1.11.04

O Brasil e o Software Livre

Há algumas semanas assino a newsletter do DigitoFagia, um festival que surgiu de uma lista de discussão do qual pariticipma um grupo de artistas/músicos/videomakers e galera contemporânea jovem liderado por giseli vasconcelos, lucas bambozzi, pixel, ricardo ruiz, sandra terumi, tatiana well que militam pelo software livre. Acabaram de fazer um evento no Rio e São Paulo reunindo música, arte, debates sobre rádios livres e estação de cópia de CDs, entre outros temas.

Este é um dos grupos que milita pelo software livre cá nos trópicos, porque essa conversa já está no governo federal faz tempo. A conversa vai muito além de uma simples questão de copyright ou licenciamento de software e se estende até a música e outras questões de "propriedade" intelectual. O Gilberto Gil acha que o que está acontecendo é um certo tropicalismo da era das comunicações onde tudo se apropria, tudo se consome, como uma espécie de antropofagia dos nossos tempos.

O nosso antropofagismo já se tornou lugar-comum na nossa cultura, mas vale entender melhor até onde vai essa prática, ou atitude, cultural e o que ela representa para o Brasil de hoje. O que temos? Um patrimônio cultural (música, arte, literatura, etc...) que ainda é permeável apenas para poucos através do poder de compra, mas que tem vontade de se popularizar através de preços permissíveis, ou simplesmente através do "download". Como vemos na nossa pirataria galopante, o povo tem sede de conhecimento e de diversão e desenvolve seus próprios meios para atingir esse desejo. A cultura, como diz o governo, é patrimônio de todos, mas não está ainda ao alcance de todos. Tropicalizar a cultura, a inteligência, a pesquisa, o conhecimento, a educação é o caminho que o Brasil deve seguir. Ou não?

O nosso ministro e o governo já estão empenhados nisso. Começou com a quebra das patentes dos remédios para a Aids na era FHC, e o caminho é que essa mesma ação se espalhe para outros campos de nosso interesse, e o governo Lula parece empenhado nessa questão. A começar pela adoção do Linux como plataforma para toda a tecnologia de informação do governo. Por incrível que pareça essa é uma media anti-feudalista da nossa cultura ainda bastante feudal (olhem os termos: "propriedade" intelectual, "direito" de uso de imagem, etc...) e se pararmos para pensar, os modelos de negócios da cultura, como a música, por exemplo, estão perdendo milhões só por resistirem a abertura da informação (música) através da rede.

Foi participando dessa lista do Digitofagia que recebi uma indicação para ler este artigo na Wired, que descreve muito melhor do que eu, a situação do software livre e outras militâncias no Brasil atual: We Pledge Allegiance to the Penguin 

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