AMEI os comentários no post sobre arte e computador.
Para mim a questão é simples: a arte sempre andou agarrada a todas as inovações tecnológicas. Quando inventaram a tinta a óleo vendida pronta em tubinhos, os impressionistas falaram "oba!! agora posso pintar no meio do mato com um cavaletezinho sem ter que levar uma penca de assistentes pra ficar macerando pigmento na floresta!" Imaginem que se não fosse a tinta em tubinhos, a maioria esmagadora de telas impressionistas nunca teria sido feita. Pois foi justamente o tubinho portátil que permitiu que os caras estivessem ali, in loco, observando a mudança da luz que transmitiam aos seus quadros...
Agora imagina o século 21. Sociedade pós-capitalista pós-feminista pós-pós-moderna. Guerras comandadas de bases longínquas através de tecnologia. Telefone Celular. Internet. Como é que a arte pode ficar à margem disso tudo? A arte é sempre uma reflexão da inovação da época corrente. Se hoje a questão de conectividade e acesso a informação é uma das mais importantes na história contemporânea, é natural que a arte encontre um espaço ali.
Eu acho que o computador veio adicionar muita coisa à arte. Concordo que esteticamente, a maioria das ilustrações digitais feitas por aí são um tédio e cafonas. MAS, quando falo arte+computador não falo de estética. Caguei para a estética. O interesse está no sistema de captura e disseminação de informação, de como as imagens vão parar num site, o que acontece com elas, e como saem de lá. Em como a informação pura pode se tornar um agente de entendimento da nossa época muito mais eficaz e elucidativo do que tinta a óleo sobre tela.
O computador também não exclui ninguém. Ainda se fabricam anualmente toneladas de tinta a óleo para pintar sobre tela. A fotografia digital é para a fotografia mecânica o que o telefone comum é para o telefone celular. A função é a mesma, o objetivo idêntico. Só muda a tecnologia.
Mas a gente pode passar o dia inteiro debatendo as "receitas" para fazer arte. O que importa pra valer é o seguinte: é o OLHAR. Com o olhar, faz-se boa arte até com um pedaço de pau, lixo, com o próprio corpo, ou com a meleca que acabou de tirar do nariz.
Tudo é significado. E eu não troco a minha arte feita com computador por nada nesse mundo. É a fronteira das possibilidades.
3.3.05
Rule-based Art
Na PaceWildenstein em NY, uma exposição sobre "Rule-Based Art", traduzindo: arte feita a partir de regras.
Do release: Logical Conclusions explores the work of dozens of artists who apply a system of rules to their process of creation, resulting in artwork that ultimately becomes created, generated, and constructed by the imposed algorithm. As Glimcher states in his essay, the rule-based art on exhibit is “created utilizing one or more logic-based systems to direct the design and creation of the object.” The systems may be based on or derived from mathematics, logic, and game theory and therefore can range from the use of scientific proofs to arbitrary yet personally consequential rules. The processes extend from formula based systems with deterministic outcomes to variable systems that allow for the artist’s hand to show through to systems of chaotic processes whose results are completely unpredictable.
E é exatamente o que eu faço com os meus painéis compostos de imagens que busco no Google....crio o método, aplico o algoritmo, e o resultado é a manifestação de um sistema, de uma "vontade" imposta pelo método, e não sujeito à minha inspiração subjetiva/divina. Gosto de fazer porque não é indulgente. Sistemas de pensamento são mais poderosos do que a estética...
Do release: Logical Conclusions explores the work of dozens of artists who apply a system of rules to their process of creation, resulting in artwork that ultimately becomes created, generated, and constructed by the imposed algorithm. As Glimcher states in his essay, the rule-based art on exhibit is “created utilizing one or more logic-based systems to direct the design and creation of the object.” The systems may be based on or derived from mathematics, logic, and game theory and therefore can range from the use of scientific proofs to arbitrary yet personally consequential rules. The processes extend from formula based systems with deterministic outcomes to variable systems that allow for the artist’s hand to show through to systems of chaotic processes whose results are completely unpredictable.
E é exatamente o que eu faço com os meus painéis compostos de imagens que busco no Google....crio o método, aplico o algoritmo, e o resultado é a manifestação de um sistema, de uma "vontade" imposta pelo método, e não sujeito à minha inspiração subjetiva/divina. Gosto de fazer porque não é indulgente. Sistemas de pensamento são mais poderosos do que a estética...
