15.7.09
O príncipe
É proibido comprar
Artista vive em crise financeira constante!
E por esse gostinho de não-crise, continuo trabalhando em Singapura (onde é isso mesmo ,heim?) onde não há crise porque o governo censurou (aparentemente os índices de declínio das bolsas pareciam pornográficos demais e foram detidos na imigração).
Aqui também teoricamente não se fala de religião (pra ninguém xingar o(s) deus(es) dos outros) ou política (numa utopia, discutir política pra que, pra derrubar ditador? tão achando que isso aqui é a tailândia?), mas praticamente só se fala de comida e ir ao shopping (parece São Paulo). Porque consumir é preciso, para comer e para fazer o dinheiro circular - o que seria da cosmologia singapuriana , se além de não poder mascar chiclete, fosse proibido comprar?
22.7.08
Janela da Alma
Gostaria de pedir uma ajuda. Não sei se anunciei aqui oficialmente, mas em 2007 virei "Lecturer", ou, Professora, de Communication Design no Lasalle College of the Arts em Singapura. É uma tremenda oportunidade, e estou em cargo de delinear todo o programa de história e teoria da comunicação visual. Logo eu, que reclamei tanto de escrever tese de mestrado, e que falei tão mal do Deleuze há meses atrás! Pois é, e agora que eu estou escrevendo tese de doutorado (porque sofrimento acadêmico eu gosto e é bom), estou in love with Deleuze. Não me critiquem, é que eu sou teoricamente volúvel mesmo - a cada vez que leio um autor novo, me entrego de corpo e alma, sem o menor respeito com todos os outros a quem me entreguei antes. Ainda bem que estão todos os mortos!
Bem, a vida tem suas ironias. Tenho que agora ensinar isso tudo para 300 alunos de Singapura e de alhures.
Como parte de uma aula sobre o olhar, gostaria de mostrar o filme/documentário "Janela da Alma". Alguém tem cópia legendada? É uma das melhores fontes que eu encontrei sobre o olhar. Alguém tem link? Pode rippar de algum DVD?
Agradeço.
3.8.07
17.5.07
Crítica do Fake
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Fake
Acho que ninguém mais pensa a sério em conceitos como verdade, pureza, início. Daí a curiosidade com uma exposição chamada Fake, do Grupo DOC, na Galeria 90. Se existe um fake, é porque existe alguma coisa que não seja.
Resta um aspecto que tem mais a ver com o vocabulário literário do que com o das artes visuais e que é o da metáfora.
A metáfora traz uma questão de complementaridade, seja como paralelismo ou oposição, entre os campos diegético e extradiegético.
(Agravada aqui pela virtualidade de um e outro: a exposição é de fotos, vídeos.)
O caso é que o Fake do Grupo DOC tem o fake e seu abismo de espelhos, e tem também um desejo de referência, ainda que metafórica, já que referência “toute courte” é uma impossibilidade filosófica. Há um universo, se não verdadeiro, puro ou inicial, pelo menos posto em paralelo - e incessantemente reabsorvido. E isso dá uma impressão de unidade composta por diferenças - que é a própria definição do que seja uma metáfora.
Assim é nas notas de dinheiro com ídolos pop, na cabeça romana feita de espuma, ou no irônico vídeo sobre história da arte.
Mas metáforas e outras construções de linguagem se completam na cabeça de quem as vê/lê. E, para isso, é preciso supor uma cultura uniformizada, comum, que compartilhe valores e símbolos, o que é mais uma dificuldade em época de pulverização de tribos, de agudo ressurgimento de grupos.
Existe um outro tipo de conceituação de construções artísticas, sem referentes ou metáforas. É o orgânico. Nasceu no período romântico do Século XIX mas o exemplo mais citado é o de James Joyce. O artista partiria de um núcleo - fragmento de memória ou experiência - que incha e cresce segundo critérios estéticos, como o som das palavras ou a textura da tinta. O defeito dessa teoria é a idéia de que há um conteúdo inicial sem forma (o fragmento de memória) que conquistará sua forma à medida que se afaste desse conteúdo inicial. Uma tautologia das boas, ausente, que bom, dessa exposição.
