28.10.04

Nova serie de desenhos no meu fotolog

Acabo de inaugurar uma nova série de desenhos no meu fotolog. A série chama-se FlowerBomb e trata-se de uma série de desenhos feitos a nanquim sobre papel sobre um emblema que criei: a flor-bomba ou a bomba-flor. Esse símbolo reúne características minhas, ora doce e inocente e pura como flor, ora uma terrorista incendiária como uma bomba. Juntar os dois numa coisa só descreve umas das minhas múltiplas personalidades.

A flor-bomba ora é bomba ora é flor, pode estar na minha cabeça numa paisagem ou vem junto com um detonador. A flor-bomba está dentro de todos nós.

A flor-bomba nasceu durante uma conversa de telefone, não porque estava conversando sobre ela no telefone, mas surgiu de um desenhinho do tédio, daqueles pequenos desenhos inconscientes que surgem durante conversas de telefone quando se tem papel e caneta na mão. O rabisco foi tomando forma, foi tomando vida, e aí está, uma série inteira que inclui poemas, situações, personagens, ou ela mesma sozinha, pura, prestes a explodir.

Para quem já conhece o meu fotolog com as colagens de espaços do tédio (salas de espera, repartições públicas, aeroportos, estações de metrô, etc...) já sacou que o meu lance é a explosão do espaço a partir de seus fragmentos, que se materializam em foto-colagens. A flor-bomba, digamos é o elemento que detona esse espaço.



24.10.04

Figura 7

Acontece no Rio de Janeiro, hoje, na Rua Theodor Herzl 42/401, Botafogo, das 17 às 22h, o Figura 7 mais uma edição do Projeto Figura comandado pelas fotógrafas cariocas Cláudia Tavares e Dani Soter. São exposições de 1 dia em locais não-institucionais exibindo novos artistas, uma forma de driblar a rigidez do circuito de arte institucional. Nesta edição, Silvio Tavares, Rachel Korman, Julia Traub, Chico Fernandes, Claudia Bakker, e Marcos Bonisson.

Eu já exibi trabalhos em dois Figuras ( o 3 e 4, em 2003) , e a minha página está aqui.

22.10.04

Bienal : love it or leave it

Ainda não fui à Bienal.

Mas ouvi dizer de algumas pessoas que está muito ruim.

Que a pintura não está com nada.

Que as instalações são péssimas.

Que o que salva são as fotografias e os vídeos.

Alguém já foi?

O que vocês acharam?

18.10.04

isto e arte?

O leitor Marcelo Barros postou um comentário no último post com perguntas muito pertinentes:

1. Você não acha que a arte pode ter códigos baixos (para ser apreciada por pessoas comuns) e códigos altos (que serão apreciados por pessoas com conhecimentos mais profundos de arte)? Arte, pra ser boa, precisa ser hermética?

Isso é o que o Clement Greenberg dizia. Ele teorizou que uma obra de arte tem vários níveis de percepção, a primeira impressão é a da surpresa onde o gosto do espectador é o que define se ele vai continuar decifrando a obra ou não. Se passar pela barreira do gosto, o segundo nível de percepção é o da projeção, ou seja, o espectador projeta na obra algo que lhe é familiar porque isso auxilia na compreensão do que está vendo, ou sentindo, e por isso sente empatia pela obra. Depois, os graus mais abaixo são os de identificação cultural, histórica, etc., que é o grau onde os especialistas atuam. Um especialista vai invariavelmente colocar o trabalho dentro de um contexto cultural e histórico e daí avaliar se a obra tem maior ou menor relevância dentro do contexto da própria arte, e depois para o mundo em geral.

Isso é o que Greenberg diz, a grosso modo. Camadas de significado para cada tipo de público.