2.3.05
Computer artist ou critica?
Dos corredores da arte contemporânea:
Eu sentada no computador do atelier do meu chefe, um pintor famoso no Rio de Janeiro. Entra o novo assistente da "cozinha" dele, e me pergunta:
"Isabel, você vai fazer mestrado?"
- Começo semana que vem no Fundão...
"Você vai estudar crítica de arte, né?
- Não, Linguagens Visuais, a linha do mestrado para artistas praticantes...
"Você não é artista, é?"
- Se vou fazer mestrado para artistas praticantes acho que isso me qualifica com artista que faz arte...
"Mas você não mexe com computador?"
- Sim. Eu e 2 bilhões de pessoas no mundo...
"Então você não é artista...."
- Não é artista quem NÃO mexe com o computador!!!
Foda. Pleno 2005, e ainda tenho que ouvir essas merdas....
Eu sentada no computador do atelier do meu chefe, um pintor famoso no Rio de Janeiro. Entra o novo assistente da "cozinha" dele, e me pergunta:
"Isabel, você vai fazer mestrado?"
- Começo semana que vem no Fundão...
"Você vai estudar crítica de arte, né?
- Não, Linguagens Visuais, a linha do mestrado para artistas praticantes...
"Você não é artista, é?"
- Se vou fazer mestrado para artistas praticantes acho que isso me qualifica com artista que faz arte...
"Mas você não mexe com computador?"
- Sim. Eu e 2 bilhões de pessoas no mundo...
"Então você não é artista...."
- Não é artista quem NÃO mexe com o computador!!!
Foda. Pleno 2005, e ainda tenho que ouvir essas merdas....
Never So Close, Never So Far...
Continuando o assunto sobre relacionamentos a longa distância e como a tecnologia torna-se um instrumento de proximidade, até mesmo no amor...Este casal de americanos, impossibilitados de viverem na mesma cidade, utilizam a tecnologia de PodCasting para manter-se em contato 24/7, sabendo tudo o que outro faz, onde está, o que pensa...Parece mundano, mas a asobrevivência do amor deste casal depende intrinsicamente da tecnologia móvel de áudio, vídeo, foto e texto...Não é lindo?
Conheço algumas pessoas que mantêm relacionamentos on-line, como minha amiga que conheceu o atual namorado turco pelo ICQ (saudades do ICQ!!) e hoje passa 3 meses do ano em Istambul, mas quando estão vivendo separados se comunicam por mensagens de texto pelo celular o dia todo, além do Skype (Voice over IP), MSN, etc...(sorry, não linko pro MSN porque é da Microsoft e sou partidária do software livre). Ela pensa em ter filhinhos e tudo o mais com o seu amor turco, e o cotidiano só é possível por causa da internet.
Viva o amor!!!
O site:
From the busy, lonely halls of post-Valentine's Day winter comes a project about 'two people in two places living together while apart.' 'IN Network' is a collaboration between bi-coastal conceptual sweethearts Michael Mandiberg (New York) and Julia Steinmetz (Los Angeles). Presently unable to live in the same city, they opt to occupy the same routines, which they synchronize and electronically relay to each other through sets of camera phones and microphones. Powered by a phone promotion that allows for unlimited airtime between clients who are 'in network,' Mandiberg and Steinmetz are in touch 24/7. During the month of March, Turbulence.org will host webcasts, podcasts (audio broadcasts distributed to hardware via software subscription), and a moblog (blog of mobile phone photography) to transmit to an online audience the constant correspondence that describes their fused existence: 'driving to/from work, eating dinner, giving lectures to students, going for walks, ! having cocktails, reading books in silence, falling asleep and waking up.' This sharing of lives, though consisting of the mediatized and mundane, is less entrenched in data and detritus than it is in the lives of, and new possibilities for being, people. - Kevin McGarry (Rhizome.org)
Acompanhe Michael e Julia em INNETWORK
Conheço algumas pessoas que mantêm relacionamentos on-line, como minha amiga que conheceu o atual namorado turco pelo ICQ (saudades do ICQ!!) e hoje passa 3 meses do ano em Istambul, mas quando estão vivendo separados se comunicam por mensagens de texto pelo celular o dia todo, além do Skype (Voice over IP), MSN, etc...(sorry, não linko pro MSN porque é da Microsoft e sou partidária do software livre). Ela pensa em ter filhinhos e tudo o mais com o seu amor turco, e o cotidiano só é possível por causa da internet.
