico diretamente no Google Images, fazendo com que a imagem se faça em tempo real. O resultado são enormes imagens de importância histórica que, quando retrabalhadas pelo software, reaparecem completamente pixelizadas com milhares de imagenzinhas.

Quem já conhece o meu trabalho sabe que eu tenho tara pelo Google Images. Os meus primeiros trabalhos que vocês podem ver aqui consistiam de imagens resultantes apenas de uma busca específica. Um ano depois, apresento o novo desenvolvimento disso, que se dá com o mesmo processo só que plenamente automatizado e dentro de um contexto mais factível.

Esta exposição me tirou todas as energias vitais e econômicas...pareço com aqueles pintores de outros tempos que queimavam a última cadeira que tinham na casa como lenha para manter a modelo aquecida...Espero que dê tudo certo.

Amanhã, as imagens e a história por trás de cada uma delas e o que fiz com cada uma.

19.9.05

Derrida-da

Achei esse comentário do Horvallis hilário, em resposta ao meu post sobre o situacionismo.

O mais engraçado, é que essas teoria francesas não pegaram aqui, em França.
Elas estão voltando somente agora como moda americana.
Nunca ouvi uma só vez o nome de Derrida quando estudei a arte ! Conheci ele através dos sites americanos !
De fato, acho os livros de Derrida totalmente ilegíveis - o que me faz pensar que os tradutores devem ter feito milagres.


Outro dia me encontrei com uma curadora francesa que ficou muito bem impressionada com a arte contemporânea brasileira. Acho que nós temos um frescor necessário aos tempos de hoje e que os artistas jovens da Europa têm dificuldades de se libertar das tradições, além do fato de que a maioria deles, segundo ela, iniciam os estudos de arte sem nunca ter posto os pés no Louvre. E ela estava falando de alunos de história da arte que vivem em Paris. Acho isso curioso porque é justamente no Brasil, onde temos relativamente pouco acesso a textos em tradução e falta bibliotecas especializadas em arte, que damos maior importância a esse tipo de estudo teórico. Talvez os franceses acham que o Louvre é coisa de turista, ou sendo que está tudo tão acessível, não percebem o valor do patrimônio que têm em mãos... Conheço artistas aqui no Brasil que dariam um braço para ver um Picasso em carne e osso.

É sabido que as teorias francesas tiveram muito melhor aceitação nos Estados Unidos no final dos anos 70 e início dos 80 do que na própria Europa, os textos tendo sido traduzidos e publicados e espalhados feito incêndio na floresta pelos meios acadêmicos e artísticos. Como no meu mestrado o que eu mais leio, pasmem, é sobre teoria da arte européia e americana (nunca me foi recomendado nenhum texto do Mário Pedrosa e o manifesto neo-concreto do Ferreira Gullar passa longe das bibliografias), tenho que ficar muito atenta a o que estes franceses malucos escreveram e como o governo brasileiro me paga um salário de pesquisadora, me sinto na obrigação de absorver tudo isso. Mesmo que seja só para dizer que não passa tudo de uma grande besteira.

Eu adoro ler coisas que eu mal entendo simplesmente pelo esporte de "filosofar", mas depois de um tempo passo a compreender certas questões que adicionam mais camadas ao meu próprio trabalho e quando isso acontece é uma delícia. Não que o trabalho tenha que ser uma ilustração de uma idéia de outra pessoa, longe disso, mas o prazer de saber que o meu trabalho possa ter reverberações fora de mim, ressonâncias com o mundo externo. É bom saber que a gente faz parte de alguma coisa além de si, mesmo que esta coisa seja apenas uma bonita frase perdida em meio a textos complicados. Comecei a ler o Mil Platôs do Deleuze/Guattari e é muito bom. No fundo você tira da filosofia e/ou teoria o que você precisar. Ou joga tudo fora e dá uma bela de uma banana.

It's up to you.

6.9.05

Encontraram o Oliver

O Oliver, cão do melhor amigo, teve que ser deixado para trás em Nova Orleans na semana passada por conta do furacão.
Ontem encontraram ele, um pouco fracote mas vivo. Alex conseguiu se refugiar na casa da própria irmã na California, e o Oliver parece que será levado para Washington D.C.

Acompanhe a saga de Alexandre, aluno de pós-graduação recém-chegado a Nova Orleans em agosto, a sua peregrinação pelos Estados Unidos, do Mississippi à California, e como conseguiu resgatar o seu cachorro, deixado lá.

Parabéns Alex.

22.8.05

Situacionismo

Geralmente eu saio das aulas do mestrado em arte completamente confusa com tanto Derrida à minha volta explicando a différence da différance, a importância da legenda na obra de arte e outros esoterismos afins. Na última aula particularmente, o professor mencionou tantos textos que abri uma página do meu caderno só com a bibliografia de 25 textos mencionados dos quais eu nem sabia da existência. Chamem-me de ignorante, mas eu não tinha idéia de quem era o Guy Debord, nem o que era o Situacionismo Internacional, que de cara me deu a sensação de ser um movimento estudantil anarquista filosófico francês dos anos 60.

Acertei.

Fora o Guy Debord também ter sido acometido pela onda de suicídio na intelectualidade francesa, como o Gilles Deleuze, (o Derrida conseguiu morrer antes de se suicidar, foi se desconstruindo aos poucos), achei a Sociedade do Espetáculo bem interessante. Prega a desordem e o anarquismo total. Importante no tempo em que atuavam, dos anos 60 até 72.

Como todo movimento de arte do século 20, pretendia destruir o status-quo da arte e inseri-la em um novo contexto. Segundo o grupo Situacionista a intenção era não criar quase nenhuma distinção entre arte e vida cotidiana. Eles diziam: ou a arte é revolucionária ou ela não é nada. Isso se traduz em termos práticos em ações (que hoje chamam loosely de "performances", mais ou menos) artísticas que de alguma forma perturbam a ordem e o andar normal da cidade ou de dada situação a priori, por exemplo; uma obra que depende de um contexto maior do que o contexto apenas pessoal para acontecer, que precisa de uma situação para ser ativada, que precisa ativar agentes externos para daí extrair significado para si. Tipo, tipo assim, tipo....pensa em qualquer obra de arte que vocês não consideram arte e é isso mesmo.

Parece lugar-comum hoje, mas esse movimento acabou influenciando diretamente ou indiretamente grande parte das "revoluções" estílisticas que se refletem na arte contemporânea hoje....peraí....será? Todas as teorias francesas tendem a querer ser superiores às outras, oferecendo uma visão de mundo completa qual quer que seja a orientação. Não sei se sou situacionista, desconstrutivista, estruturalista ou fenomenológica. O fato é que essas intelectualidades francesas penetraram nos estados unidos e tornou-se quase dominante nos estudos culturais (arte, mídia, etc...) nas universidades, salvo alguns alemães que continuaram a majestade alemã nesse....etcetera, etcetera, etcetera.

Cansei de explicar. Rafael tinha razão, vcs devem estar batendo cabeça se leram até aqui...

Esse ensaiozinho sacaneta enchendo o saco dos situacionistas deve elucidar sobre a questão. Enfim um pouco de senso de humor nessas teorias.

How to talk like a Situationist

by Anonymous

1. Learn French. No self-respecting situationist would dream of not knowing it.

2. Always use the most obscure language possible. Get lots of big scholarly words from a dictionary and use them often.
Poor: "Things are bad."
Better: "The formative mechanism of culture amounts to a reification of human activities which fixates the living and models the transmission of experience from one generation to another on the transmission of commodities; a reification which strives to ensure the past's domination over the future."

3. In particular, the words "boredom" (as in "there's nothing they won't do to raise the standard of boredom"), "poverty" (of the university, of art), and "pleasure" are important tools in the young situationist's kit, and use of them will greatly enhance your standing in the situationist community.

4. Make frequent reference to seventy year-old art movements like Dada and Surrealism. Work the subject into your conversations as often as possible, however irrelevant.

5. Vehemently attack "The University" and "Art" whenever possible (phrases like "the scrap-heap of Art" or "the stench of Art" are particularly effective). Attend as prestigious a school as possible and make sure your circle of friends contains no less than 85% artists.

6. Cultivate a conceit and self-importance bordering on megalomania. Take credit for spontaneous uprisings in far-flung corners of the world, sneer at those who oppose or disagree with you.

7. Denounce and exclude people often. Keep your group very small and exclusive -- but take it for granted that every man, woman, and child in the Western Hemisphere is intimately familiar with your work, even if no more than ten people actually are.

8. Detournement: Cut a comic strip out of the paper (serious strips like 'Terry and the Pirates' and 'Mary Worth' are preferred), and change the dialogue. Use lots of situationist language. What fun!

9. Use Marxian reverse-talk. This is a sure-fire way of alerting people to the fact that you are a situationist or are eager to become one: "the irrationality of the spectacle spectacularises rationality," "separate production as production of the separate."

10. Invoke "the proletariat," factories, and other blue-collar imagery as often as possible, but do not under any circumstances asociate with or work with real proletarians. (Some acceptable situationist jobs are: student, professor, artist.)

11. By all means avoid such repugnant proletarian accoutrements as: novelty baseball hats, rock group T-shirts, 'Garfield' or 'Snoopy' posters (no matter how "political"), and vulgar American cigarettes like 'Kent' or 'Tareyton'.

Situacionismo

Geralmente eu saio das aulas do mestrado em arte completamente confusa com tanto Derrida à minha volta explicando a différence da différance, a importância da legenda na obra de arte e outros esoterismos afins. Na última aula particularmente, o professor mencionou tantos textos que abri uma página do meu caderno só com a bibliografia de 25 textos mencionados dos quais eu nem sabia da existência. Chamem-me de ignorante, mas eu não tinha idéia de quem era o Guy Debord, nem o que era o Situacionismo Internacional, que de cara me deu a sensação de ser um movimento estudantil anarquista filosófico francês dos anos 60.