Então, recapitulando: o fake é fake assumido, em um mundo sem referências, onde também não há organicidades fechadas em suas peles; esse fake usa a metáfora como um simulacro de exterioridade, sendo que metáforas, infelizmente, também são uma construção e, pior, sujeitas a um compartilhamento cultural cada vez mais raro. O humor - porque tudo isso é feito com humor - se dá no nanossegundo em que você percebe isso.
E aí, que remédio, só rindo.
6.5.07
E foi só....
Já entendi que tem que mostrar carne e pele pra vocês se interessarem.
o IDCard ainda vive!
O projeto ainda está vivo. Se você ainda tem a sua conta no Fotolog, escaneia a foto rapidinho, e manda!
Obrigada.
5.5.07
Constelar
Pois eis que Dimitri além de astrólogo, também é antropólogo. Recentemente criou o blog CONSTELAR onde ele bota as duas coisas para funcionar: fala das conjunturas astrológicos de fatos relevantes na sociedade e política contemporâneas.
Vocês por acaso sabiam que Saturno em Leão provocou os últimos 2 anos de tensão para o governo israelense?
Ou que "Em se tratando da França, a conjunção entre Lua e Vênus ocorrida no equinócio da primavera cai na casa V [21/3/2007, 00:56, Paris], colocando as mulheres em evidência e com boas chances de cativar a população. A reta final e o primeiro turno das eleições francesas tiveram o Sol transitando pela conjunção Lua-Vênus e colocaram Ségolène Royal no segundo turno, contra o líder Nicolas Sarkhozy"? Amanhã comprovaremos...
O blog é detalhadíssimo: vem com o mapa astral desses eventos, com marcações, observações, interpretações, o que para os aficionados deve ser uma delícia. Fora isso, há uma seção de atualizações no site que anuncia o 11o. Congresso de Astrologia na América Latina, e curiosidades como a descoberta de que o planeta Éris é o verdadeiro regente de Touro.
Depois da consulta, o Dimi falou que estava interessadíssimo na China e tudo o que acontece no Oriente e comentei que a queda da bolsa de Pequim em fevereiro ocorreu exatamente durante o ano novo lunar chinês, na entrada do ano do porco.
2.5.07
29.4.07
Elogio a Alex Castro
E aqui vai uma resposta.
Ninguém me entende mais do que o Alexandre. Nos conhecemos na Escola Americana há meia vida atrás, parece que foi ontem.
Enquanto nossos amigos eram riquinhos (na época também éramos, hoje somos novos-pobres) e só pensavam em carreiras no mercado financeiro, nós dois bravamente queríamos ser artistas. Ele, editor do jornalzinho da EA, o Binóculo, e eu, a ilustradora. Ele, escritor desde pequenininho, e eu já metendo a mão nas tintas. Fomos juntos à Bolívia e ao Chile para fazer uma coisa bem nerd, mas muito divertida: participar do Knowledge Bowl, jogo de perguntas e respostas de cultura geral. Metidos-pra-caramba. Na Bolívia, ficamos desfalcados de um participante e contratamos um japonês anti-social pra resolver as perguntas de matemática além de botarmos um dinossauro de pelúcia para as perguntas de ciência. Claro que chegamos em último lugar, mas em grande estilo.
Já na faculdade, eu nos EUA e ele no Brasil, um dia recebi uma carta muito triste, que dividiu a turma de amigos para sempre. Alex me mandou uma lista enorme de todas as idiotices de adolescente que eu tinha feito, e na sua habilidade com palavras, fiquei desconcertada sem saber o que fazer. O resto da turma que também tinha lido a carta , ironicamente, aproveitou para brigar comigo também. Não entendi aquilo muito bem, foi difícil, mas mereci de alguma forma. Dois anos depois fizemos as pazes após horas de conversas, eu entendi os seus motivos e ele também entendeu os meus. Desde então somos melhores amigos. Mas com o resto da turma não falo há um década. Alex, aliás, acabou me fazendo um enorme favor. Triunfamos.