Viva o amor!!!
O site:
From the busy, lonely halls of post-Valentine's Day winter comes a project about 'two people in two places living together while apart.' 'IN Network' is a collaboration between bi-coastal conceptual sweethearts Michael Mandiberg (New York) and Julia Steinmetz (Los Angeles). Presently unable to live in the same city, they opt to occupy the same routines, which they synchronize and electronically relay to each other through sets of camera phones and microphones. Powered by a phone promotion that allows for unlimited airtime between clients who are 'in network,' Mandiberg and Steinmetz are in touch 24/7. During the month of March, Turbulence.org will host webcasts, podcasts (audio broadcasts distributed to hardware via software subscription), and a moblog (blog of mobile phone photography) to transmit to an online audience the constant correspondence that describes their fused existence: 'driving to/from work, eating dinner, giving lectures to students, going for walks, ! having cocktails, reading books in silence, falling asleep and waking up.' This sharing of lives, though consisting of the mediatized and mundane, is less entrenched in data and detritus than it is in the lives of, and new possibilities for being, people. - Kevin McGarry (Rhizome.org)
Acompanhe Michael e Julia em INNETWORK
27.2.05
Segredos online
Um dos assuntos que mais me interessam nessa web maluca em que navegamos é a total anonimidade do autor. Você pode ser de qualquer cor, gênero e credo e tanto faz. O que vale é quem você diz que é e a informação que você introduz na rede. Porque se ater à verdade? Se você não gosta de si, cria uma persona na internet que representa o que você quer ser e ninguém vai te encher o saco. Mas vida de simulacro e simulação tem limite no nosso ser...Alguns sites e obras de arte online utilizam o aspecto confessional da web para mostrar a "verdade" escondida de cada um...sem identidade revelada você pode ser o mais autêntico que quiser ser, ou não. E quem se importa com a "verdade"? Os sites abaixo são deliciosos porque lidam exatamente com esse aspecto da "verdade" que nós seres humanos não conseguimos largar, e nem daquela prática cristã incômoda de "se confessar" como um modo de dividir o segredo com deus. Ou com um computador. Tanto faz...
Sugestões de projetos de arte online para aqueles que simplesmente não conseguem deixar de bisbilhotar na vida dos outros e também não conseguem manter segredos por muito tempo:
Grande sugestão de visita da maravilhosa DaniCast: POSTSECRET, projeto colaborativo onde pessoas mandam cartões postais com seus segredos ilustrados via correio para um endereço nos EUA e depois são postados nesse blog...E eu, que sou tarada por cartões postais que coleciono desde pequeninha e que compro em todos os sebos possíveis, obviamente me amarrei!!!
O site CONFESS permite que o usuário poste suas confissões.A cada confissão postada você tem direito a fazer uma resenha de uma outra confissão e assim "qualificar" e comentar a confissão de outro anônimo, para que "this little self destructive site keeps humming." É muito legal.
Sugestões de projetos de arte online para aqueles que simplesmente não conseguem deixar de bisbilhotar na vida dos outros e também não conseguem manter segredos por muito tempo:
Grande sugestão de visita da maravilhosa DaniCast: POSTSECRET, projeto colaborativo onde pessoas mandam cartões postais com seus segredos ilustrados via correio para um endereço nos EUA e depois são postados nesse blog...E eu, que sou tarada por cartões postais que coleciono desde pequeninha e que compro em todos os sebos possíveis, obviamente me amarrei!!!
O site CONFESS permite que o usuário poste suas confissões.A cada confissão postada você tem direito a fazer uma resenha de uma outra confissão e assim "qualificar" e comentar a confissão de outro anônimo, para que "this little self destructive site keeps humming." É muito legal.
18.2.05
Relacionamento online
Recebi o seguinte comentário do H. , em resposta à pergunta: até que ponto o relacionamento virtual pode ser um subsituto para um relacionamento real, de corpo?
H. comentou:
Não substitui. Posso garantir.
Conheci minha ex-namorada em um chat e namoramos por três meses, me apixonei perdidamente por sua inteligência e experiênica de vida; mas quando conversávamos via msn era terrível. Sempre brigávamos e era insuportável mais que 15 minutos de conversa online. Ao vivo nos dávamos muito bem, tanto que o namoro terminou por outros motivos extras, mas online posso lhe dizer que era broxante.