Acertei.

Fora o Guy Debord também ter sido acometido pela onda de suicídio na intelectualidade francesa, como o Gilles Deleuze, (o Derrida conseguiu morrer antes de se suicidar, foi se desconstruindo aos poucos), achei a Sociedade do Espetáculo bem interessante. Prega a desordem e o anarquismo total. Importante no tempo em que atuavam, dos anos 60 até 72.

Como todo movimento de arte do século 20, pretendia destruir o status-quo da arte e inseri-la em um novo contexto. Segundo o grupo Situacionista a intenção era não criar quase nenhuma distinção entre arte e vida cotidiana. Eles diziam: ou a arte é revolucionária ou ela não é nada. Isso se traduz em termos práticos em ações (que hoje chamam loosely de "performances", mais ou menos) artísticas que de alguma forma perturbam a ordem e o andar normal da cidade ou de dada situação a priori, por exemplo; uma obra que depende de um contexto maior do que o contexto apenas pessoal para acontecer, que precisa de uma situação para ser ativada, que precisa ativar agentes externos para daí extrair significado para si. Tipo, tipo assim, tipo....pensa em qualquer obra de arte que vocês não consideram arte e é isso mesmo.

Parece lugar-comum hoje, mas esse movimento acabou influenciando diretamente ou indiretamente grande parte das "revoluções" estílisticas que se refletem na arte contemporânea hoje....peraí....será? Todas as teorias francesas tendem a querer ser superiores às outras, oferecendo uma visão de mundo completa qual quer que seja a orientação. Não sei se sou situacionista, desconstrutivista, estruturalista ou fenomenológica. O fato é que essas intelectualidades francesas penetraram nos estados unidos e tornou-se quase dominante nos estudos culturais (arte, mídia, etc...) nas universidades, salvo alguns alemães que continuaram a majestade alemã nesse....etcetera, etcetera, etcetera.

Cansei de explicar. Rafael tinha razão, vcs devem estar batendo cabeça se leram até aqui...

Esse ensaiozinho sacaneta enchendo o saco dos situacionistas deve elucidar sobre a questão. Enfim um pouco de senso de humor nessas teorias.

How to talk like a Situationist

by Anonymous

1. Learn French. No self-respecting situationist would dream of not knowing it.

2. Always use the most obscure language possible. Get lots of big scholarly words from a dictionary and use them often.
Poor: "Things are bad."
Better: "The formative mechanism of culture amounts to a reification of human activities which fixates the living and models the transmission of experience from one generation to another on the transmission of commodities; a reification which strives to ensure the past's domination over the future."

3. In particular, the words "boredom" (as in "there's nothing they won't do to raise the standard of boredom"), "poverty" (of the university, of art), and "pleasure" are important tools in the young situationist's kit, and use of them will greatly enhance your standing in the situationist community.

4. Make frequent reference to seventy year-old art movements like Dada and Surrealism. Work the subject into your conversations as often as possible, however irrelevant.

5. Vehemently attack "The University" and "Art" whenever possible (phrases like "the scrap-heap of Art" or "the stench of Art" are particularly effective). Attend as prestigious a school as possible and make sure your circle of friends contains no less than 85% artists.

6. Cultivate a conceit and self-importance bordering on megalomania. Take credit for spontaneous uprisings in far-flung corners of the world, sneer at those who oppose or disagree with you.

7. Denounce and exclude people often. Keep your group very small and exclusive -- but take it for granted that every man, woman, and child in the Western Hemisphere is intimately familiar with your work, even if no more than ten people actually are.

8. Detournement: Cut a comic strip out of the paper (serious strips like 'Terry and the Pirates' and 'Mary Worth' are preferred), and change the dialogue. Use lots of situationist language. What fun!

9. Use Marxian reverse-talk. This is a sure-fire way of alerting people to the fact that you are a situationist or are eager to become one: "the irrationality of the spectacle spectacularises rationality," "separate production as production of the separate."

10. Invoke "the proletariat," factories, and other blue-collar imagery as often as possible, but do not under any circumstances asociate with or work with real proletarians. (Some acceptable situationist jobs are: student, professor, artist.)

11. By all means avoid such repugnant proletarian accoutrements as: novelty baseball hats, rock group T-shirts, 'Garfield' or 'Snoopy' posters (no matter how "political"), and vulgar American cigarettes like 'Kent' or 'Tareyton'.

A arte dos blogs

Todo dia navego essa internet inteira atrás de novos projetos e novas fontes de informação e principalmente atrás de imagens que posso roubar. Quem me conhece sabe que sou ladra de imagens de carteirinha. Na maior parte do tempo caio em blogs de artistas ou meta-blogs que procuram juntar esse povo todo que usa o blog como obra de arte, ou como cano de escape para poesias reprimidas. De qualquer maneira, a noção de blog como forma de arte já está começando a se sedimentar de forma que tornou-se fundamental a criação desses blogs que abrigam links para os blogs-arte, e que no fundo, são uma obra de arte em si.

Blog Art
Este está meio parado por enquanto, mas os arquivos valem a pena.

O ¿Blog? project acts (is envisioned to act) as a platform for an open discussion on the topic and as a pool for submitting works. No-org.net invites submissions of art projects making use of blog as a tool, subject, or both as well as texts investigating the blog-art interplay in a broad sense.

21.8.05

ø

Meu querido Rafael Galvão,

Sabendo que você é apenas um paraíba (sic.), gostaria de comentar sobre a minha passagem no seu Diário do Rio, aliás, post longo e demasiado interessante, que eu, como mera descendente de holandeses( a despeito de meus tamancos), tive o prazer de ler, e encontrar o meu nomezinho lá, além de poder refrescar a memória de uma noite realmente inesquecível com fellow blogueiros que leio frequentemente.

Eu sei que o Rafael é um rapaz modesto porém ferino nas palavras ainda que adocicado por um melodioso falar matogrossense. Tive o imenso prazer de sentar ao seu lado no Amarelinho, reduto áureo da boemia do centro carioca e lugar definitivo dos encontros bloguísticos cariocas. Mas não sei se é porque blogueiro passa muito tempo no computador, mas eu nunca vi tanto homem, assim dizendo em bom norueguês...nø øssø. Eu sei que não existe uma lapona em cada esquina do Rio de Janeiro, muito menos em Maceió onde vive o nosso ilustre blogueiro supra-mencionado linhas acima, mas juro que fiquei impressionada, como toda boa filha de belgas ficaria...

Citando o post do nosso amigo piauiense em itálico e costurando no meio de suas distintas palavras:

Enquanto eu olhava para a língua tripartida do Bia,

...aliás, süper sexy....

a Isabel apareceu.

essa sou eu!

A Isabel tem cara de sueca mandona.

Até aí, gostei. Enquanto a Carol empunhava aquele chicotinho no Amarelinho, eu a observava e pensava -- será que ela sabe usar isso tão bem quanto eu? Até porque ninguém sabe que me chamam por aí de Loba Má.

Como para mim sueca e alemã é a mesma coisa,

...e para mim baiano, sergipano, e boliviano é tudo paraíba sem pescoço e inguenorante,

a Isabel tem cara de guarda feminina de campo de concentração nazista.

e você queria ter sido um judeuzinho sob minha tutela, não é, malvadinho?

Meu tipo, minha tara inconfessável.

Coisa de quem leu muita revistinha pornô sueca na adolescência. Quantas vezes eu já tive que ouvir isso e aguentar pelo menos 5 minutos de conversa com o cara olhando pra mim meio babando e fazendo flashback mental das fotos pornôs na cabeça, achando que toda sueca é ninfomaníaca. A cantada que geralmente segue dá pena e nem vale a pena comentar. Sem falar no comentário-clichê-de-quem-não-tem-nada-mais-o-que-dizer: "tem muito suicídio na suécia, né?". seguida da típica pergunta: "como é a vida em genebra?" É como se eu tivesse perguntado se a capital do brasil era buenos aires, se os macacos de estimação brasileiros sentam-se à mesa com os donos, e que horror viver em um país em que crianças são chacinadas todos os dias nas praias de ipanema.

Mas ela é artista, e todo artista fala umas coisas esquisitas e sempre mete Derrida no meio

Derri-who?

, e eu não entendi lhufas do que ela falou.

até que eu me lembre era português o idioma da conversa. não é isso que falam lá na sua cidade natal de Palmas?

Ela falava e eu fazia "hum-hum" e tentava passar uma imagem de inteligente: a gente faz uma cara de quem não está entendendo porra nenhuma e balança a cabeça, assim como se tivesse Parkinson. Não colou.

Eu achei mesmo que você tinha um tique estranho, rapaz. Agora entendi!

Tenho que ensaiar mais.

Tenta abrir um blog. Talvez funcione.

Perdi duas horas dando em cima dela. Passava a mão na sua coxa e ela me dava um toco. Passava a mão no seu braço e ela virava a mão no meu nariz. Passava a mão nos seus cabelos e ela derramava um copo de chope em cima de mim. Ainda não tenho certeza, mas algo me diz que a Isabel não foi com a minha cara.

Francamente, depois de você me chamar de nazista, você acha que tem alguma chance?

Excelente Artigo

Hoje, através do Alexandre Sá (quando eu achar o link do blog dele eu coloco [lindas poesias]), colega de mestrado na UFRJ, um artigo do Folha Mais! (não sou assinante do Uol, portanto não tenho link)


São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005
UM TEXTO SEM FIM

DA REDAÇÃO
A seguir, o professor do Museu Nacional explica como o projeto de um livro que já acumulava 600 páginas escritas se transformou num texto coletivo abrigado numa página da internet -num modelo de colaboração que, segundo ele, reflete melhor a criação acadêmica. "Toda produção intelectual é um processo em que se passa 95% do tempo falando a partir do que outros falaram."

