(Ou “peraí, o que se pode fazer com a rede que não era possível fazer antes?”)
Utilizar novas técnicas não implica necessariamente em fazer uma arte nova. Pelo contrário. Muitas vezes, o artista pode cair em deslumbramento diante das possibilidades que a tecnologia propõe e que o mercado de gadgets disponibiliza. O que caracteriza o artista, talvez, é a busca de algo que realmente represente as inquietações, os prazeres e a consciência da atualidade, seja através das redes ou não. Um artista não consegue escapar ao seu tempo – de certa forma a presença do ser no espaço e no tempo – o Dasein – é o que informa a sua experiência. Mas, quando um artista decide operar dentro de um contexto sociológico, ou um meio ou um suporte, e delineia um território e uma estratégia para sua arte, esta escolha possui suas implicações tanto formais quanto de conteúdo, narrativas, além de possuir questões políticas.
O público, por sua vez, ao maravilhar-se com a novidade técnica, pode perder seu senso crítico devido ao contágio do deslumbramento do artista, ou por pura sedução das máquinas através do hábito de apertar botões. Mas, não seria justamente esse fascínio a fonte de uma visão crítica sobre a própria tecnologia? O que importa, para o artista, é estar consciente dos anseios do indivíduo, sabedor das realidades locais e pleno dos processos no mundo. Independentemente da técnica utilizada, importa realizar um trabalho que, como conceito, esteja imerso na atualidade.