Queria saber se vocês tem alguma história para compartillhar. Me fascina essa capacidade afetiva da internet, tenho visto isso em muitos sites de namoro, que são o alvo da minha pesquisa comportamental e visual de agora. Me pergunto se o amor através dessa mídia é diferente por causa da mídia, se a facilidade tecnológica dita um certo tipo de comportamento antes impossível. Ao mesmo tempo fico analisando os romances epistolares escritos desde que o mundo é mundo e acho que as versões online e instantâneas são uma versão eletrônica desse gênero literário. Aliás, boa pergunta, as pessoas se relacionam online porque procuram uma camada literária e romântica em suas vidas? Acredito que o cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano, e o relacionamento online, impulsionado por palavras atinge o cérebro antes do corpo. Mas até que ponto não precisamos de sinestesia? Até que ponto a culpa é da tecnologia?
Acho que esse meio de relacionamento vistual é uma espécie de purgatório do ser, um limbo do amor. Quando é que vocês decidiram que era a hora de "encontrar" o outro? Será que era só um relacionamento construído de palavras? E quando as palavras não bastaram, o que vocês fizeram?
Querem dividir histórias de sucesso? de derrota?
H. comentou:
Não substitui. Posso garantir.
Conheci minha ex-namorada em um chat e namoramos por três meses, me apixonei perdidamente por sua inteligência e experiênica de vida; mas quando conversávamos via msn era terrível. Sempre brigávamos e era insuportável mais que 15 minutos de conversa online. Ao vivo nos dávamos muito bem, tanto que o namoro terminou por outros motivos extras, mas online posso lhe dizer que era broxante.
Queria saber se vocês tem alguma história para compartillhar. Me fascina essa capacidade afetiva da internet, tenho visto isso em muitos sites de namoro, que são o alvo da minha pesquisa comportamental e visual de agora. Me pergunto se o amor através dessa mídia é diferente por causa da mídia, se a facilidade tecnológica dita um certo tipo de comportamento antes impossível. Ao mesmo tempo fico analisando os romances epistolares escritos desde que o mundo é mundo e acho que as versões online e instantâneas são uma versão eletrônica desse gênero literário. Aliás, boa pergunta, as pessoas se relacionam online porque procuram uma camada literária e romântica em suas vidas? Acredito que o cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano, e o relacionamento online, impulsionado por palavras atinge o cérebro antes do corpo. Mas até que ponto não precisamos de sinestesia? Até que ponto a culpa é da tecnologia?
Acho que esse meio de relacionamento vistual é uma espécie de purgatório do ser, um limbo do amor. Quando é que vocês decidiram que era a hora de "encontrar" o outro? Será que era só um relacionamento construído de palavras? E quando as palavras não bastaram, o que vocês fizeram?
Querem dividir histórias de sucesso? de derrota?
14.2.05
Quem nao tem cao, cassa com vibrador movel
Ultimamente tenho feito um intensivão sobre relacionamentos online. Este assunto há muito tempo me fascina, e a cada dia vou mais fundo na minha pesquisa. Já sou cadastrada em 7 serviços de namoro online com 7 personas diferentes que variam da romântica à profissional em busca de amor à dominatrix impiedosa. É divertidíssimo. As cartas que me escrevem e as fotos que recebo são hilárias e incríveis -- tema para uma nova série de trabalhos de arte todos calcados em cima dessa "nova economia da libido". Se há um uso para a internet, além das pentelhações corporativas com que tenho que lidar no meu dia-a-dia profissional, é esse: internet é o melhor lugar para o amor.
Reparem como tudo online toma um tom amigável...pessoas que nunca te encontraram mas que religiosamente lêem seus blogs são tão afetuosos que parece que você os conhece desde pequenininhos. Amizades online sem cara sem cor nem credo são uma delícia porque não têm o embaraço do "momento". Você lê, posta no seu fotolog, comenta no blog do outro, cata um amigo distante por MSN. É tudo lindo. Pois no lado do amor, o cenário é feroz. Quem nunca ouviu falar de um amigo que encontrou o amor da sua vida online? Quem de vocês nunca viu ou buscou por um videozinho pornô? Quantas de vocês são "cam-girls" (estrelas pornô de webcam)? Quem de vocês não participa de clubinhos virtuais de sadô-masô, ou busca pelos seus fetiches mais insólitos na surdina do seu computador?