Marcelo, eu acho perfeitamente possível uma obra se comunicar com um público especializado ou leigo. Só que não sei até que ponto um artista busca essa comunicação tão estreita com o público. O que eu vejo geralmente é a necessidade do artista em agradar os críticos e curadores, figuras que contêm uma vasta informação e acesso sobre as "tendências" da arte contemporânea. Para um artista jovem, ser contemplado para expor numa grande exposição é maravilhoso, porque a carreira de um artista se faz através da visibilidade da obra, e quanto mais visibilidade mais chances de vender, quanto mais vende, mais possível se torna a vida de um artista sem ter que recorrer aos "day jobs". Então, uma arte hermética pra crítico ver torna se arte "boa" só porque é reconhecida e legitimada pelo meio especializado.

Agora, isso não quer dizer que uma arte "boa" para crítico seja uma arte "boa" para o público-geral. O crítico/curador busca alguma coisa na obra que remeta a alguma questão da própria arte e que tenha relevância histórica e cultural, o público geralmente é bem menos exigente, quer mesmo é que a arte proporcione uma "good experience". O artista sempre oscila entre esses dois extremos, como fazer uma arte que seja uma "good experience" e que tenha ao mesmo tempo um significado maior do que a própria obra? Como conciliar em uma instalação, video, fotografia, pintura ou desenho, o significado pessoal, com o histórico, com o cultural, com o dito "fenomenológico"? Há obras que tocam em um desses aspectos, outras em outros. Mas em todos esses anos que estudei e olhei arte nunca ninguém me convenceu que arte tinha que ser hermética para ser boa. Existe arte hermética boa e ruim, como existe arte popular boa e ruim.

2. Retomando uma discussão que já rolou por aqui, transcrevo abaixo os comentários de alguns dos visitantes da 26ª Bienal de Artes de SP... Pessoas comuns que foram lá apreciar arte:

Obra: Vital Brasil.
Artista: Thiago Bortolozzo.
O que é: Uma estrutura de ripas de madeira, idêntica àquelas que os pedreiros usam em construções.
Comentário: "Será que isso é uma obra de arte ou a reforma do pavilhão? Tem muita coisa louca, fica difícil saber o que é instalação." (Teresa Brito, dona-de-casa)

Obra: The Field II
Artista: Ingrid Book e Carina Hedén
O que é: Pilhas de jornais com notícias do campo.
Comentário: "Para mim, é um monte de jornal empilhado, mas vai saber... Será que é arte ou pode pegar?" (Anderson Izidoro, caseiro)

Isso é arte?


Porque não seria?

Quer dizer, pra entender essa arte tem que ser especialista no assunto?

Não. Basta ter um pouco de senso de humor. O bom da arte contemporânea é que tem um pouco para todo mundo. É um exercício de tolerância.

Uma instalação é uma obra em aberto. Não é mais necessário uma definição de dicionário para pintura, escultura, desenho, etc. Tudo é possível, separadamente ou em conjunto. Mas concordo que a dona-de-casa possa ter se sentido perdida, ela obviamente não encontrou ali nada que pudesse reconhecer como "arte", não viu nada ilusório nem emoldurado. Acho que essa obra do Thiago fez com que ela avaliasse o que ela define como sendo arte, o que ela percebe como sendo arte. Esse é o mesmo questionamento que o própria artista se faz: o que é arte? o que pode ser arte? quais são os limites da arte? como posso transmitir, através da minha obra, uma nova definição ou possibilidade de arte?

Mas adorei o caseiro. Se fosse arte ele não poderia pegar no jornal? Só pelo fato desses jornais estarem expostos em um museu durante a bienal de arte já torna aquilo arte e dever ser elogiado, criticado, julgado como arte. Caso contrário, o que fariam esses jornais ali? Será que algum entregador da Folha de São Paulo resolveu dar uma soneca dentro do Ibirapuera durante o serviço? Arte contemporânea também é uma arte que pode não ter "cara" de arte, mas que, se estiver dentro de um espaço de arte, é arte e ponto final. Daí a proliferação de museus de arte contemporânea em qualquer cidadezinha de terceira mundo afora. O museu não é mais só para a arte antiga dos mortos, é também um espaço que legitima qualquer criação atual abrigada por ela. Agora, se pode pegar o jornal ou não é uma decisão dos artistas. Em alguns casos poderia, porque não?

