3.3.05

Computador ou nao computador

AMEI os comentários no post sobre arte e computador.

Para mim a questão é simples: a arte sempre andou agarrada a todas as inovações tecnológicas. Quando inventaram a tinta a óleo vendida pronta em tubinhos, os impressionistas falaram "oba!! agora posso pintar no meio do mato com um cavaletezinho sem ter que levar uma penca de assistentes pra ficar macerando pigmento na floresta!" Imaginem que se não fosse a tinta em tubinhos, a maioria esmagadora de telas impressionistas nunca teria sido feita. Pois foi justamente o tubinho portátil que permitiu que os caras estivessem ali, in loco, observando a mudança da luz que transmitiam aos seus quadros...

Agora imagina o século 21. Sociedade pós-capitalista pós-feminista pós-pós-moderna. Guerras comandadas de bases longínquas através de tecnologia. Telefone Celular. Internet. Como é que a arte pode ficar à margem disso tudo? A arte é sempre uma reflexão da inovação da época corrente. Se hoje a questão de conectividade e acesso a informação é uma das mais importantes na história contemporânea, é natural que a arte encontre um espaço ali.

Eu acho que o computador veio adicionar muita coisa à arte. Concordo que esteticamente, a maioria das ilustrações digitais feitas por aí são um tédio e cafonas. MAS, quando falo arte+computador não falo de estética. Caguei para a estética. O interesse está no sistema de captura e disseminação de informação, de como as imagens vão parar num site, o que acontece com elas, e como saem de lá. Em como a informação pura pode se tornar um agente de entendimento da nossa época muito mais eficaz e elucidativo do que tinta a óleo sobre tela.

O computador também não exclui ninguém. Ainda se fabricam anualmente toneladas de tinta a óleo para pintar sobre tela. A fotografia digital é para a fotografia mecânica o que o telefone comum é para o telefone celular. A função é a mesma, o objetivo idêntico. Só muda a tecnologia.

Mas a gente pode passar o dia inteiro debatendo as "receitas" para fazer arte. O que importa pra valer é o seguinte: é o OLHAR. Com o olhar, faz-se boa arte até com um pedaço de pau, lixo, com o próprio corpo, ou com a meleca que acabou de tirar do nariz.

Tudo é significado. E eu não troco a minha arte feita com computador por nada nesse mundo. É a fronteira das possibilidades.

Rule-based Art

Na PaceWildenstein em NY, uma exposição sobre "Rule-Based Art", traduzindo: arte feita a partir de regras.

Do release: Logical Conclusions explores the work of dozens of artists who apply a system of rules to their process of creation, resulting in artwork that ultimately becomes created, generated, and constructed by the imposed algorithm.  As Glimcher states in his essay, the rule-based art on exhibit is “created utilizing one or more logic-based systems to direct the design and creation of the object.”  The systems may be based on or derived from mathematics, logic, and game theory and therefore can range from the use of scientific proofs to arbitrary yet personally consequential rules.  The processes extend from formula based systems with deterministic outcomes to variable systems that allow for the artist’s hand to show through to systems of chaotic processes whose results are completely unpredictable.

E é exatamente o que eu faço com os meus painéis compostos de imagens que busco no Google....crio o método, aplico o algoritmo, e o resultado é a manifestação de um sistema, de uma "vontade" imposta pelo método, e não sujeito à minha inspiração subjetiva/divina. Gosto de fazer porque não é indulgente. Sistemas de pensamento são mais poderosos do que a estética...

2.3.05

Computer artist ou critica?

Dos corredores da arte contemporânea:

Eu sentada no computador do atelier do meu chefe, um pintor famoso no Rio de Janeiro. Entra o novo assistente da "cozinha" dele, e me pergunta:

"Isabel, você vai fazer mestrado?"

- Começo semana que vem no Fundão...

"Você vai estudar crítica de arte, né?

- Não, Linguagens Visuais, a linha do mestrado para artistas praticantes...

"Você não é artista, é?"

- Se vou fazer mestrado para artistas praticantes acho que isso me qualifica com artista que faz arte...

"Mas você não mexe com computador?"

- Sim. Eu e 2 bilhões de pessoas no mundo...

"Então você não é artista...."

- Não é artista quem NÃO mexe com o computador!!!

Foda. Pleno 2005, e ainda tenho que ouvir essas merdas....

Never So Close, Never So Far...

Continuando o assunto sobre relacionamentos a longa distância e como a tecnologia torna-se um instrumento de proximidade, até mesmo no amor...Este casal de americanos, impossibilitados de viverem na mesma cidade, utilizam a tecnologia de PodCasting para manter-se em contato 24/7, sabendo tudo o que outro faz, onde está, o que pensa...Parece mundano, mas a asobrevivência do amor deste casal depende intrinsicamente da tecnologia móvel de áudio, vídeo, foto e texto...Não é lindo?

Conheço algumas pessoas que mantêm relacionamentos on-line, como minha amiga que conheceu o atual namorado turco pelo ICQ (saudades do ICQ!!) e hoje passa 3 meses do ano em Istambul, mas quando estão vivendo separados se comunicam por mensagens de texto pelo celular o dia todo, além do Skype (Voice over IP), MSN, etc...(sorry, não linko pro MSN porque é da Microsoft e sou partidária do software livre). Ela pensa em ter filhinhos e tudo o mais com o seu amor turco, e o cotidiano só é possível por causa da internet.

Viva o amor!!!

O site:

From the busy, lonely halls of post-Valentine's Day winter comes a project about 'two people in two places living together while apart.' 'IN Network' is a collaboration between bi-coastal conceptual sweethearts Michael Mandiberg (New York) and Julia Steinmetz (Los Angeles). Presently unable to live in the same city, they opt to occupy the same routines, which they synchronize and electronically relay to each other through sets of camera phones and microphones. Powered by a phone promotion that allows for unlimited airtime between clients who are 'in network,' Mandiberg and Steinmetz are in touch 24/7. During the month of March, Turbulence.org will host webcasts, podcasts (audio broadcasts distributed to hardware via software subscription), and a moblog (blog of mobile phone photography) to transmit to an online audience the constant correspondence that describes their fused existence: 'driving to/from work, eating dinner, giving lectures to students, going for walks, ! having cocktails, reading books in silence, falling asleep and waking up.' This sharing of lives, though consisting of the mediatized and mundane, is less entrenched in data and detritus than it is in the lives of, and new possibilities for being, people. - Kevin McGarry (Rhizome.org)

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