A economia da incompletude (incompletion) é gigantesca. Aqui somos todos voyeurs uns dos outros, mandando fotos pra lá, recebendo vídeos pra cá, e firme na masturbação. Depois...o vazio...Mas nem sempre é assim...Ouvi dizer de um amigo em Nova York, que a galera que trabalha (e que consequentemente não tem tempo pra nada) começa as preliminares online, marca o lugar de encontro quando a conversa começa a ficar apimentada, e meia hora depois já estão rolando na cama. Os círculos literários, ouvi dizer também, começam as intelectualidades via messenger e depois se encontram em cafés para fechar negócios ou continuar o papo-cabeça. Se terminam na cama ou não, aí já não sei.
É tudo muito romântico, como deve ser. A colunista Regina Lynn da Wired Magazine escreve regularmente sobre sexo e tecnologia. Foi lá que eu descobri que para se tornar uma cam-girl basta montar um site no My Adult Site e começar a faturar uma grana, pagável via PayPal. Ou então, para as garotas mais pudicas mas não menos sacanas pode-se obter um prazer enorme, e na surdina, com um telefone celular, o VibraFun, aliás, um aparelhinho que já vem testado com usabilidade e tudo. Esse vibrador-fone é como modess, fininho e não deixa mancha.
Mas será que dá pra substituir o corpo com essa tecnologia toda?
Reparem como tudo online toma um tom amigável...pessoas que nunca te encontraram mas que religiosamente lêem seus blogs são tão afetuosos que parece que você os conhece desde pequenininhos. Amizades online sem cara sem cor nem credo são uma delícia porque não têm o embaraço do "momento". Você lê, posta no seu fotolog, comenta no blog do outro, cata um amigo distante por MSN. É tudo lindo. Pois no lado do amor, o cenário é feroz. Quem nunca ouviu falar de um amigo que encontrou o amor da sua vida online? Quem de vocês nunca viu ou buscou por um videozinho pornô? Quantas de vocês são "cam-girls" (estrelas pornô de webcam)? Quem de vocês não participa de clubinhos virtuais de sadô-masô, ou busca pelos seus fetiches mais insólitos na surdina do seu computador?
A economia da incompletude (incompletion) é gigantesca. Aqui somos todos voyeurs uns dos outros, mandando fotos pra lá, recebendo vídeos pra cá, e firme na masturbação. Depois...o vazio...Mas nem sempre é assim...Ouvi dizer de um amigo em Nova York, que a galera que trabalha (e que consequentemente não tem tempo pra nada) começa as preliminares online, marca o lugar de encontro quando a conversa começa a ficar apimentada, e meia hora depois já estão rolando na cama. Os círculos literários, ouvi dizer também, começam as intelectualidades via messenger e depois se encontram em cafés para fechar negócios ou continuar o papo-cabeça. Se terminam na cama ou não, aí já não sei.
É tudo muito romântico, como deve ser. A colunista Regina Lynn da Wired Magazine escreve regularmente sobre sexo e tecnologia. Foi lá que eu descobri que para se tornar uma cam-girl basta montar um site no My Adult Site e começar a faturar uma grana, pagável via PayPal. Ou então, para as garotas mais pudicas mas não menos sacanas pode-se obter um prazer enorme, e na surdina, com um telefone celular, o VibraFun, aliás, um aparelhinho que já vem testado com usabilidade e tudo. Esse vibrador-fone é como modess, fininho e não deixa mancha.
Mas será que dá pra substituir o corpo com essa tecnologia toda?
10.2.05
30 anos, missoes de vida, arte e sobre ser um animal solitario ou nao
conversas com o meu querido amigo LLL. desculpem o inglês intermitente, mas sério, caguei.
Eu:...alex, para de ser morto-de-fome. se o cara te der uma grana, bota a mufa na literatura. menos distrações. eu largaria os frilas amanhã se eu não precisasse. Queria usar a web por motivos puramente artísticos. e só.
alex: Arte pura vicia, bel...é irreal...trust me: interacting with the humans, having them as clientes, etc, keeps us human in a way you wouldn't understand....engraçado como tem coisas que só saem em ingles, né?
eu: é.....a arte nunca é só pura. quero tempo pra pensar, pra divagar, pra me educar direito (a minha faculdade foi uma bosta nesse sentido). arte tem muita vida prática também, não é só viajar na maionese...
alex: é como dar aulas, controlar os teens...
eu: verdade. o mestrado é para eu poder dar aula... em qualquer lugar do mundo. só te dão um certo respeito com a porra do título "M.F.A.". não para expôr, mas se quiser seguir carreira acadêmica, até PhD tem que ter.
alex: ...eu tenho medo de que, se na fossem os clientes e as aulas, eu estaria tão apartado do mundo que já nao conseguiria funcionar...e aí com um mestrado e, quem sabe, doutorado, eu posso dar aulas de literatura anywhere in the world, ser realmente livre...