Não é possível uma arte que se comunique tanto com uma dona-de-casa e com um caseiro num nível e com um professor de história da arte em outro nível?

Sim. Mas conseguir agradar a pluralidade dos espectadores da bienal é uma tarefa dantesca. O que um artista deve conseguir atingir em ambos públicos é fazer o espectador ver a arte sob uma nova ótica, uma nova possibilidade. E quando a arte é boa, o caseiro e o curadro vêem da mesma forma.

11.10.04

O melhor artista-pate

O meu querídissimo amigo LLL está fazendo uma semana de textos comemorativos da morte de Jacques Derrida, um filósofo francês da geração de 68.

Na semana passada passei no concurso para o Mestrado em Linguagens Visuais da UFRJ, com direito a bolsa e tudo, e para isso passei o último mês forrando a minha mente com os últimos 150 anos de história da arte, incluindo aí todos os textos pós-modernos que incluem Derrida, Foucault, Deleuze, etc...Parecia até que eu estava estudando para o mestrado em filosofia, mas não, era para o mestrado de arte mesmo.

Fazer mestrado em arte significa criar um discurso cheio de notas de rodapé para agradar o pessoal da banca. Com o mestrado vou poder dar aulas em universidade e fazer com os alunos exatamente o que eles vão fazer comigo: estufar o pobres coitados de fiflosofia da arte inintelígivel como se estufa um ganso para que dele saia o melhor pâté, ou a malhor arte-pâté.

Quem acha que mestrado em arte no Brasil é só aprender a ter mais consistência nas pinceladas está muitíssimo enganado. Porque hoje em dia, depois do papo pós-moderno/estruturalista, dizer que a pincelada tenha valor intrínseco em si é quse um crime inafiançável. Nada mais pode ser como lhe parece. E com esse modus operandi, todo o romantismo que um artista tem em relação ao seu trabalho escorre para o ralo. O resultado é arte carreirista, aquela arte que o cara sabe que vai ser aceita por todos os críticos e teóricos, mas que o público olha e faz cara de quem chupou um limão azedo. Quer dizer, quanto menos popular, melhor é, porque arte é coisa para especialistas, quase como a física para os físicos, tem importância para a própria disciplina, mas não diz nada para um ser humano qualquer. Não que eu seja a favor de uma arte de fácil aceitação, porque quem faz isso no fundo é um decorador de interiores frustrado, mas que o artista, no mínimo, tenha um compromisso com a sua própria sintaxe, seja ela fundamentada pela escola de Frankfurt, pelos franceses de 68 ou por qualquer outro pensamento construído a priori. quando isso acontece, vê-se a arte que é ilustração de conceito e que morre por aí, ou seja, existem muitos artistas que adoram parir fetos nati-mortos.

O desafio para mim, ou qualquer um que entre para a academia é manter a sua própria liberdade. POrque a "corja francesa" está aí, de tesoura na mão, para cortar as asas dos mais astutos. Só surta quem achar que a teoria está além da sua obra, quando geralmente é o oposto. Não há teoria capaz de dar conta da obra de um artista. As críticas e os historicismos são apenas construções para tentar derrubar qualquer indício de vida e inteligência na arte.

30.9.04

Pin Me Up



Atenção fãs de pinups, fetichistas e adoradores de mulheres más em geral: Miss Jaya (foto acima) acaba de lançar o site PinMeUp, site com fotos de pinups fotologueiras e rainhas da cena gotico-erótica. O site tem área para membros com direito a visualizar todos as fotos dos ensaios e ainda abrem espaço para colunistas que entendam do assunto mulher má como ninguém.