Quem entra na página pode ler e, se quiser, modificar o texto livremente para, por sua vez, ter sua própria modificação também modificada, aceita ou rejeitada.
A obra de múltipla autoria funciona, ainda experimentalmente, há cerca de três meses -e conta com a colaboração de um grupo crescente de cientistas sociais- a partir do "texto-piloto", um dos capítulos do livro de autoria individual que se chamaria "A Onça e a Diferença".
 
Folha- Por quê transpor a obra para a internet?

Eduardo Viveiros de Castro - Já estou arrastando o rascunho desse livro desde quando publiquei o primeiro, em 2002. Comecei então a escrever a monografia sobre o perspectivismo, "A Onça e a Diferença", uma brincadeira com a aliteração sonora e com o conceito do [filósofo francês Jacques] Derrida "différance", que é difícil de traduzir e que já brinquei que, em tupinambá, seria "diferonça". Comecei a acumular anotações, notas e textos de conferências, citações e referências, criando um palimpsesto de 600 páginas, que eu não tinha coragem de arrumar e botar na rua. Foi quando tive a idéia de, em vez de publicar mais um livro solo, fazer um texto que refletisse melhor seu próprio regime de produção.
Toda produção intelectual, na verdade, é um processo em que se passa 95% do tempo falando a partir do que outros falaram, sejam os índios com quem conversamos, sejam colegas que escreveram. É uma situação borgeana em que se está sempre dentro de bibliotecas, escritas ou orais. Isso, na verdade, não aparece muito nos textos, por mais que o autor saiba disso. Os livros são autorados por uma única pessoa, têm começo e fim físicos, e fica por aí.

Quando comecei a acompanhar essas mudanças no regime de produção e de autoração e de apropriação intelectual usando os meios eletrônicos, comecei a divisar a possibilidade de que o regime coletivo que já existe fosse mais explicitado, num "livro" que fosse escrito por muitas pessoas ao mesmo tempo.

Uso uma dessas novas ferramentas, o "wiki", que é um tipo de website em que toda pessoa que acessa pode mudar o conteúdo do que lê e todas as outras pessoas que acessam podem ver essa modificação. Assim, não sou mais só eu que escrevo e não preciso colocar um ponto final. Todo livro tem como aspecto, por assim dizer, triste o fato de ser uma obra fechada, que uma vez publicada não pode incorporar a reação das pessoas.

Um texto eletrônico colaborativo está sempre sendo reeditado a partir das reações que ele suscita nas pessoas que vão entrando e que acabam assumindo um pouco da autoria também. Esse texto também é perspectivista, já que está interessado em como as diferentes perspectivas se conectam nesse processo de autoria múltipla. Decidi assim deixar o livro na geladeira por um tempo e iniciar um objeto em que minha participação é uma entre outras. Parafraseando a idéia indígena de que, se tudo é humano, então o ser humano não é tão especial assim, eu diria que então, se todos são autores, o autor não é tão especial assim. Especial é o texto.

Folha - As modificações ficam marcadas ou tudo se incorpora?

Viveiros de Castro - O princípio do "wiki" é de que é muito fácil modificar o que se lê, é fácil acrescentar textos mas também é muito fácil tirar. É fácil entrar e é fácil sair. É fácil também identificar quem mudou o quê, saber quem escreveu isso, aquilo. De alguma maneira as modificações são julgadas pelo resto da comunidade, essa multiplicidade virtual das pessoas que entram. Se as pessoas acham a modificação correta, ela vai ficando. Se elas acham ela inútil, ou nociva, vai ser retirada por alguém, que não precisa ser o administrador.

Folha - E quando isso começou?

Viveiros de Castro-Tem pouco tempo, dois ou três meses. As pessoas são tímidas -felizmente. São muito mais gentis e respeitadoras do texto alheio do que a gente imagina, mas aos poucos a coisa está embalando, e meu próprio aporte inicial vai se diluindo num palimpsesto de aportes, se tornando um texto de fato com multiplicidade autoral.

Folha - Dessas 600 páginas de seu aporte, quanto já entrou? Há um planejamento de como vai ser feita sua contribuição?

Viveiros de Castro - Tem pouca coisa. Por enquanto ainda tem muito a minha cara, por questões históricas, a maior parte dos textos que estão lá dentro fui eu que escrevi, mas cada vez tem mais gente participando e em algum momento indefinível vai ter virado um autor múltiplo.

Coloquei até agora um capítulo, de 30 a 40 páginas, daquele grande rascunho de 600. Minha idéia é ir inserindo pouco a pouco, mas sem me arriscar a prever uma velocidade, um ritmo.

18.8.05

Wi-Fi Art

Assim que uma nova tecnologia se torna predominante, lá vem um monte de artistas com idéias malucas e blogs também.

O Wi-Fi Art Blog apresenta uma série de projetos bem interessantes que utilizam a conexão Wi-Fi como meio de executar projetos de arte.

Isto também nos faz repensar o que é uma obra de arte em uma época em que as tecnologias são tão rápidas e sofisticadas, e também uma época em que o número de artistas se multiplica na mesma velocidade, assim como os tipos de arte.

Já que não podemos escapar da informação, e nem mesmo podemos parar de produzir informação, a questão torna-se como usar essa informação algo de poético que possa ser tão revelador quanto a arte que estamos acostumados a designar como "arte".

É claro, existem zilhões de bobagens, mas as poucas boas idéias são fascinantes.

10.8.05

Otimo artigo

Eu sei que ler Artforum é coisa de artista wannabe, mas, fora os intermináveis anúncios das galerias, os artigos são excelentes. Este artigo do David Joselit é simplesmente uma obra-prima. Navigating the Territory: Art, Avatars and the Contemporary Mediascape é fenomenal.

"It's the electric whisper bleeding from earphones in subway cars, and it's the disarming experience of believing for a minute that the well-dressed guy talking to himself on the street is crazy—until you see his headset. Or it's the zombie dance, visible through the glass enclosure of a video arcade, of two adolescent boys whose virtual adventure is being conducted through their actual movements on a platform in front of a screen. These are the symptoms of a new spatial order: a space in which the virtual and the physical are absolutely coextensive, allowing a person to travel in one direction through sound or image while proceeding elsewhere physically. Imaginative projection is as old as the histories of art, theater, and literature—in other words, as old as humanity itself—but virtuality suggests the sensation of inhabiting such projections bodily. What makes our present moment distinctive is the degree to which devices such as the iPod, the cell phone, and the personal computer allow our bodies to occupy two places at once while, conversely, our physical environments function more and more as mediascapes composed not only of surfaces of print and electronic signage but also of the inhabitable three-dimensional signs of architectural branding.

This experience of straddling two or more locations simultaneously has caused the negotiation of both physical and virtual worlds to become increasingly disembodied, and, as with any cultural shift, this transformation has produced new opportunities for art. "Navigation" now describes how we move, and the term, given its dual associations with sea voyages and Internet surfing, perfectly captures the elision of physicality and virtuality. Beyond generating novel aesthetic responses, the experience of navigable space has led to a reconsideration, both among artists and art historians, of more literally territorial ecologies, particularly those of Land art. What is distinctive in "navigational" art, which encompasses not only Internet art but also much recent painting and sculpture, is not simply the association of virtuality with presence—which is implicit in any site-specific practice—but their confusion. "

continua...

9.8.05

O Tempo na Verbete

Em Junho fui convidada pelo Leonardo Ramadinha a participar da primeira edição da revista de arte online Verbete.

A cada edição, um verbete é escolhido e explorado por artistas, fotógrafos, e etc. Participam desta edição, EU, Patricia Gouvêa, Marco Antonio Portela, João Wesley, Claudia Tavares, Dani Soter, Leonardo Ramadinha, Marcos Bonisson, e muitos outros.

A primeira foi lançada só com convidados mas a próxima edição terá artistas escolhidos através de avaliação de portfolio. Mandem brasa.

Fotolog voltou

Tirei o Loba má da geladeira.

Nos próximos dias, imagens de páginas do meu sketchboook Moleskine que fará parte da exposição My Moleskine em Tokyo, em outubro.

Pra quem ainda não sabe, o Moleskine é o sketchbook mais besta, e da melhor qualidade que eu jamais vi. Vem até com folheto explicativo dizendo como Picasso e Hemingway usavam esses mesmos livrinhos para rabiscar. Recebi uma caixa de moleskines que me bastarão pelos próximos 2 anos, para adicionar mais 10 cadernos aos 25 já existentes feitos nos últimos 12 anos.

Se pudesse viver de fazer meus sketchbooks, o faria. É o meu melhor.

What am i going to do today?

Não gosto muito de video-arte mas tem um vídeo que vi recentemente no Moderna Museet em Estocolmo que não me sai da cabeça. O vídeo ArtMusical de Annika Ström: Artist musical video ca 14 min -1997 interviews with artists in Berlin, New York, and London who are asked to talk about an artist they remember as an upcoming star" or an idol they admired some 5-10 years back and who now is out of the artscene or left it to pursue another interest. Meanwhile an artist (Annika Ström) sings and performes songs about her profession.

A video about fame desire and artist identity.

No vídeo ela cria musiquinhas meio ruinzinhas sobre as crises de artista e as músicas que ela mesmo compõe em um software barato desses só aumenta essa tensão.

Os títulos das músicas são:

What am i going to do today? A photo? A text? A drawing? I know: sing a song! la la la la la la la la
Am i Good or am I Bad?
What shall i do for my next show?
Why ain't i in that show?
Why don't you tell me my art sucks?

Ás vesperas de um semestre cheio de exposições, me sinto exatamente assim. Cheia dessas crises de artista.