Eu: e comer muita mulherzinh!...pra mim, quanto mais apartado melhor. só assim eu posso retornar ao mundo. Tudo pra mim é dividido: meu amor, meu trabalho. em algum lugar eu tenho que estar inteira, e esse lugar é o trabalho, mas me conhecendo, faço sempre o que aparece, está na minha natureza de ser múltipla...
Alex: Você sabe porque o [Guimarães] Rosa não fez um segundo grande sertao? pq ele teve um mild heart attack enquanto escrevia o livro e ficou em pânico de não acabar depois, nunca mais tentou nada de envergadura, só contos...
Eu: Estava com medo de morrer?
alex: Pq tinha medo de morrer e deixar inacabado...Ele trabalhou dez anos em Grande Sertão Veredas...tinha medo de trabalhar 9 anos, morrer no nono, e desperdiçar seus ultimos 9 anos. Mas é self-defeating porque ele viveu 10 anos depois de GSV. O Verissimo vem tendo heart attacks há 20 anos e continua aí! o que quero dizer é, e vale pra nós dois....
eu: E por isso é foda. Eu falei na minha entrevista no fundão que não tinha pressa nenhuma para mandar trabalhos para galerias e o que mais importante para mim agora era explorar o máximo de possibilidade sem pressão de mercado. Porque queria garantir que teria trabalho por mais 50 anos.
alex : A idade de começar a empreender seus grandes projetos é justamente aos 30, quando ainda há tempo. A gente não sabe quanto tempo ainda vai ter...
Eu: É isso aí. i feel it coming. O mundo é tão complexo que aos 20 não dá tempo de apreender tudo.
Alex: ...a pressão não é do mercado...
Eu:Tem artistas por aí que estão estourando aos 25 anos. E daí? Prefiro ir devagar porque quando estourar vai ser uma explosão. Não tenho pressa de fama, tenho pressa de vida (e de algum dinheiro)...só dá pra publicar/expor quando a coisa está pronta. e a coisa pronta precisa de um tempo. eu acho que vc vai publicar o segundo romance. Vc vai me odiar por isso, mas acho o "Mulher de um Homem Só" o melhor trial run que você poderia ter.
alex: Não tem chance do meu romance não ser publicado...
eu: O que quero dizer é que o seu segundo romance será muito superior ao primeiro e assim por diante. É melhor começar com força total, com mais maturidade..
alex: Assim espero...
Eu: O que eu fico bolada é que em outros tempos passados, nós seríamos referências nos nossos campos aos 30. As grandes obras de literatura e arte foram feitas por garotada como a gente. Picasso revolucionou o olhar com o cubismo aos 22 anos!
alex: Só dá pra viver no agora...
eu: Claro. Eu queria tanto encontrar a minha grande questão. Mas não sei se estou olhando nos lugares certos. Estou infeliz também, não ajuda. Será que é melhor give up pra não sofrer depois. mas o que vou fazer? abrir uma loja de cosméticos? virar burocrata? as alternativas são péssimas, e não tem nada que eu goste mais do que arte. só não sei se sou boa. E provavelmente nunca irei saber....o artista está condenado a não saber se auto-avaliar direito. talvez seja isso que faça com que ele não pare de criar, só para se superar....não era a essa a dúvida de Cézanne? se tinha "conseguido"? morreu sem saber...
alex: Algumas das pessoas que você admira desisitiram? Did they face greater odds than you?
Eu: If they did i wouldn't admire them...
alex:Do you wanna be worthy of them or not?
Eu: I don't think i face any odds. i have all the dominant characteristics, i have nothing to strive for. Question is: do i care that much?
alex: That's up to you....Lembra a historia do eu daria a minha vida pra tocar assim?
eu: Não
alex;Começa com o artur moreira lima, (mas poderia ser picasso ou machado de assis) aí chega o chato, vê ele trabalhando e diz "puxa, eu daria a minha vida pra tocar/pintar/escrever assim", e o outro: " pois eu dei"
Eu: Bom, muito bom.
alex: But they cared, if they didn't they couldn't have pulled it off... jura que eu nunca te contei essa?