O termo "pinups" têm origem na segunda guerra mundial quando os soldados botavam fotos das estrelas de hollywood nas paredes do submarinos com tachinhas ou "pins" para matar a saudade da presença feminina na triste vida de soldado. Frequentemente haviam fotos das grandes divas do cinema e no meio delas fotos da mamãe e da namorada. Mas a idéia da pinup é o erotismo sensual da mulher que interpreta alguma persona sexy, frequentemente jogando com a questão do fetiche. É um jogo de sensualidade que enlouquece os homens e estimula as mulheres.

Gostou do sapato vermelho? tá esperando o quê?

25.9.04

Arte de portas Abertas

Pra quem mora no Rio de Janeiro, começa hoje o Santa Teresa de Portas Abertas. São 48 ateliês de artistas abertos ao público das 11h às 20h no sábado 24 e domingo 25. Recomendo os ateliês dos artistas Regina Marconi, Renan Cepeda, Julio Castro, Nadam Guerra, Jean-Baptiste, o Espaço Bananeiras com Leonardo Videla, todas as obras dos coletivos de artistas que estarão nas ruas, e a exposição coletiva que está no Casarão da UNEI, da qual estou participando, que fica na Rua Monte Alegre 294.

Veja a programação inteira do evento e o novo site da Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa - a Chave Mestra

21.9.04

Campanha eleitoral

Fui a um vernissage ontem, e saí de lá com mais santinho de campanha na mão do que arte na cabeça.

Projeção/Debate

Para quem mora no Rio e se interessa por arte e por Internet, quinta-feira farei uma projeção do meu trabalho "Imagem-Código" que vocês podem conhecer aqui.

A Joana Mazza, interneteira e fotógrafa também fará uma projeção do projeto "Válvula" que foi concebido a partir de uma lista de discussão que ela participa há anos.

Nós duas lidamos com a questão das relações na internet e como transformamos isso em arte. É bem interessante, vale a pena ir. Abaixo, o convite:



16.9.04

Código da Vinci censurado

Já foi um absurdo o Irã ter censurado o livro do Salman Rushdie anos atrás, mas o governo do Líbano ter mandado recolher o Código da Vinci das livrarias é demais. Dizem que os católicos de lá ficaram ofendidíssimos com o livro porque o autor diz que Jesus não era virgem e que tinha tido filhos com Maria Madalena.

Eles alegam: "São coisas difíceis de aceitar para nós, mesmo que se suponha que seja ficção. O Líbano é um país que tem muitas comunidades religiosas diferentes, e ainda há leis que proíbem artigos que ofendam às diferentes comunidades religiosas."

Até aí o Brasil também ter diversidade religiosa, mas não tem nenhum conselho de segurança dentro do governo que proíbe a publicação de livros de qualquer espécie. "Uma fonte do setor de segurança disse que o Líbano, onde convivem muçulmanos, cristãos e drusos, há anos pede conselhos às autoridades religiosas sobre livros potencialmente perturbadores."

(O Código da Vinci, perturbador?)

Mas o Líbano tem uma história de libertarismo se comparado aos seus vizinhos mais fundamentalistas no Oriente Médio, e antes da guerra civil, era um oásis no meio de todo aquele conflito, livre desse tipo de intolerância. Concordo que deve ser um desafio ter 3 grupos religiosos diferentes (cristãos, muçulmanos e drusos) convivendo em um país micro em zona de conflito, mas dá um tempo. Pelo menos os muçulmanos sabem que Maomé tinha um harém, e que a mulher dele, Fátima tem um papel importantíssima na fundação do islã. Não sei em que os drusos acreditam, afinal quem são eles?, mas tomara que os drusos não sejam tão hipócritas quanto os cristãos. Eu, particularmente, fiquei aliviada de saber que Jesus teve relações sexuais. Seria muito estranho se um homem tão genial fosse um asceta ou um celibatário. Aliás, o celibato foi inventado no século 9 para garantir que a propriedade da Igreja não pudesse ser transferida de mãos através de heranças. Controla-se o pinto do padre e o patrimônio sagrado esta garantido.