Será que a mãe-de-santo resolve?

Triste

O meu melhor amigo e sócio está indo embora amanhã. Este puto é tão foda que entrou no doutorado de literatura latino-americana em Tulane por voto unânime.

E é claro, nem ele nem a blogosfera brasileira jamais esquecerá que fui EU quem incentivou ele a fazer um blog lá pelos idos de 2003 quando ele já estava na crise do casamento e num bloqueio de escritor. Mas também não vou esquecer que foi ELE quem me incentivou a virar consultora de usabilidade e juntos ganharmos nosso tostão em prol da nossas artes.

Sempre fomos comparsas, e apesar de um breve interlúdio de brigas, foi o Alex quem me ensinou a perdoar. Desde então tenho o amigo mais fiel e dedicado que pude imaginar. Não consigo nem começar a enumerar todas as viagens e papos que tivemos nestes últimos 15 anos.

Bem, o que me consola é pelo menos agora eu tenho um poodle infernal para visitar em Nova Orleans.

Boa viagem, Alex. Vou morrer de saudades.

7.7.05

Electronic Frontier Foundation

O site da Electronic Frontier Foundation é mais uma dessas iniciativas open-source das quais sou fã e super-usuário. Não custa nada doar um dinheirinho mínimo para garantir o acesso a milhares de programas que pessoas maravilhosas disponibilizam na rede -- sem custo nenhum!

24.6.05

Nano exposiçao

convido todos os blogueiros cariocas e paulistas a visitarem a Nano-exposição. Idealizada e concebida pelo grupo D>O>C> formado por moi, patricia gouvêa, mauro bandeira, e m.a.portela:


A Galeria Arte em Dobro vai apresentar uma exposição original e inovadora, a partir do dia 25 de junho próximo. Em uma inusitada coletiva de 35 artistas contemporâneos, a nanoexposição propõe uma reflexão sobre o que é ou não visível, uma metáfora em alusão à escala com que trabalha a nanotecnologia, a nova fronteira de desenvolvimento do conhecimento humano, que trabalha com partículas atômicas do tamanho de um bilionésimo do metro.

A principal proposta da exposição está no tamanho escolhido para as obras, o “nano”, infinitamente menor que o “grande” formato de preferência atual da arte contemporânea. A idéia partiu dos artistas Isabel Löfgren, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, e Patrícia Gouvêa, com o objetivo de explorar “um espaço de observação além do visível”. Eles convidaram outros artistas a fazerem esse mesmo exercício, sem impor limites mínimos ou máximos. Mas eles ressaltam que esta “não é uma exposição de miniaturas, mas sim de propor ao espectador a idéia de um outro espaço, outros planos do visível, da reflexão que se forma a partir de um mínimo de informação visual”.

A exposição da Arte em Dobro quer transportar o espectador para um novo espaço de observação, provocando atração e pesquisa, construindo uma forma absolutamente pessoal de leitura para cada uma das obras expostas. Cada uma das obras será acompanhada de uma lupa, para que o espectador possa ver melhor a proposta do artista.

A nanotecnologia é uma ciência de ponta que promete revoluções tão ou mais significativas que as decorrentes do mundo da microeletrônica, dos chips e dos computadores. Os investimentos em pesquisas são colossais. “É a arte de montar a matéria átomo a átomo, permitindo que medidas nanométricas possam produzir nessa escala macro-objetos”, avisam os organizadores da mostra. Eles acrescentam que o “aspecto reduzido dos trabalhos vai suscitar também o jogo lúdico do pequeno objeto portátil, que seduz o colecionador. É o espaço da intimidade e do oculto, cuja potência está em ser decifrado como se fossem símbolos desenhados ou escritos à espera do encantamento da descoberta“.

Isabel Löfgren, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, e Patrícia Gouvêa se unem para formar o Grupo D.O.C. , com o objetivo de articular e promover ações dentro do circuito contemporâneo de artes visuais.

A exposição depois vai ganhar uma itinerância, a convite do artista Walton Hoffmann, em São Paulo, no Paço das Artes, dia 05 de julho, com acréscimo de obras de outros artistas.

19.5.05

O Vermelho e a Vitoria

Há alguns meses, fiz um post lá no Blog de Usabilidade sobre a importância do uso das cores aplicadas ao cotitidiano.

Hoje no Globo:

Estudo: vermelho pode ser a chave para o bom desempenho esportivoReuters

LONDRES - Os touros ficam furiosos com ela, que também indica perigo e está associada a perda de controle, mas nos esportes a cor vermelha parece oferecer uma importante vantagem competitiva aos atletas masculinos.

- Demonstramos, especialmente nos esportes de competição e combate em Olimpíadas, que o vermelho parece conferir uma vantagem às pessoas que o usam - disse Russell Hill, da Universidade de Durham, na Inglaterra, um dos líderes da pesquisa. - Então você tem muito mais ganhadores usando vermelho do que você poderia esperar com base na probabilidade - acrescentou.

Hill e o também pesquisador Robert Barton chegaram à conclusão de que, se dois atletas têm mais ou menos a mesma habilidade, o que se veste de vermelho pode ter uma vantagem definitiva.

Em muitas espécies animais, o vermelho tem forte relação com os níveis de testosterona. Denota a qualidade masculina, o domínio e a competitividade no reino animal, mas a investigação, publicada na revista científica "Nature", é a primeira a investigar seu impacto nos humanos.

Exatamente como o vermelho dá uma vantagem competitiva ao atleta é algo que ainda é desconhecido, mas Hill acredita que a cor poderia produzir um aumento da testosterona no competidor que veste uniforme dessa cor.

- Da mesma forma, poderia afetar algum nível de repressão no seu opositor. Essas duas coisas poderiam funcionar em paralelo - afirmou Hill.

Todos os participantes dos eventos estudados eram homens. Os investigadores duvidam de que o vermelho possa ter o mesmo impacto em atletas femininas, disse o cientista:

- As mulheres não usam essa sinalização vermelha como um distintivo de domínio da mesma forma que os homens. Por isso não previmos necessariamente o mesmo tipo de efeito.

4.5.05

Abraham Palatnik premiado

O artista brasileiro Abraham Palatnik, artista cinético brasileiro, ganhou um Lifetime Achievement Award (um prêmio que americano adora dar para prestigiar a obra de vida de um artista, formato inexistente no Brasil), da Leonardo Foundation. Mais um brasileiro notório vagando por aí!

Leonardo/ISAST is pleased to announce Abraham Palatnik as the recipient of the 2005 Frank J. Malina Leonardo Award for Lifetime Achievement. For over a half century, pioneering Brazilian artist Palatnik has been working at the forefront of "new media," creating a comprehensive body of work inspired by his broad-reaching interests in the arts, sciences and technology. Over the years, Palatnik has continually pushed the limits of innovation, beginning with his motorized light and color machines (termed "cinechromatic" machines by Brazilian critic and theorist Mario Pedrosa) and continuing through many experiments with kinetic art, as well as the creation of several patented inventions.

Sem noçao!

Há poucos dias, foi publicado no New York Times uma crítica de arte sobre o CyberArts Festival de Boston, que é um festival que incorpora exposições e performances feitas por artistas que utilizam a tecnologia como parte integral do trabalho. A crítica de arte Sarah Boxer foi super irônica e detonou tudo o que viu na exposição, agradando aos cínicos que já detonam qualquer arte que não seja Monet, e deixando os artistas do nosso tempo mais desamparados na mídia.

Mas como o pessoal na web não cala a boca nem se pagarem, a reação foi imediata e rolou este excelente artigo de Steve Dietz reagindo à Sra. Sarah Boxer:

(desculpem, vai em inglês mesmo)

+++++

" Since others were discussing the NYT review of the cyberarts festival, i thought i'd post Steve Dietz's response from his blog. He rightly criticizes the author not for a lack of knowledge about interactive art per se, but contemporary art in general.


Art Critic Misses the Big PictureM
It's not that Sarah Boxer is clueless. I don't believe that someone has to "get" interactive art to write about it. Maybe some of the artwork she skewers in her April 26 New York Times review of the Boston Cyberarts Festival, Art That Puts You in the Picture, Like It Or Not, is as "irritating" as she claims it is. What should concern her readers, and even more so her editors, is her apparent lack of perspective about contemporary art. Let us count the ways.

Boxer: Problem No. 1: potty-mouthed machines. "PS," by Gretchen Skogerson and Garth Zeglin at the Stata Center, is an oval mirror with a sign that bids you "lean in close." You do. A voice says, "I like to masturbate in public." Ack. Did anyone else hear that? Can anyone say Seedbed?

For his notorious and influential performance at Sonabend Gallery in 1972, Vito Acconci lay beneath the floorboards of a constructed ramp masturbating while his fantasies about the visitors above him were broadcast over loudspeakers. Ack.


Boxer: Problem No. 2: too much ritual, too little time. "1-Bit Love," by Noah Vawter, is a musical altar, a totem covered in foil and exuding a synthetic rhythm (a one-bit wave form). The pillar has red velvet knobs. People are supposed to lay hands on it and turn the knobs to modulate the sound. No one wants to be the first to paw the idol. And once you do, it's not clear what effect you are having. [emphasis added]

Compare: Nam June Paik, Participation TV, 1963 - 1966[Participation TV I] concerns a purely acoustic-oriented type of , with an integrated microphone. The later version serves a television showing in the middle of its screen a colored bundle of lines which explosively spread out to form bizarre-looking line formations the moment someone speaks into the microphone or produces any other type of sound. Depending on the sound‚s inherent quality or volume, the signals are intensified by a sound-frequency amplifier to produce an endless variety of line formations which never seem to repeat themselves or be in any way predictable. [emphasis added] (via Media Art Net)

Boxer: [P]roblem No. 3: ungraciousness. Machines make no bones about their own flaws, but are unbending about yours.

