O meu querídissimo amigo LLL está fazendo uma semana de textos comemorativos da morte de Jacques Derrida, um filósofo francês da geração de 68.
Na semana passada passei no concurso para o Mestrado em Linguagens Visuais da UFRJ, com direito a bolsa e tudo, e para isso passei o último mês forrando a minha mente com os últimos 150 anos de história da arte, incluindo aí todos os textos pós-modernos que incluem Derrida, Foucault, Deleuze, etc...Parecia até que eu estava estudando para o mestrado em filosofia, mas não, era para o mestrado de arte mesmo.
Fazer mestrado em arte significa criar um discurso cheio de notas de rodapé para agradar o pessoal da banca. Com o mestrado vou poder dar aulas em universidade e fazer com os alunos exatamente o que eles vão fazer comigo: estufar o pobres coitados de fiflosofia da arte inintelígivel como se estufa um ganso para que dele saia o melhor pâté, ou a malhor arte-pâté.
Quem acha que mestrado em arte no Brasil é só aprender a ter mais consistência nas pinceladas está muitíssimo enganado. Porque hoje em dia, depois do papo pós-moderno/estruturalista, dizer que a pincelada tenha valor intrínseco em si é quse um crime inafiançável. Nada mais pode ser como lhe parece. E com esse modus operandi, todo o romantismo que um artista tem em relação ao seu trabalho escorre para o ralo. O resultado é arte carreirista, aquela arte que o cara sabe que vai ser aceita por todos os críticos e teóricos, mas que o público olha e faz cara de quem chupou um limão azedo. Quer dizer, quanto menos popular, melhor é, porque arte é coisa para especialistas, quase como a física para os físicos, tem importância para a própria disciplina, mas não diz nada para um ser humano qualquer. Não que eu seja a favor de uma arte de fácil aceitação, porque quem faz isso no fundo é um decorador de interiores frustrado, mas que o artista, no mínimo, tenha um compromisso com a sua própria sintaxe, seja ela fundamentada pela escola de Frankfurt, pelos franceses de 68 ou por qualquer outro pensamento construído a priori. quando isso acontece, vê-se a arte que é ilustração de conceito e que morre por aí, ou seja, existem muitos artistas que adoram parir fetos nati-mortos.
O desafio para mim, ou qualquer um que entre para a academia é manter a sua própria liberdade. POrque a "corja francesa" está aí, de tesoura na mão, para cortar as asas dos mais astutos. Só surta quem achar que a teoria está além da sua obra, quando geralmente é o oposto. Não há teoria capaz de dar conta da obra de um artista. As críticas e os historicismos são apenas construções para tentar derrubar qualquer indício de vida e inteligência na arte.
11.10.04
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PARABÉNS! PARABÉNS! PARABÉNS! PARABÉNS!
ReplyDelete:)))
Beijão!
Dudu
Tá... vamos lá...
ReplyDelete1. Você não acha que a arte pode ter códigos baixos (para ser apreciada por pessoas comuns) e códigos altos (que serão apreciados por pessoas com conhecimentos mais profundos de arte)? Arte, pra ser boa, precisa ser hermética?
2. Retomando uma discussão que já rolou por aqui, transcrevo abaixo os comentários de alguns dos visitantes da 26ª Bienal de Artes de SP... Pessoas comuns que foram lá apreciar arte:
Obra: Vital Brasil.
Artista: Thiago Bortolozzo.
O que é: Uma estrutura de ripas de madeira, idêntica àquelas que os pedreiros usam em construções.
Comentário: "Será que isso é uma obra de arte ou a reforma do pavilhão? Tem muita coisa louca, fica difícil saber o que é instalação." (Teresa Brito, dona-de-casa)
Obra: The Field II
Artista: Ingrid Book e Carina Hedén
O que é: Pilhas de jornais com notícias do campo.
Comentário: "Para mim, é um monte de jornal empilhado, mas vai saber... Será que é arte ou pode pegar?" (Anderson Izidoro, caseiro)
Isso é arte? Quer dizer, pra entender essa arte tem que ser especialista no assunto? Não é possível uma arte que se comunique tanto com uma dona-de-casa e com um caseiro num nível e com um professor de história da arte em outro nível?
Ah... desculpe-me... esqueci de assinar o comment anterior...
ReplyDeleteMarcelo Barros
http://para_muy_pocos.livejournal.com
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