Mas aquela parte do mundo não tem jeito mesmo. Desde o tempo de Jesus era assim, até as Cruzadas, e até hoje ninguém sabe em que acreditar ali. Aliás, Jesus morreu por justamente esse tipo de intolerância, e aí 2000 depois vem um governo idiota cometer os mesmos erros. Às vezes me pergunto se existe evolução dentro da nossa espécie, mas sei que no cristianismo certamente não há.

Leia o artigo todo

11.9.04

portfolio

Estou entrevada no computador há dias preparando o portfolio para a seleção de mestrado para aquela universidade localizada na ilha mais fétida do Brasil. Ano passado me classifiquei mas as vagas eram poucas e optaram por outros fétidos candidatos. Mas esse ano, I will not take no for an answer.

Estou vendo o saldo de 2 anos de trabalho bastante satisfeita, tenho 3 ou 4 vertentes que não têm nada a ver uma com a outra. São foto-montagens, pinturas, desenhos, sketchbook, projetos em rede, arte com Google, e mais um zilhão de idéias que não cessam de brotar. O desafio é juntar tudo isso num pacote coerente. Ou não.

Acho que vou mostrar que eu sou esquizofrênica mesmo, um caso psicanalítico sem solução. Se eles quiserem linearidade e caretice, melhor escolher um homem ou um CDF que pinta por números, porque linearidade e absoluta coerência eles nunca vão poder cobrar de mim, porque simplesmente não tenho essas qualidades. Mas em toda loucura há método. O método consiste em sempre fazer uma coisa achando que é outra: arte feita com imagens do Google que mais se parecem pinturas, foto-montagens que ecoam desenhos analíticos de arquitetura, projetos em rede que são estudos antropológicos. Nada é o que parece ser, e tudo também pode ser outra coisa, ou nada, e foda-se. Essa sou eu, pulo de galho em galho, sem compromisso nenhum com uma mídia ou questão específica, mas me dedicando profundamente a esse processo de mudar de um lado pro outro. Se eles estão achando que a academia é uma espécie de reformatório para artistas confusos, estão enganados. O lance é que a academia é só um trampolim para o resto do mundo. O resto é você quem faz.

Dessa vez, eles vão ter que me engolir!!!

8.9.04

500 anos mas com corpinho de 15

Hoje o David de Michelangelo, sua escultura mais famosa, completa 500 anos desde a sua inauguração em Florença em 1504. Nesse ano, o Brasil ainda nem era país e ainda havia muitos índios por aqui.

Mas cá entre nós, esse David pode ter meio milênio de existência, mas que tem um corpinho de 15 tem. Olhem só essa vista.

7.9.04

Freud e o Vulcão

Passei a semana passada na Patagônia, aos pés de um dos muitos vulcões ativos naquela região. Fiquei impressionada com o fato da terra lá ser negra assim como a areia dos leitos de rios e dos lagos. Linda a paisagem do extremo sul do continente, deserta, até um pouco monótona por ser muito homogênea devido à pouca vegetação, mas não menos dramática. O vulcão ficava cuspindo fumaça todos os dias, e eu desejando que aquele vulcão entrasse em erupção só para ver aquela língua de lava lambendo as encostas, e quem sabe, me petrificando junto, como se fosse uma Pompéia.

Levei apenas um livro para ler durante a viagem "A interpretação dos sonhos" de Freud e mais um sketchbook, mas não consegui levantar o lápis para desenhar uma linha sequer. Freud vê o vulcão como uma metáfora do sexo, e mais precisamente, da libido que é a origem da energia psíquica que consequentemente é utilizada para a realização das coisas na vida. Para Freud sexo é metáfora para tudo. Adoro essa idéia porque é uma generalização incrível, e gosto de generalizações acertadas, ao invés de precisões sem significado.