Let's just stick to photography (another machine art). Gary Winogrand. Diane Arbus. Lee Friedlander. Tina Barney. Lisette Modell. Shelby Lee Adams. Susan Meiselas (Carnival Strippers). Bill Owens. Walker Evans. Bruce Gilden. Nan Goldin, Richard Avedon (The American West). Stop me, please.

Boxer: [P]roblem No. 4: moral superiority. Consider "Applause," by Jeff Lieberman, Josh Lifton, David Merrill and Hayes Raffle. You stoop to enter a curtained booth. (Already you're in the weak position.) There's a movie screen divided into three parts, and in front of each is a microphone. Clap vigorously into one of the microphones and the movie screen in front of it comes to life, playing its movie. Stop clapping and the action grinds to a halt.

Now, wouldn't it be great if you could get all three screens going at once? You can! Just run from mike to mike, clapping in front of all three. Now they're all going! Uh-oh. It's Hitler giving a speech. And there you are clapping like crazy, you idiot.

Compare: Paul McCarthy, Documents(1995-1999). "Selections of 8 x 10 photographs with images of Disneyland and other American pop items and images from Nazi Germany, mounted and framed." (via) You should hear the docents trying to explain that one without making the public feel like idiots.

My point is not that the work at the Cyberarts Festival necessarily compares favorably with these iconic works of contemporary art, but Boxer's reasoning is lazy at best. And yet it is so commmonplace in the mainstream press as to be almost not worth mentioning, except that this hasn't always been true at the Times. To give Boxer credit, she does not fixate on the cost, collectability, or technology of the works, but neither does she provide even the most minimal sense of context, except her own apparent discomfort at being in the picture. This despite almost a half century of contemporary art that does just that from Michelangelo Pistoletto to Bruce Nauman to Dan Graham to Andrea Fraser to Janet Cardiff to ...

I don't know whether to laugh or cry.

++++++

PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA???

Mea Culpa

Será que eu estou ficando tão obcecada com a seriedade da arte contemporânea que eu não consigo detectar quando a galera está apenas zoando?

Foi mal, Horvallis, te entendi mal!

2.5.05

A palavra e a coisa

Recebi um comentário interessante do Horvallis :

Arte contemporânea existe somente como desafio a Foucault que disse que "a palavra cria a coisa" - talvez a "arte contemporânea" seja o único caso em que as palavras não criaram nada !

Regardez, Horvallis, discordo.

O buraco da lingüística na arte contemporânea, ou no pensamento contemporâneo em geral, é um pouco mais abrangente. Além de Foucault, deve-se olhar atentamente as teorias de Roland Barthes, Saussure, Bardiou, Jameson, Derrida, Deleuze, Wittgenstein, até Chomsky e recuando até Heidegger e Hegel. A questão que predomina em todas as linguagens visuais contemporâneas, historicamente a partir dos anos 60, é centrada na transição da forma modernista à estrutura pós-modernista. Dessa transição derivam-se as correntes de pensamento desconstrutivistas e estruturalistas nascidas na França pós-68 e desenvolvidas nos Estados Unidos sob a alcunha de "pós-modernismo".

Em termos muitos gerais, o que esses filósofos estão querendo dizer é que é necessário recorrer à análise da estrutura para de alguma forma tentar definir o "ser" contemporâneo. Não somos mais, nem podemos mais ser, estritamente formais como foram os modernistas em que a essência da pintura, por exemplo, era encontrada na crítica da própria pintura. Ou seja, a pintura era mais pintura porque questionava a si própria e transcendia seus próprios limites. Isso é evidenciado na trajetória da figuração à abstração pura que iniciou com a quebra e o achatamento do plano pictórico cubista até a abstração geométrica total que foi desembocar na arte concreta. Só que o significado da obra de arte só aguentou o esvaziamento até certo ponto pois chegou num beco sem saída, daí vários críticos americanos terem declarado "o fim da pintura". Mas da mesma forma que a natureza sempre encontra uma forma de regeneração, a arte teve que encontrar algum meio de "sobrevivência" pois tudo já tinha sido feito.

Toda essa pesquisa modernista foi desembocar na virada da arte conceitual e na arte minimalista. A arte conceitual quer passar a idéia, em parte fundamentada pela maioria desses pensadores citados acima, de que a arte é mais do que aquilo que se vê. Que a arte pode estar contida dentro de um gesto, de uma ação, de uma idéia e que a obra de arte é como se fosse uma peça que aja como "parteira" para essa idéia, uma testemunha do gesto e da ação, ou evidência de um processo de pensamento. Faz parecer que a arte é uma continuação da vida, e não um objeto alien a ela.

Para entender como "a palavra cria a coisa" é preciso ler 2 textos importantes: o "Arte depois da Filosofia" de Joseph Kosuth, que é o texto sobre arte conceitual mais radical, e o Manifesto Neo-Concreto e Ferreira Gullar. Ambos artistas inclusive fundamentam os textos em suas próprias obras. O Kosuth reduziu tudo à definição de dicionário de dada palavra e estampou isso sobre vidros, querendo tornar a arte o menos palpável possível. O Ferreira Gullar pegou a palavra literalmente e fez com que ela se tornasse a própria obra.

Acabou a aulinha.

E só pra ampliar os horizontes do pessoal, o negócio é o seguinte: arte contemporânea não é só aquela arte hermética e conceitual que você olha e pensa "e daí?". Arte contemporânea não é só feita para confundir o espectador. Existe arte contemporânea de excelente qualidade. E como dizem por aí "beauty is in the eye of the beholder"...

28.4.05

Ouvintes

Recebemos ilustres visitantes na aula do mestrado outro dia. Por causa da chuva, 2 cachorros vira-lata, concebidos e nascidos na Ilha do Fundão (o que faria deles "fundilhos"?) invadiram a sala de aula e se instalaram no cantinho para protegerem-se da chuva.
Devem ter saído de lá formados.

arte contemporanea...bah!

Não posso evitar de citar e linkar o BLOGMA 2005 do Bruno Rabin, David Butter, Igor Barbosa, Márcio Guilherme, com reflexões pontuais sobre arte contemporânea, objeto de estudo e profissão não-remunerada cuja definição intriga quem vos escreve agora.

Cito: Blogma 2005

Fica vedada qualquer menção a Foulcault, salvo esta.
(...)
Como regra, arte plástica contemporânea só é arte para estes blogs no sentido desta frase: “Meu filho, vê se pára de fazer arte!” Aliás, arte contemporânea passa a ser contradição em termos. (...)


Quanto ao Foucault, os meninos têm toda razão. A minha última leitura hors-mestrado foi Modernity and Self-Identity do sociólogo inglês Anthony Giddens que dá de mil no Foucault. Não me levem a mal, eu adoro Foucault, tanto que um dos meus trabalhos é um panóptico de imagens de webcams bem foucaultiano. Mas o Giddens dá de mil pois consegue produzir uma leitura fácil e palpável a qualquer ser antenado nos movimentos deste mundo ao mesmo tempo que traça uma teoria do ser na modernidade bastante complexa. E isso tudo sem o bi-bi-bi-bu-bu-bu dos franceses (que escrevem teoria só pra pegar menininha no café da esquina. Recomendo.

Mas porque o ódio à arte contemporânea?? Vocês não entenderam arte contemporânea até hoje? Até o pessoal lá do mestrado não consegue chegar a um consenso sobre que raios é essa arte que tem nome e sobrenome. Talvez se botássemos ela na lista de chamada na aula, ela talvez responda.

19.4.05

A Sindrome de Anastacia

Caraca. mais de um mês sem escrever....foi-mal-galeraaaaa!!! a minha vida está uma confusão: separação, mestrado, frilas...mas de vez em quando me sobra um tempinho para escrever besteiras:

Há uma tentativa de ressuscitar o comunismo no mundo. E essa tentativa não parte dos alunos de graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, nem do PT, mas dos russos. Aquele povo que habita terras geladas que cobrem meio-mundo e que um dia tentaram nos convencer que a igualdade social e econômica exisitiria entre os humanos. Só não detono os comunistas de vez porque eles nos deram artistas como Malevich, Eisenstein, e boa vodka. (talvez isso só teria acontecido por causa da boa vodka, mas deixa pra lá.)

Como é sabido, os novos contratados do politburo ex-soviético são as belas fêmeas por ali produzidas em série para consumo interno tendo em vista a manutenção da saúde mental e sexual da população e que agora, no neo-capitalismo selvagem instaurado depois da queda do muro, viraram produto de exportação.

Estou falando das meninas russas (todas elas com diplomas universitários) que se promovem em sites de relacionamentos à procura do homem perfeito. Através de táticas de miscigenação aprendidas com os colonos portgueses do século 17, essas russinhas estão rapidamente populando o planeta com comunistazinhos híbridos. E elas gostam de principalmente de laçar "alvos" americanos, tornando a guerra fria uma guerra muy caliente...Por homem perfeito entende-se que este "alvo estratégico" tenha: uma economia estável (grana no bolso), identificação cultural forte (senso de humor), um sentido de comprometimento na política interna (gostar de crianças e família).

E como não poderia deixar de ser, os russos, bons que são de propaganda política (melhor que os brasileiros em horário eleitoral), têm uma forma inusitada de chamar a atenção para este novo produto que com certeza garantirá a permanência do recém-assassinado comunismo no mundo (ou assim acreditávamos), através do turismo:

"...Read our travel guide about this country and its ladies and start dating one of the girls from Ukraine..."

Visite os campos de trigo da Ucrânia, e leve uma mulher como souvenir! (Essa valorização da mulher sempre me impressiona...)

