19.5.05

O Vermelho e a Vitoria

Há alguns meses, fiz um post lá no Blog de Usabilidade sobre a importância do uso das cores aplicadas ao cotitidiano.

Hoje no Globo:

Estudo: vermelho pode ser a chave para o bom desempenho esportivoReuters

LONDRES - Os touros ficam furiosos com ela, que também indica perigo e está associada a perda de controle, mas nos esportes a cor vermelha parece oferecer uma importante vantagem competitiva aos atletas masculinos.

- Demonstramos, especialmente nos esportes de competição e combate em Olimpíadas, que o vermelho parece conferir uma vantagem às pessoas que o usam - disse Russell Hill, da Universidade de Durham, na Inglaterra, um dos líderes da pesquisa. - Então você tem muito mais ganhadores usando vermelho do que você poderia esperar com base na probabilidade - acrescentou.

Hill e o também pesquisador Robert Barton chegaram à conclusão de que, se dois atletas têm mais ou menos a mesma habilidade, o que se veste de vermelho pode ter uma vantagem definitiva.

Em muitas espécies animais, o vermelho tem forte relação com os níveis de testosterona. Denota a qualidade masculina, o domínio e a competitividade no reino animal, mas a investigação, publicada na revista científica "Nature", é a primeira a investigar seu impacto nos humanos.

Exatamente como o vermelho dá uma vantagem competitiva ao atleta é algo que ainda é desconhecido, mas Hill acredita que a cor poderia produzir um aumento da testosterona no competidor que veste uniforme dessa cor.

- Da mesma forma, poderia afetar algum nível de repressão no seu opositor. Essas duas coisas poderiam funcionar em paralelo - afirmou Hill.

Todos os participantes dos eventos estudados eram homens. Os investigadores duvidam de que o vermelho possa ter o mesmo impacto em atletas femininas, disse o cientista:

- As mulheres não usam essa sinalização vermelha como um distintivo de domínio da mesma forma que os homens. Por isso não previmos necessariamente o mesmo tipo de efeito.

4.5.05

Abraham Palatnik premiado

O artista brasileiro Abraham Palatnik, artista cinético brasileiro, ganhou um Lifetime Achievement Award (um prêmio que americano adora dar para prestigiar a obra de vida de um artista, formato inexistente no Brasil), da Leonardo Foundation. Mais um brasileiro notório vagando por aí!

Leonardo/ISAST is pleased to announce Abraham Palatnik as the recipient of the 2005 Frank J. Malina Leonardo Award for Lifetime Achievement. For over a half century, pioneering Brazilian artist Palatnik has been working at the forefront of "new media," creating a comprehensive body of work inspired by his broad-reaching interests in the arts, sciences and technology. Over the years, Palatnik has continually pushed the limits of innovation, beginning with his motorized light and color machines (termed "cinechromatic" machines by Brazilian critic and theorist Mario Pedrosa) and continuing through many experiments with kinetic art, as well as the creation of several patented inventions.

Sem noçao!

Há poucos dias, foi publicado no New York Times uma crítica de arte sobre o CyberArts Festival de Boston, que é um festival que incorpora exposições e performances feitas por artistas que utilizam a tecnologia como parte integral do trabalho. A crítica de arte Sarah Boxer foi super irônica e detonou tudo o que viu na exposição, agradando aos cínicos que já detonam qualquer arte que não seja Monet, e deixando os artistas do nosso tempo mais desamparados na mídia.

Mas como o pessoal na web não cala a boca nem se pagarem, a reação foi imediata e rolou este excelente artigo de Steve Dietz reagindo à Sra. Sarah Boxer:

(desculpem, vai em inglês mesmo)

+++++

" Since others were discussing the NYT review of the cyberarts festival, i thought i'd post Steve Dietz's response from his blog. He rightly criticizes the author not for a lack of knowledge about interactive art per se, but contemporary art in general.


Art Critic Misses the Big PictureM
It's not that Sarah Boxer is clueless. I don't believe that someone has to "get" interactive art to write about it. Maybe some of the artwork she skewers in her April 26 New York Times review of the Boston Cyberarts Festival, Art That Puts You in the Picture, Like It Or Not, is as "irritating" as she claims it is. What should concern her readers, and even more so her editors, is her apparent lack of perspective about contemporary art. Let us count the ways.

Boxer: Problem No. 1: potty-mouthed machines. "PS," by Gretchen Skogerson and Garth Zeglin at the Stata Center, is an oval mirror with a sign that bids you "lean in close." You do. A voice says, "I like to masturbate in public." Ack. Did anyone else hear that? Can anyone say Seedbed?

For his notorious and influential performance at Sonabend Gallery in 1972, Vito Acconci lay beneath the floorboards of a constructed ramp masturbating while his fantasies about the visitors above him were broadcast over loudspeakers. Ack.


Boxer: Problem No. 2: too much ritual, too little time. "1-Bit Love," by Noah Vawter, is a musical altar, a totem covered in foil and exuding a synthetic rhythm (a one-bit wave form). The pillar has red velvet knobs. People are supposed to lay hands on it and turn the knobs to modulate the sound. No one wants to be the first to paw the idol. And once you do, it's not clear what effect you are having. [emphasis added]

Compare: Nam June Paik, Participation TV, 1963 - 1966[Participation TV I] concerns a purely acoustic-oriented type of , with an integrated microphone. The later version serves a television showing in the middle of its screen a colored bundle of lines which explosively spread out to form bizarre-looking line formations the moment someone speaks into the microphone or produces any other type of sound. Depending on the sound‚s inherent quality or volume, the signals are intensified by a sound-frequency amplifier to produce an endless variety of line formations which never seem to repeat themselves or be in any way predictable. [emphasis added] (via Media Art Net)

Boxer: [P]roblem No. 3: ungraciousness. Machines make no bones about their own flaws, but are unbending about yours.

