22.8.05

Situacionismo

Geralmente eu saio das aulas do mestrado em arte completamente confusa com tanto Derrida à minha volta explicando a différence da différance, a importância da legenda na obra de arte e outros esoterismos afins. Na última aula particularmente, o professor mencionou tantos textos que abri uma página do meu caderno só com a bibliografia de 25 textos mencionados dos quais eu nem sabia da existência. Chamem-me de ignorante, mas eu não tinha idéia de quem era o Guy Debord, nem o que era o Situacionismo Internacional, que de cara me deu a sensação de ser um movimento estudantil anarquista filosófico francês dos anos 60.

Acertei.

Fora o Guy Debord também ter sido acometido pela onda de suicídio na intelectualidade francesa, como o Gilles Deleuze, (o Derrida conseguiu morrer antes de se suicidar, foi se desconstruindo aos poucos), achei a Sociedade do Espetáculo bem interessante. Prega a desordem e o anarquismo total. Importante no tempo em que atuavam, dos anos 60 até 72.

Como todo movimento de arte do século 20, pretendia destruir o status-quo da arte e inseri-la em um novo contexto. Segundo o grupo Situacionista a intenção era não criar quase nenhuma distinção entre arte e vida cotidiana. Eles diziam: ou a arte é revolucionária ou ela não é nada. Isso se traduz em termos práticos em ações (que hoje chamam loosely de "performances", mais ou menos) artísticas que de alguma forma perturbam a ordem e o andar normal da cidade ou de dada situação a priori, por exemplo; uma obra que depende de um contexto maior do que o contexto apenas pessoal para acontecer, que precisa de uma situação para ser ativada, que precisa ativar agentes externos para daí extrair significado para si. Tipo, tipo assim, tipo....pensa em qualquer obra de arte que vocês não consideram arte e é isso mesmo.

Parece lugar-comum hoje, mas esse movimento acabou influenciando diretamente ou indiretamente grande parte das "revoluções" estílisticas que se refletem na arte contemporânea hoje....peraí....será? Todas as teorias francesas tendem a querer ser superiores às outras, oferecendo uma visão de mundo completa qual quer que seja a orientação. Não sei se sou situacionista, desconstrutivista, estruturalista ou fenomenológica. O fato é que essas intelectualidades francesas penetraram nos estados unidos e tornou-se quase dominante nos estudos culturais (arte, mídia, etc...) nas universidades, salvo alguns alemães que continuaram a majestade alemã nesse....etcetera, etcetera, etcetera.

Cansei de explicar. Rafael tinha razão, vcs devem estar batendo cabeça se leram até aqui...

Esse ensaiozinho sacaneta enchendo o saco dos situacionistas deve elucidar sobre a questão. Enfim um pouco de senso de humor nessas teorias.

How to talk like a Situationist

by Anonymous

1. Learn French. No self-respecting situationist would dream of not knowing it.

2. Always use the most obscure language possible. Get lots of big scholarly words from a dictionary and use them often.
Poor: "Things are bad."
Better: "The formative mechanism of culture amounts to a reification of human activities which fixates the living and models the transmission of experience from one generation to another on the transmission of commodities; a reification which strives to ensure the past's domination over the future."

3. In particular, the words "boredom" (as in "there's nothing they won't do to raise the standard of boredom"), "poverty" (of the university, of art), and "pleasure" are important tools in the young situationist's kit, and use of them will greatly enhance your standing in the situationist community.

4. Make frequent reference to seventy year-old art movements like Dada and Surrealism. Work the subject into your conversations as often as possible, however irrelevant.

5. Vehemently attack "The University" and "Art" whenever possible (phrases like "the scrap-heap of Art" or "the stench of Art" are particularly effective). Attend as prestigious a school as possible and make sure your circle of friends contains no less than 85% artists.

6. Cultivate a conceit and self-importance bordering on megalomania. Take credit for spontaneous uprisings in far-flung corners of the world, sneer at those who oppose or disagree with you.

7. Denounce and exclude people often. Keep your group very small and exclusive -- but take it for granted that every man, woman, and child in the Western Hemisphere is intimately familiar with your work, even if no more than ten people actually are.

8. Detournement: Cut a comic strip out of the paper (serious strips like 'Terry and the Pirates' and 'Mary Worth' are preferred), and change the dialogue. Use lots of situationist language. What fun!

9. Use Marxian reverse-talk. This is a sure-fire way of alerting people to the fact that you are a situationist or are eager to become one: "the irrationality of the spectacle spectacularises rationality," "separate production as production of the separate."

10. Invoke "the proletariat," factories, and other blue-collar imagery as often as possible, but do not under any circumstances asociate with or work with real proletarians. (Some acceptable situationist jobs are: student, professor, artist.)

11. By all means avoid such repugnant proletarian accoutrements as: novelty baseball hats, rock group T-shirts, 'Garfield' or 'Snoopy' posters (no matter how "political"), and vulgar American cigarettes like 'Kent' or 'Tareyton'.