Bem, se as brasileiras não estiverem os satisfazendo, saibam que a princesa Anastácia estará à sua espera...

ANASTASIAWEB

O melhor da história é que este site é baseado nos EUA! Por falar em guerra fria-caliente....

3.3.05

Computador ou nao computador

AMEI os comentários no post sobre arte e computador.

Para mim a questão é simples: a arte sempre andou agarrada a todas as inovações tecnológicas. Quando inventaram a tinta a óleo vendida pronta em tubinhos, os impressionistas falaram "oba!! agora posso pintar no meio do mato com um cavaletezinho sem ter que levar uma penca de assistentes pra ficar macerando pigmento na floresta!" Imaginem que se não fosse a tinta em tubinhos, a maioria esmagadora de telas impressionistas nunca teria sido feita. Pois foi justamente o tubinho portátil que permitiu que os caras estivessem ali, in loco, observando a mudança da luz que transmitiam aos seus quadros...

Agora imagina o século 21. Sociedade pós-capitalista pós-feminista pós-pós-moderna. Guerras comandadas de bases longínquas através de tecnologia. Telefone Celular. Internet. Como é que a arte pode ficar à margem disso tudo? A arte é sempre uma reflexão da inovação da época corrente. Se hoje a questão de conectividade e acesso a informação é uma das mais importantes na história contemporânea, é natural que a arte encontre um espaço ali.

Eu acho que o computador veio adicionar muita coisa à arte. Concordo que esteticamente, a maioria das ilustrações digitais feitas por aí são um tédio e cafonas. MAS, quando falo arte+computador não falo de estética. Caguei para a estética. O interesse está no sistema de captura e disseminação de informação, de como as imagens vão parar num site, o que acontece com elas, e como saem de lá. Em como a informação pura pode se tornar um agente de entendimento da nossa época muito mais eficaz e elucidativo do que tinta a óleo sobre tela.

O computador também não exclui ninguém. Ainda se fabricam anualmente toneladas de tinta a óleo para pintar sobre tela. A fotografia digital é para a fotografia mecânica o que o telefone comum é para o telefone celular. A função é a mesma, o objetivo idêntico. Só muda a tecnologia.

Mas a gente pode passar o dia inteiro debatendo as "receitas" para fazer arte. O que importa pra valer é o seguinte: é o OLHAR. Com o olhar, faz-se boa arte até com um pedaço de pau, lixo, com o próprio corpo, ou com a meleca que acabou de tirar do nariz.

Tudo é significado. E eu não troco a minha arte feita com computador por nada nesse mundo. É a fronteira das possibilidades.

Rule-based Art

Na PaceWildenstein em NY, uma exposição sobre "Rule-Based Art", traduzindo: arte feita a partir de regras.

Do release: Logical Conclusions explores the work of dozens of artists who apply a system of rules to their process of creation, resulting in artwork that ultimately becomes created, generated, and constructed by the imposed algorithm.  As Glimcher states in his essay, the rule-based art on exhibit is “created utilizing one or more logic-based systems to direct the design and creation of the object.”  The systems may be based on or derived from mathematics, logic, and game theory and therefore can range from the use of scientific proofs to arbitrary yet personally consequential rules.  The processes extend from formula based systems with deterministic outcomes to variable systems that allow for the artist’s hand to show through to systems of chaotic processes whose results are completely unpredictable.

E é exatamente o que eu faço com os meus painéis compostos de imagens que busco no Google....crio o método, aplico o algoritmo, e o resultado é a manifestação de um sistema, de uma "vontade" imposta pelo método, e não sujeito à minha inspiração subjetiva/divina. Gosto de fazer porque não é indulgente. Sistemas de pensamento são mais poderosos do que a estética...

2.3.05

Computer artist ou critica?

Dos corredores da arte contemporânea:

Eu sentada no computador do atelier do meu chefe, um pintor famoso no Rio de Janeiro. Entra o novo assistente da "cozinha" dele, e me pergunta:

"Isabel, você vai fazer mestrado?"

- Começo semana que vem no Fundão...

"Você vai estudar crítica de arte, né?

- Não, Linguagens Visuais, a linha do mestrado para artistas praticantes...

"Você não é artista, é?"

- Se vou fazer mestrado para artistas praticantes acho que isso me qualifica com artista que faz arte...

"Mas você não mexe com computador?"

- Sim. Eu e 2 bilhões de pessoas no mundo...

"Então você não é artista...."

- Não é artista quem NÃO mexe com o computador!!!

Foda. Pleno 2005, e ainda tenho que ouvir essas merdas....

Never So Close, Never So Far...

Continuando o assunto sobre relacionamentos a longa distância e como a tecnologia torna-se um instrumento de proximidade, até mesmo no amor...Este casal de americanos, impossibilitados de viverem na mesma cidade, utilizam a tecnologia de PodCasting para manter-se em contato 24/7, sabendo tudo o que outro faz, onde está, o que pensa...Parece mundano, mas a asobrevivência do amor deste casal depende intrinsicamente da tecnologia móvel de áudio, vídeo, foto e texto...Não é lindo?

Conheço algumas pessoas que mantêm relacionamentos on-line, como minha amiga que conheceu o atual namorado turco pelo ICQ (saudades do ICQ!!) e hoje passa 3 meses do ano em Istambul, mas quando estão vivendo separados se comunicam por mensagens de texto pelo celular o dia todo, além do Skype (Voice over IP), MSN, etc...(sorry, não linko pro MSN porque é da Microsoft e sou partidária do software livre). Ela pensa em ter filhinhos e tudo o mais com o seu amor turco, e o cotidiano só é possível por causa da internet.

Viva o amor!!!

O site:

From the busy, lonely halls of post-Valentine's Day winter comes a project about 'two people in two places living together while apart.' 'IN Network' is a collaboration between bi-coastal conceptual sweethearts Michael Mandiberg (New York) and Julia Steinmetz (Los Angeles). Presently unable to live in the same city, they opt to occupy the same routines, which they synchronize and electronically relay to each other through sets of camera phones and microphones. Powered by a phone promotion that allows for unlimited airtime between clients who are 'in network,' Mandiberg and Steinmetz are in touch 24/7. During the month of March, Turbulence.org will host webcasts, podcasts (audio broadcasts distributed to hardware via software subscription), and a moblog (blog of mobile phone photography) to transmit to an online audience the constant correspondence that describes their fused existence: 'driving to/from work, eating dinner, giving lectures to students, going for walks, ! having cocktails, reading books in silence, falling asleep and waking up.' This sharing of lives, though consisting of the mediatized and mundane, is less entrenched in data and detritus than it is in the lives of, and new possibilities for being, people. - Kevin McGarry (Rhizome.org)

Acompanhe Michael e Julia em INNETWORK

27.2.05

Segredos online

Um dos assuntos que mais me interessam nessa web maluca em que navegamos é a total anonimidade do autor. Você pode ser de qualquer cor, gênero e credo e tanto faz. O que vale é quem você diz que é e a informação que você introduz na rede. Porque se ater à verdade? Se você não gosta de si, cria uma persona na internet que representa o que você quer ser e ninguém vai te encher o saco. Mas vida de simulacro e simulação tem limite no nosso ser...Alguns sites e obras de arte online utilizam o aspecto confessional da web para mostrar a "verdade" escondida de cada um...sem identidade revelada você pode ser o mais autêntico que quiser ser, ou não. E quem se importa com a "verdade"? Os sites abaixo são deliciosos porque lidam exatamente com esse aspecto da "verdade" que nós seres humanos não conseguimos largar, e nem daquela prática cristã incômoda de "se confessar" como um modo de dividir o segredo com deus. Ou com um computador. Tanto faz...

Sugestões de projetos de arte online para aqueles que simplesmente não conseguem deixar de bisbilhotar na vida dos outros e também não conseguem manter segredos por muito tempo:

Grande sugestão de visita da maravilhosa DaniCast: POSTSECRET, projeto colaborativo onde pessoas mandam cartões postais com seus segredos ilustrados via correio para um endereço nos EUA e depois são postados nesse blog...E eu, que sou tarada por cartões postais que coleciono desde pequeninha e que compro em todos os sebos possíveis, obviamente me amarrei!!!

O site CONFESS permite que o usuário poste suas confissões.A cada confissão postada você tem direito a fazer uma resenha de uma outra confissão e assim "qualificar" e comentar a confissão de outro anônimo, para que "this little self destructive site keeps humming." É muito legal.

18.2.05

Relacionamento online

Recebi o seguinte comentário do H. , em resposta à pergunta: até que ponto o relacionamento virtual pode ser um subsituto para um relacionamento real, de corpo?

H. comentou:

Não substitui. Posso garantir.
Conheci minha ex-namorada em um chat e namoramos por três meses, me apixonei perdidamente por sua inteligência e experiênica de vida; mas quando conversávamos via msn era terrível. Sempre brigávamos e era insuportável mais que 15 minutos de conversa online. Ao vivo nos dávamos muito bem, tanto que o namoro terminou por outros motivos extras, mas online posso lhe dizer que era broxante.


Queria saber se vocês tem alguma história para compartillhar. Me fascina essa capacidade afetiva da internet, tenho visto isso em muitos sites de namoro, que são o alvo da minha pesquisa comportamental e visual de agora. Me pergunto se o amor através dessa mídia é diferente por causa da mídia, se a facilidade tecnológica dita um certo tipo de comportamento antes impossível. Ao mesmo tempo fico analisando os romances epistolares escritos desde que o mundo é mundo e acho que as versões online e instantâneas são uma versão eletrônica desse gênero literário. Aliás, boa pergunta, as pessoas se relacionam online porque procuram uma camada literária e romântica em suas vidas? Acredito que o cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano, e o relacionamento online, impulsionado por palavras atinge o cérebro antes do corpo. Mas até que ponto não precisamos de sinestesia? Até que ponto a culpa é da tecnologia?