A metáfora da energia psíquica (libido) como um VULCÃO subconsciente cheio da energia obscura do instinto se refere a estruturas de pensamento que determinam nossos sentimentos e comportamentos em um estágio muito primitivo, onde os instintos mais básicos são exercidos: fome, agressão, territorialidade. Um vulcão em atividade, mas não em erupção significaria então que todos esses sentimentos ou instintos estão ativos porém latentes, e Freud chamaria um vulcão em atividade de libido reprimida, dado que ela seria liberada quando o vulcão entrasse em erupção.

Ou seja, a erupção do vulcão significaria um orgasmo do planeta. Lindo essa imagem, da Terra tendo orgasmos, gozando pedra quente e destruindo tudo em volta com um suspiro fulminante. Mas eu fiquei só vendo a fumacinha, quem sabe de um foreplay muito bem feito lá nas profundidades do cortex do planeta. De qualquer maneira, tomei banho nas águas termais, naturalmente aquecidas, como orgasminhos planetários, e eu ali no meio cozinhando feito um pastel gyoza, me refestelando na libido da Terra e esperando que essa libido me contagiasse também.

Freud pode ter vários problemas nas suas teorias, mas acho maravilhoso poder ler sobre a libido e como ela é a metáfora da vida, do processo da vida, daquele tempo entre nascimento e morte, e das pequenas (ou grandes) erupções vulcânicas que acontecem no meio disso tudo...

26.8.04

Viajando

Prezados Leitores,

Eu sou de sumir da face da terra sem avisar.

Mas desta vez, já vou avisando, estou viajando e volto daqui a uma semana.

Dia 7/09 abro exposição em Córdoba, na Argentina. Vou mostrar o mesmo material que expus em abril em Buenos Aires. Para saber mais sobre a exposição, leiam este artigo do meu amigo LLL que escreveu uma excelente resenha sobre o meu trabalho" Isabel Löfgren: Identidade e Privacidade na Internet".

Para ver os trabalhos da exposição, a série começa aqui lá no meu fotolog.

Até a volta!!

25.8.04

No rabo do cometa

Vou entrar na onda do meu amigo LLL, vou apelar.

Vocês que visitam o meu blog de vez em quando e entram dentro do meu universo artístico-imagético deveriam ser os primeiros em me apoiar nas minhas iniciativas artísticas, ou seja, meus projetos. Para que eu possa continunar sendo artista e não me prostituir em um emprego burocrático qualquer é fundamental que eu possa exercer a minha arte, sob pena de nunca mais poder contribuir com nada para vocês. Não fazer arte significaria terminar o blog e qualquer atividade relacionada à arte. Em suma, seria a minha morte. Vejam bem, não estou pedindo dinheiro, só estou pedindo uma foto boba.

Mas porque peço a ajuda de vocês? Porque um dos meus projetos só pode ser concretizado se vocês participarem maciçamente. O projeto depende exclusivamente da participação de usuários de internet. Tenho um fotolog de grupo, o idcard, cujo objetivo é juntar fotos de identidade das pessoas que navegam no fotolog. O intuito é fazer um retrato dessa galera que navega freneticamente pela internet, meio que revelando a sua identidade a partir do documento que legitima a minha/sua existência perante o mundo: a foto de identidade. O interessante é que eu não sei a verdadeira identidade de ninguém ali, já que quase todo mundo usa um pseudônimo, e assim se cria uma contradição, uma ambiguidade que eu acho maneiríssima e interessante do ponto de vista de uma arte que é feita em rede, como uma colaboração. Para que um artista usaria a internet no seu trabalho se não fosse para isso?