Vida vai, vida vem, retorno ao Brasil depois de uma temporada nos EUA e Alex era meu único amigo. Encaramos a bolha da Internet juntos e até hoje formamos uma bela parceria. Sempre que precisava de uma terceira opinião no Sobresites, eu ia lá dar uma força. Sempre que alguém precisava de um redator profissa, indicava ele. Até que, depois de nossas falidas e breves incursões pontocom, Alex teve a brilhante idéia da Usabilidade para podermos nos alimentar sem ter que abrir daquilo que realmente importa: a arte. E assim foi.
Claro que eu fui sempre umas das primeiras leitoras de todos os contos, e sempre disse o que eu achava. Se estava ruim ou chato eu dizia na lata, pois a primeira intuição é o que conta. Fiz por amizade, claro, mas também por princípio. Não vou deixar um amigo meu com um trabalho meia-bomba. Se importar com alguém é também se importar pelo seu trabalho. Se eu souber como consertar ou melhorar, eu falo e pronto. Eu estava detestando o Mulher de Um Homem Só...Alex não tinha decidido a voz do livro. Depois de terminado, dei uma brochada no final....porque raios a Júlia era artista? Aquilo tinha que ser relevante... Na arte é preciso justificar nossas escolhas...Eu sempre achei a arte é um processo colaborativo e lindo. Talentos têm que ser alimentados (literal e figurativamente). E quero que todo mundo também seja sincero comigo.
Casamos e nos descasamos e nos consolamos. Nossos relacionamentos falharam porque nossos parceiros eram incorrigíveis, e nós, sempre tentando segurar a onda. Claro que falhamos também, mas uma coisa é certa: tanto eu quanto ele vivemos os casamentos intensamente, "tudo o tempo todo". Nada como um amigo homem para me fazer entender o que se passa na cabeça de um bípede do tipo masculino. (Pra quem tem alguma dúvida, tenho os pés grandes, ossudos e feios, e também sou branca demais para o seu gosto. Eu acho que ele come carboidrato demais, e sempre que passo fim-de-semana com ele, acabo engordando 2 kg. Não daria certo nunca, ele é muito fresco e ainda é dono de um poodle infernal! Argh!)
Em inícios de 2003, Alex encontrava-se numa crise criativa. Estava trabalhando muito, levando o casamento à frente, e sem ânimo de escrever. Perguntei o que tinha acontecido, e percebi que o problema era disciplinar e que também precisava de atenção, de público, de troca. Sugeri que abrisse o blog para forçá-lo a escrever diariamente, mas ele resisitiu dizendo, como sempre, "que coisa ridícula!". Olha só no que deu. Esse blog até rendeu um mestrado nos EUA, mil mulheres, fãs, viagens e mais forro para os futuros romances.
Alex me educa. Tudo o que sei sobre literatura, pés, e casas de swing devo a ele.
Sempre que nos vemos, fazemos o clássico: andar pelo Centro do Rio, na Lapa ou qualquer outro lugar, por um dia inteiro, sentamos em uma mesa de café, olhamos a cidade e falamos sobre tudo.
E quando estou lá em Singapura, meio de saco cheio dos chineses ou do meu gringo, basta abrir o LLL "for a sense of home". Thanks for being my home.
17.4.07
Anônimo, porém legítimo
- Chacricha, post-mortem
"Digital Stadium" é um programa de televisão (...) cujo objetivo é um ser uma revista de talentos e inovação em imagens computadorizadas, mostrando o que é considerado o melhor em uma forma de arte em constante mutação.”