Acho que esse meio de relacionamento vistual é uma espécie de purgatório do ser, um limbo do amor. Quando é que vocês decidiram que era a hora de "encontrar" o outro? Será que era só um relacionamento construído de palavras? E quando as palavras não bastaram, o que vocês fizeram?

Querem dividir histórias de sucesso? de derrota?

14.2.05

Quem nao tem cao, cassa com vibrador movel

Ultimamente tenho feito um intensivão sobre relacionamentos online. Este assunto há muito tempo me fascina, e a cada dia vou mais fundo na minha pesquisa. Já sou cadastrada em 7 serviços de namoro online com 7 personas diferentes que variam da romântica à profissional em busca de amor à dominatrix impiedosa. É divertidíssimo. As cartas que me escrevem e as fotos que recebo são hilárias e incríveis -- tema para uma nova série de trabalhos de arte todos calcados em cima dessa "nova economia da libido". Se há um uso para a internet, além das pentelhações corporativas com que tenho que lidar no meu dia-a-dia profissional, é esse: internet é o melhor lugar para o amor.

Reparem como tudo online toma um tom amigável...pessoas que nunca te encontraram mas que religiosamente lêem seus blogs são tão afetuosos que parece que você os conhece desde pequenininhos. Amizades online sem cara sem cor nem credo são uma delícia porque não têm o embaraço do "momento". Você lê, posta no seu fotolog, comenta no blog do outro, cata um amigo distante por MSN. É tudo lindo. Pois no lado do amor, o cenário é feroz. Quem nunca ouviu falar de um amigo que encontrou o amor da sua vida online? Quem de vocês nunca viu ou buscou por um videozinho pornô? Quantas de vocês são "cam-girls" (estrelas pornô de webcam)? Quem de vocês não participa de clubinhos virtuais de sadô-masô, ou busca pelos seus fetiches mais insólitos na surdina do seu computador?

A economia da incompletude (incompletion) é gigantesca. Aqui somos todos voyeurs uns dos outros, mandando fotos pra lá, recebendo vídeos pra cá, e firme na masturbação. Depois...o vazio...Mas nem sempre é assim...Ouvi dizer de um amigo em Nova York, que a galera que trabalha (e que consequentemente não tem tempo pra nada) começa as preliminares online, marca o lugar de encontro quando a conversa começa a ficar apimentada, e meia hora depois já estão rolando na cama. Os círculos literários, ouvi dizer também, começam as intelectualidades via messenger e depois se encontram em cafés para fechar negócios ou continuar o papo-cabeça. Se terminam na cama ou não, aí já não sei.

É tudo muito romântico, como deve ser. A colunista Regina Lynn da Wired Magazine escreve regularmente sobre sexo e tecnologia. Foi lá que eu descobri que para se tornar uma cam-girl basta montar um site no My Adult Site e começar a faturar uma grana, pagável via PayPal. Ou então, para as garotas mais pudicas mas não menos sacanas pode-se obter um prazer enorme, e na surdina, com um telefone celular, o VibraFun, aliás, um aparelhinho que já vem testado com usabilidade e tudo. Esse vibrador-fone é como modess, fininho e não deixa mancha.

Mas será que dá pra substituir o corpo com essa tecnologia toda?

10.2.05

30 anos, missoes de vida, arte e sobre ser um animal solitario ou nao

conversas com o meu querido amigo LLL. desculpem o inglês intermitente, mas sério, caguei.

Eu:...alex, para de ser morto-de-fome. se o cara te der uma grana, bota a mufa na literatura. menos distrações. eu largaria os frilas amanhã se eu não precisasse. Queria usar a web por motivos puramente artísticos. e só.

alex: Arte pura vicia, bel...é irreal...trust me: interacting with the humans, having them as clientes, etc, keeps us human in a way you wouldn't understand....engraçado como tem coisas que só saem em ingles, né?

eu: é.....a arte nunca é só pura. quero tempo pra pensar, pra divagar, pra me educar direito (a minha faculdade foi uma bosta nesse sentido). arte tem muita vida prática também, não é só viajar na maionese...

alex: é como dar aulas, controlar os teens...

eu: verdade. o mestrado é para eu poder dar aula... em qualquer lugar do mundo. só te dão um certo respeito com a porra do título "M.F.A.". não para expôr, mas se quiser seguir carreira acadêmica, até PhD tem que ter.

alex: ...eu tenho medo de que, se na fossem os clientes e as aulas, eu estaria tão apartado do mundo que já nao conseguiria funcionar...e aí com um mestrado e, quem sabe, doutorado, eu posso dar aulas de literatura anywhere in the world, ser realmente livre...

Eu: e comer muita mulherzinh!...pra mim, quanto mais apartado melhor. só assim eu posso retornar ao mundo. Tudo pra mim é dividido: meu amor, meu trabalho. em algum lugar eu tenho que estar inteira, e esse lugar é o trabalho, mas me conhecendo, faço sempre o que aparece, está na minha natureza de ser múltipla...

Alex: Você sabe porque o [Guimarães] Rosa não fez um segundo grande sertao? pq ele teve um mild heart attack enquanto escrevia o livro e ficou em pânico de não acabar depois, nunca mais tentou nada de envergadura, só contos...

Eu: Estava  com medo de morrer?

alex: Pq tinha medo de morrer e deixar inacabado...Ele trabalhou dez anos em Grande Sertão Veredas...tinha medo de trabalhar 9 anos, morrer no nono, e desperdiçar seus ultimos 9 anos. Mas é self-defeating porque ele viveu 10 anos depois de GSV. O Verissimo vem tendo heart attacks há 20 anos e continua aí! o que quero dizer é, e vale pra nós dois....

eu: E por isso é foda. Eu falei na minha entrevista no fundão que não tinha pressa nenhuma para mandar trabalhos para galerias e o que mais importante para mim agora era explorar o máximo de possibilidade sem pressão de mercado. Porque queria garantir que teria trabalho por mais 50 anos.

alex : A idade de começar a empreender seus grandes projetos é justamente aos 30, quando ainda há tempo. A gente não sabe quanto tempo ainda vai ter...

Eu: É isso aí. i feel it coming. O mundo é tão complexo que aos 20 não dá tempo de apreender tudo.

Alex: ...a pressão não é do mercado...

Eu:Tem artistas por aí que estão estourando aos 25 anos. E daí? Prefiro ir devagar porque quando estourar vai ser uma explosão. Não tenho pressa de fama, tenho pressa de vida (e de algum dinheiro)...só dá pra publicar/expor quando a coisa está pronta. e a coisa pronta precisa de um tempo. eu acho que vc vai publicar o segundo romance. Vc vai me odiar por isso, mas acho o "Mulher de um Homem Só" o melhor trial run que você poderia ter.

alex: Não tem chance do meu romance não ser publicado...

eu: O que quero dizer é que o seu segundo romance será muito superior ao primeiro e assim por diante. É melhor começar com força total, com mais maturidade..

alex: Assim espero...

Eu: O que eu fico bolada é que em outros tempos passados, nós seríamos referências nos nossos campos aos 30. As grandes obras de literatura e arte foram feitas por garotada como a gente. Picasso revolucionou o olhar com o cubismo aos 22 anos!

alex: Só dá pra viver no agora...

eu: Claro.  Eu queria tanto encontrar a minha grande questão. Mas não sei se estou olhando nos lugares certos. Estou infeliz também, não ajuda. Será que é melhor give up pra não sofrer depois. mas o que vou fazer? abrir uma loja de cosméticos? virar burocrata? as alternativas são péssimas, e não tem nada que eu goste mais do que arte. só não sei se sou boa. E provavelmente nunca irei saber....o artista está condenado a não saber se auto-avaliar direito. talvez seja isso que faça com que ele não pare de criar, só para se superar....não era a essa a dúvida de Cézanne? se tinha "conseguido"? morreu sem saber...

alex: Algumas das pessoas que você admira desisitiram?  Did they face greater odds than you?

Eu: If they did i wouldn't admire them...

alex:Do you wanna be worthy of them or not?

Eu: I don't think i face any odds. i have all the dominant characteristics, i have nothing to strive for. Question is: do i care that much?

alex:  That's up to you....Lembra a historia do eu daria a minha vida pra tocar assim?

eu: Não

alex;Começa com o artur moreira lima, (mas poderia ser picasso ou machado de assis) aí chega o chato, vê ele trabalhando e diz "puxa, eu daria a minha vida pra tocar/pintar/escrever assim", e o outro: " pois eu dei"

Eu: Bom, muito bom.

alex: But they cared, if they didn't they couldn't have pulled it off... jura que eu nunca te contei essa?

Eu: Juro.