Poucos dos que navegam aqui foram lá e postaram. Pois bem, convoco todo mundo a tirar 5 minutos para escanear a sua foto de passaporte, identidade, carteira de motorista, o que for, e postar . Se você não é membro do fotolog, envie a sua foto para idcard_project@yahoo.com que eu postarei por você. Penso que se vocês têm o trabalho de postar fotos suas no Orkut, Multiply, etc, porque não postar fotos para algo que seja realmente útil? Toma muito menos tempo e o retorno é muito maior. Garanto.

(E já que vocês vão parar no fotolog, continuem acessando o meu fotolog não-colaborativo, ou seja, pessoal, para ver os espaços do tédio. A cada ida minha a uma sala de espera ou lugar burocrático, aparece uma nova foto-montagem. Elas estão ficando cada vez mais sofisticadas, e para quem mora no Rio de Janeiro, em breve estarei expondo essas fotos em alguns lugares.)

Aqui vai o texto que introduz o projeto IDCARD lá no fotolog:

A maioria das pessoas se acha muito feia nas fotos de seus documentos. E é verdade.

IDCARD, diferente de todos os outros fotologs de grupo, não é um concurso de beleza. É um lugar onde os fotologgers postam suas fotos de identidade para que se possa atrelar um rosto ao pseudônimo usado nesta comunidade. A sua foto de identidade é o que faz de você uma pessoa aos olhos das autoridades, o que faz com que essa foto seja uma expressão do que você é, ou do que você representa. Sem ela, você não é ninguém, pelo menos não para a sociedade moderna que vigia seus cidadãos das maneiras mais diversas. Este projeto é, de certa forma, uma crítica à cultura de vigilância em que vivemos.

Para realizar este projeto, só o que eu preciso é a sua foto de identidade. Não quero saber nenhuma outra informação além da foto, pois o seu número de identificacão é completamente irrelevante. Seja criativo, poste uma foto com um penteado estranho, uma em que os olhos estão fechados, ou a foto de identidade da carteira militar do seu avô que serviu na segunda guerra mundial. Uma participante postou fotos de identidade de todas as etapas de sua vida, gostei muito.

*RULES/Regras:
1. Não envie fotos se vc não quer participar do projeto. Se uma foto for enviada ela será usada e você estará dando total permissão de uso. O seu nome ou username será inteiramente preservado do conhecimento do público.

2. Se você está escaneando a sua carteira de identidade ou qualquer outro documento de identificação mande somente a foto, não o nome, número de identidade ou endereço. Escaneie em uma qualidade razoável.

3. Você pode enviar qualquer foto de qualquer documento de identificação (identidade, passaporte, carteira de motorista, etc.)

Muita gente que quer participar não está postando fotos porque não tem scanner. Não faz mal. Pode tirar uma foto da sua identidade, da mesma maneira que vcs tiram as fotos que vcs postam nos próprios fotologs. Só garantam que a foto esteja em foco com qualidade razoável. Tirem as fotos da ID a 90 graus do cartão para ter o menos distorção possível.



SOBRE O PROJETO

ID_card é um projeto colaborativo de artes plásticas iniciado pela artista plástica Isabel Löfgren. "Colaborativo" significa que o projeto se faz através dos esforços de uma comunidade empenhada para cumprir os objetivos do projeto onde a presença da artista se faz através da criação da idéia.

O objetivo do projeto é montar um projeto de artes visuais com fotos enviadas pelos usuários deste mecanismo. É uma extensão da minha pesquisa sobre relações virtuais na internet a partir das imagens que são inseridas na rede, e o resultado será uma espécie de "retrato" desta comunidade.

Se quiser postar uma foto, fica avisado que a artista automaticamente terá total liberdade de uso das imagens na confecção de obras de arte que serão posteriormente exibidas em exposições coletivas.

Sua foto não será manipulada ou distorcida, as fotos individuais não serão comercializadas pois somente serão usadas para o projeto de arte, e sua identidade será preservada, pois não interessa ao projeto o seu nome verdadeiro ou endereço.


OBRIGADA!

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Captaram? Então, mãos à obra!!!