Let's just stick to photography (another machine art). Gary Winogrand. Diane Arbus. Lee Friedlander. Tina Barney. Lisette Modell. Shelby Lee Adams. Susan Meiselas (Carnival Strippers). Bill Owens. Walker Evans. Bruce Gilden. Nan Goldin, Richard Avedon (The American West). Stop me, please.

Boxer: [P]roblem No. 4: moral superiority. Consider "Applause," by Jeff Lieberman, Josh Lifton, David Merrill and Hayes Raffle. You stoop to enter a curtained booth. (Already you're in the weak position.) There's a movie screen divided into three parts, and in front of each is a microphone. Clap vigorously into one of the microphones and the movie screen in front of it comes to life, playing its movie. Stop clapping and the action grinds to a halt.

Now, wouldn't it be great if you could get all three screens going at once? You can! Just run from mike to mike, clapping in front of all three. Now they're all going! Uh-oh. It's Hitler giving a speech. And there you are clapping like crazy, you idiot.

Compare: Paul McCarthy, Documents(1995-1999). "Selections of 8 x 10 photographs with images of Disneyland and other American pop items and images from Nazi Germany, mounted and framed." (via) You should hear the docents trying to explain that one without making the public feel like idiots.

My point is not that the work at the Cyberarts Festival necessarily compares favorably with these iconic works of contemporary art, but Boxer's reasoning is lazy at best. And yet it is so commmonplace in the mainstream press as to be almost not worth mentioning, except that this hasn't always been true at the Times. To give Boxer credit, she does not fixate on the cost, collectability, or technology of the works, but neither does she provide even the most minimal sense of context, except her own apparent discomfort at being in the picture. This despite almost a half century of contemporary art that does just that from Michelangelo Pistoletto to Bruce Nauman to Dan Graham to Andrea Fraser to Janet Cardiff to ...

I don't know whether to laugh or cry.

++++++

PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA???

Mea Culpa

Será que eu estou ficando tão obcecada com a seriedade da arte contemporânea que eu não consigo detectar quando a galera está apenas zoando?

Foi mal, Horvallis, te entendi mal!

2.5.05

A palavra e a coisa

Recebi um comentário interessante do Horvallis :

Arte contemporânea existe somente como desafio a Foucault que disse que "a palavra cria a coisa" - talvez a "arte contemporânea" seja o único caso em que as palavras não criaram nada !

Regardez, Horvallis, discordo.

O buraco da lingüística na arte contemporânea, ou no pensamento contemporâneo em geral, é um pouco mais abrangente. Além de Foucault, deve-se olhar atentamente as teorias de Roland Barthes, Saussure, Bardiou, Jameson, Derrida, Deleuze, Wittgenstein, até Chomsky e recuando até Heidegger e Hegel. A questão que predomina em todas as linguagens visuais contemporâneas, historicamente a partir dos anos 60, é centrada na transição da forma modernista à estrutura pós-modernista. Dessa transição derivam-se as correntes de pensamento desconstrutivistas e estruturalistas nascidas na França pós-68 e desenvolvidas nos Estados Unidos sob a alcunha de "pós-modernismo".

Em termos muitos gerais, o que esses filósofos estão querendo dizer é que é necessário recorrer à análise da estrutura para de alguma forma tentar definir o "ser" contemporâneo. Não somos mais, nem podemos mais ser, estritamente formais como foram os modernistas em que a essência da pintura, por exemplo, era encontrada na crítica da própria pintura. Ou seja, a pintura era mais pintura porque questionava a si própria e transcendia seus próprios limites. Isso é evidenciado na trajetória da figuração à abstração pura que iniciou com a quebra e o achatamento do plano pictórico cubista até a abstração geométrica total que foi desembocar na arte concreta. Só que o significado da obra de arte só aguentou o esvaziamento até certo ponto pois chegou num beco sem saída, daí vários críticos americanos terem declarado "o fim da pintura". Mas da mesma forma que a natureza sempre encontra uma forma de regeneração, a arte teve que encontrar algum meio de "sobrevivência" pois tudo já tinha sido feito.

Toda essa pesquisa modernista foi desembocar na virada da arte conceitual e na arte minimalista. A arte conceitual quer passar a idéia, em parte fundamentada pela maioria desses pensadores citados acima, de que a arte é mais do que aquilo que se vê. Que a arte pode estar contida dentro de um gesto, de uma ação, de uma idéia e que a obra de arte é como se fosse uma peça que aja como "parteira" para essa idéia, uma testemunha do gesto e da ação, ou evidência de um processo de pensamento. Faz parecer que a arte é uma continuação da vida, e não um objeto alien a ela.

Para entender como "a palavra cria a coisa" é preciso ler 2 textos importantes: o "Arte depois da Filosofia" de Joseph Kosuth, que é o texto sobre arte conceitual mais radical, e o Manifesto Neo-Concreto e Ferreira Gullar. Ambos artistas inclusive fundamentam os textos em suas próprias obras. O Kosuth reduziu tudo à definição de dicionário de dada palavra e estampou isso sobre vidros, querendo tornar a arte o menos palpável possível. O Ferreira Gullar pegou a palavra literalmente e fez com que ela se tornasse a própria obra.

Acabou a aulinha.

E só pra ampliar os horizontes do pessoal, o negócio é o seguinte: arte contemporânea não é só aquela arte hermética e conceitual que você olha e pensa "e daí?". Arte contemporânea não é só feita para confundir o espectador. Existe arte contemporânea de excelente qualidade. E como dizem por aí "beauty is in the eye of the beholder"...