Eu: Eu acho tudo muito overwhelming. Tem muita gente entrando na arte com pouca qualidade e eu fico puta quando alguém faz arte ruim, porque estraga essa coisa que eu gosto tanto...

alex: Eu já até postei essa história no blog

eu: Não lembro, sorry...mas também não sei qual seria a minha grande contribuição. tenho visto que arte ou literatura não pode ser só uma questão de expressão pessoal, tem que ser isso+consciência histórica+visão de futuro. Senão não vinga, não sobrevive o tempo...

alex: Nao aprende arte com marxista não, eles só falam merda. Puta, não acredito que tive que ouvir isso antes de dormir...de onde vem o dinheiro desses artistas revolucionários que moram na praia?

eu: Vendendo quadro pra forrar parede de gente rica, ué! ...só dá pra fazer pintura boa com tinta de qualidade.... e é por isso que eles são valorizados. Premium ideas made with premium materials. Mas tem arte feita com pedaço de pau que vale muito mais que uma tela qualquer, então foda-se a tinta importada... Internet é uma maneira de fazer arte realtivamente cost-free. Mas ainda acredito no "objeto" de arte. acho que arte é algo físico, por mais que o Duchamp & cia. digam que arte é apenas uma idéia. Mas mesmo o duchamp precisou de um objeto para mostrar isso. o mictorio é isso. Duchamp era na realidade um puta dandy. só isso. Dizem que meu trabalho é muito de agora. isso é bom e ruim: bom porque mostra que é algo novo. ruim porque não tem nada de eterno à primeira vista. Boa arte dialoga com os dois. é isso que impulsiona a criação....é tanto yadda yadda yadda pra coisas tão simples

alex: Don't fall into that yourself

Eu: o problema é que acho arte brasileira semi-ruim. Acho tudo cópia mas quando é original é ótimo, a melhor do mundo. mas as geracões subsequentes copiam os que deram certo. é o que acontece hoje com o hélio oiticia e lygia clark. tá tão embrenhado no subconsceinte da galera que é difícil soltar das referências....muleta...O que dificulta pra mim é que eu só conheci arte brasileira há 3 anos atrás, então eu não tenho essas influências tão fortes. E isso não me dá uma base de diálogo com o pensamento de cá, ou de lugar nenhum porque nem "lá" estou. Ao mesmo tempo não sou uma artista americana então fica estranho eu dialogar com os de lá. Mó limbão...

alex: You're lucky

eu: Outro dia fui numa mostra de vídeo-arte e eu fiquei com vergonha de tão ruim...

alex: Se vc ceder a tentação de se juntar a matilha será só mais uma...eu pergunto de novo: algumas das pessoas que vc admirava era só mais um em um grupelho, qualquer grupelho que fosse, ou eram pessoas que tinham coragem de andar sozinhas? Vc tem que decidir quem vc é... está ficando tarde pra isso

Eu: Eu sei , eu sei, e tá foda...

alex: Ou vc é uma da matilha e vai ficar hanging with them no mundinho deles, ou vc vai ser vc mesma e vai encarar todo o onus e possiveis recompensas...só nao se engane achando que membros de grupelhos conseguem ascender aos seus respectivos grupelhos. ... it simply doesn't happen....Once a pack animal, forever a pack animal

eu::  i'm not a pack animal, never was...

alex: so don't try to be one or don't commiserate because you're not one

eu: yeah, i'm between worlds again. o saco é que forever achar que eu sou uma patricinha.

alex: corta um talho na cara, arranca fora o nariz,  maybe it's worth it

eu: você faria isso?

Eu: eu sei que eu tenho a lot going for me. ano passado durante uma viagem tive um rush de inspiração absurdo. fiquei vagando uma madrugada inteira por estocolmo fotografando. fiz a minha obra mais melancólica. mas depois voltei pra cá e estagnei...

alex:   a vida é uma coisa muito engraçada mesmo... a gente passa a juventude inteira jogando sementes, bel

alex: Tem outra historinha...

Eu: Vc me ajuda por metáforas, bonitinho...

alex: Quando vc vir uma maquina dando centenas de marteladas numa pedra e, depois de mil, a pedra se desfaz, nao caia no erro de achar que foi a ULTIMA martelada that did the trick... uma coisa que o blog me ensinou é que, só por existirmos e estarmos fazendo nosso trabalho com sinceridade, estamos tocando a vida de muita gente...


eu: Qual é a mensagem da historia da maquinas mesmo?

alex: a mensagem é que quando a gente consegue alguma coisa, nao foi o nosso ultimo effort that did - foi a soma de todos os anteriores

eu: Passei os últimos 10 anos getting as many skills as possible, vendo o máximo que pude do mundo pra me preparar pra depois. porque acho que é a maneira lógica de viver. Por isso que eu aos quase-30 estou encarando as questões da arte só agora. maybe it's the right time for me... tudo foi para que eu chegasse nesse momento de ser forçada a ter uma direção. o lance é que eles vão me arrasar no mestrado...

alex:don't let them...don't graduate if you don't have to

eu: i will have to teach them to teach me...but then i don't get the degree

alex: What's more important? art or the fucking degree?...establish your priorities, porra, it's only up to you

eu: é , já passei da idade em que tinha que fazer todos os deveres, né? foda-se o que eles acharem.

alex: isabel, bota uma coisa na sua cabeça,  read the biographies of people you admire, consider some of their tough choices, if you don't break with the needs and expectations of the establishment, you may earn a nice living, but you'll never amount to much

eu: Eu tenho um parâmetro, a Lygia Pape. A cada exposicão ela aparecia com um trabalho completamente diferente do anterior. Os criticos não levavam ela a sério e achavam que ela não tinha "foco". Até que um fodão, o Mario Pedrosa, falou pra parar de encher o saco dela e prestar atenção. Ela fez coisas lindas, mas ficou amarga no final. E fazia graphic design e dava aulas pra sobreviver. Ela dava aula no fundão. mas morreu antes que eu pudesse conhecê-la....ela era a unica louca que tinha lá. Um professor tem que ser um pouco alucinado porque a   loucura de um contagia o todo (moby dick). Os que restaram não são loucos o suficiente e por isso são retrógrados ou resignados. Depois na tese eles hammer os alunos segundo conceitos de 1960...Nego surta ali dentro... Mas a solução é uma só: work work work

alex: Só vc pode decidir o que vc quer. O mais incrivel é que as pessoas tem de fato uma opção...tem mesmo... e a maioria escolhe a mediocridade

eu: ...o caminho mais fácil..like pack animals....longe disso!!!!!

4.2.05

Fodendo ou fazendo amor

Um professor de arte meu dizia o seguinte ao comentar os trabalhos de arte dos alunos:

"só você sabe quando está fodendo ou fazendo amor".

O que arte tem a ver com sexo? Eu estou aqui desenhando!

Não entendi no início, mas agora interpreto desta forma: Se você está sendo sincero e amando o que faz, estará fazendo amor sincero com aquilo, estará se dando inteiramente de corpo e alma. É como estar fazendo amor com o seu namorado/mulher/significant other e se deixar entregar, deixando a sua vontade à espreita e se concentrando no prazer proporcionado ao outro, do começo ao fim, sem pedir nada em troca. E ainda depois fuma aquele cigarrinho...

Dá pra ver quando um quadro é feito "fazendo amor": está cheio de desejo consumado. As pinceladas nervosas são como o ir e vir do coito, as grandes áreas de tinta ejaculações, as delicadezas são as carícias feitas no lugar certo, e por aí vai.

Agora quando você está "fodendo" ao fazer uma obra de arte, você está fundamentalmente cumprindo apenas uma obrigação ou uma vontade latente animal que vem de alguma repressão sexual da sua outra incarnação. É como se você estivesse deitando com o seu homem mas pensando em outro. Estar "fodendo" ao fazer arte é fazer arte por todos os motivos errados: por expurgo, por necessidade de auto-afirmação, por masturbação mental, porque está pensando em wittgenstein, porque sabe que o Jasper Johns foi mal genial que você e que você não passa de um copista farsante. Terminada a obra, e a gozada nem foi tão boa assim. Ou foi. Tem mulher que finge orgasmo, não tem?

A questão é: fazendo amor se chega mais longe. O artista, aliás, qualquer um, deve ter um caso de amor com a sua atividade. Morrer por ela, cantar aquelas músicas tristinhas de bossa nova para ela, dizer palavras doces, fazer chamego...só assim a atividade amada corresponderá. Fazer amor com o mundo então é sublime. E se não fosse o sublime, porque trabalhar? porque amar? porque se dar o trabalho de se dar o trabalho?

Mas tem um segredo, um que o mundo jamais saberá: só você sabe quando você está fodendo ou fazendo amor.

6.1.05

Antes

Se você mora no Rio de Janeiro não deve perder a exposição "Antes" que está no CCBB.

Além da exposição estar linda, mostra uma faceta da pré-história que não aprendemos na escola ou nas faculdades de história da arte porque trata-se da pré-história do Brasil, traçando alguns paralelos com objetos europeus muito similares. Sabe-se que a arte, assim como a história mundial, sempre é contada do ponto de vista do hemisfério norte ocidental. Ok, as cavernas de Lascaux são impressionantes, mas estão na França, e ao mesmo tempo que os australopitecos de lá estavam misturando tinta nas paredes das cavernas de lá, os nossos ancestrais estavam o mesmo aqui.

O que mais me impressionou foram 4 coisas: a Vênus de Willendorf, importada lá da Austria, que representa o sagrado feminino pré-pré-pré-cristão (e é linda!) e dá um paralelo com as estatuetas femininas feitas cá pelos nossos índios, a coleção de muiraquitãs indígenas (amuletos em forma de sapo que as índias amazonas davam ao macho escolhido para procriar mais meninas guerreiras), as urnas funerárias dos índios de muito tempo atrás com um formato pra lá de inusitado, e as texturas e padrões da cerâmica marajoara.


Venus of Willendorf
c. 24,000-22,000 BCE
Oolitic limestone
43/8 inches (11.1 cm) high
(Naturhistorisches Museum, Vienna)

A arte indígena/primitiva brasileira é semelhante à arte africana pois é animista e ritual (tribal). Mas sem aquela conotação vudú que eu senti na exposição da África. Tem uma certa leveza de espírito entre aqueles povos, uma harmonia com a natureza e ao mesmo tempo uma sofisticação delicada ali. Eram povos integrados com o seu meio, não queriam necessariamente transfigurá-lo nem mudar o destino do "outro". Para mim, bateu como uma cultura poética e de aceitação.

A projeção montada com os desenhos das cavernas também são impressionantes, e não ficam nada atrás de Lascaux ou Altamira...Vale a pena sentar e assistir pelo menos 2 vezes. Os desenhos são realmente incríveis....