Nem todo artista digital se conforma com a anonimidade da rede, e até se esconde atrás de uma farsa para atingir qualquer grau de legitimidade e reconhecimento. Um programa de TV da rede japonesa NHK chamado “Digital Stadium”, que convida o público a submeter obras digitais, e fomenta e descobre muitos jovens talentos promissores” , mostrava dois jovens apresentadores com um “artista digital” convidado a apresentar sua obra digital para os telespectadores.
A obra do primeiro artista convidado era uma animação interativa que exibia o desenho de uma figura cujo nariz crescia de acordo com a intensidade e volume do som cantarolado por um coral de 50 participantes presentes no palco. A intenção da artista era criar uma obra de arte interatva que reagisse às vozes do coral, mas o resultado era cômico, beirando o ridículo. Para complementar a performance, os apresentadores chamaram dois “curadores” ao palco para avaliar a obra com comentários e críticas de lugar-comum, elogios, adjetivando a obra como “interessante e inspiradora”.
O segundo participante era um homem de 30 anos vestindo um uniforme escolar, um símbolo de fetiche na cultura japonesa, e uma mochila com um monitor de com uma câmera na mão. A imagem do vídeo era uma cena de alunos reais fazendo chacota do seu estranho aparato televisivo, vista nas suas costas. Na câmera, a filmagem de um novo pequeno poema filmado, geralmente vídeos que registram a reação de estranhos à estranha instalação.
O programa representa um oportunismo da televisão na cooptação de algo que “está na moda”. A presença de “curadores profissionais” que “aconselham, comentam e criticam as obras digitais submetidas ao programa” é significativa para dar uma chancela de seriedade ao programa, mas em nenhum momento a identidade desses curadores é revelada. Os artistas são anônimos e amadores, mas a avaliação de um especialista do sistema de arte, neste caso, é mais importante do que a audiência do programa. Alguém tinha que dar o aval para que a obra fosse levada a sério perante o sistema, da superestrutura institucional da cultura. O programa de TV propôs uma inversão da relação entre o centro e a periferia: o sistema de superestrutura da cultura representado em um sistema periférico da comunicação de massa, banal.
O programa, ao final, é refrescante porque mostra que a arte, sob qualquer forma, não é apenas tema para especialistas e nem deve ser “contida” dentro de museus ou lugares especializados de acesso – a arte é do povo e como Joseph Beuys disse, “cada homem é um artista.” Mas a ironia está no fato que mesmo assim, eram necessários os dois curadores.
O formato quase circense do programa de televisão, quando visto como um modo de representação, parece uma crítica ao sistema de arte e dos seus sistemas de legitimação através de curadorias e concursos. Ele põe em evidência a cultura do espetáculo em torno do zeitgeist das mídias digitais levado ao extremo, como em um programa de auditório, uma espécie de Chacrinha da arte digital. Poderíamos até imaginar o Velho Guerreiro perguntando ao seu público exultante: “É arte ou não é?” (e jogando um bacalhau ao mesmo tempo.)
“Na era digital, o computador se tornou numa mídia essencial de expressão:
É uma ferramenta para manifestar nossos pensamentos e sentimentos. Talvez o que nos espera é uma Utopia luminosa, ou uma distopia, onde nosso mundo é governado por máquinas".
5.4.07
26.3.07
Excessos
22.3.07
Polêmica Imagem
6.3.07
Next Stop: Bombay

Passar um tempo na Ásia sem ir à India seria um desperdício.
Amanhã, de malas prontas para Mumbai ou Bombay.
E, claro, na capital de Bollywood, não se pode deixar de ir ao cinema...para cantar o hino nacional indiano antes da sessão e depois se divertir com os bolly-films. Me disseram que o verdadeiro espetáculo é sentar ao lado de legiões de indianos que conversam, entram e saem do filme durante a sessão...e as sessões não têm hora marcada, é uma atrás da outra, é só entrar...Como vivencei em Havana há 10 anos atrás. Cinema como antigamente, não essa coisa de multiplex com cheiro de pipoca.
Um dos cinemas mais antigos da cidade é o Eros Cinema. Lindo nome, irresistível.