Eu: Juro.
Eu: Eu acho tudo muito overwhelming. Tem muita gente entrando na arte com pouca qualidade e eu fico puta quando alguém faz arte ruim, porque estraga essa coisa que eu gosto tanto...
alex: Eu já até postei essa história no blog
eu: Não lembro, sorry...mas também não sei qual seria a minha grande contribuição. tenho visto que arte ou literatura não pode ser só uma questão de expressão pessoal, tem que ser isso+consciência histórica+visão de futuro. Senão não vinga, não sobrevive o tempo...
alex: Nao aprende arte com marxista não, eles só falam merda. Puta, não acredito que tive que ouvir isso antes de dormir...de onde vem o dinheiro desses artistas revolucionários que moram na praia?
eu: Vendendo quadro pra forrar parede de gente rica, ué! ...só dá pra fazer pintura boa com tinta de qualidade.... e é por isso que eles são valorizados. Premium ideas made with premium materials. Mas tem arte feita com pedaço de pau que vale muito mais que uma tela qualquer, então foda-se a tinta importada... Internet é uma maneira de fazer arte realtivamente cost-free. Mas ainda acredito no "objeto" de arte. acho que arte é algo físico, por mais que o Duchamp & cia. digam que arte é apenas uma idéia. Mas mesmo o duchamp precisou de um objeto para mostrar isso. o mictorio é isso. Duchamp era na realidade um puta dandy. só isso. Dizem que meu trabalho é muito de agora. isso é bom e ruim: bom porque mostra que é algo novo. ruim porque não tem nada de eterno à primeira vista. Boa arte dialoga com os dois. é isso que impulsiona a criação....é tanto yadda yadda yadda pra coisas tão simples
alex: Don't fall into that yourself
Eu: o problema é que acho arte brasileira semi-ruim. Acho tudo cópia mas quando é original é ótimo, a melhor do mundo. mas as geracões subsequentes copiam os que deram certo. é o que acontece hoje com o hélio oiticia e lygia clark. tá tão embrenhado no subconsceinte da galera que é difícil soltar das referências....muleta...O que dificulta pra mim é que eu só conheci arte brasileira há 3 anos atrás, então eu não tenho essas influências tão fortes. E isso não me dá uma base de diálogo com o pensamento de cá, ou de lugar nenhum porque nem "lá" estou. Ao mesmo tempo não sou uma artista americana então fica estranho eu dialogar com os de lá. Mó limbão...
alex: You're lucky
eu: Outro dia fui numa mostra de vídeo-arte e eu fiquei com vergonha de tão ruim...
alex: Se vc ceder a tentação de se juntar a matilha será só mais uma...eu pergunto de novo: algumas das pessoas que vc admirava era só mais um em um grupelho, qualquer grupelho que fosse, ou eram pessoas que tinham coragem de andar sozinhas? Vc tem que decidir quem vc é... está ficando tarde pra isso
Eu: Eu sei , eu sei, e tá foda...
alex: Ou vc é uma da matilha e vai ficar hanging with them no mundinho deles, ou vc vai ser vc mesma e vai encarar todo o onus e possiveis recompensas...só nao se engane achando que membros de grupelhos conseguem ascender aos seus respectivos grupelhos. ... it simply doesn't happen....Once a pack animal, forever a pack animal
eu:: i'm not a pack animal, never was...
alex: so don't try to be one or don't commiserate because you're not one
eu: yeah, i'm between worlds again. o saco é que forever achar que eu sou uma patricinha.
alex: corta um talho na cara, arranca fora o nariz, maybe it's worth it
eu: você faria isso?
Eu: eu sei que eu tenho a lot going for me. ano passado durante uma viagem tive um rush de inspiração absurdo. fiquei vagando uma madrugada inteira por estocolmo fotografando. fiz a minha obra mais melancólica. mas depois voltei pra cá e estagnei...
alex: a vida é uma coisa muito engraçada mesmo... a gente passa a juventude inteira jogando sementes, bel
alex: Tem outra historinha...
Eu: Vc me ajuda por metáforas, bonitinho...
alex: Quando vc vir uma maquina dando centenas de marteladas numa pedra e, depois de mil, a pedra se desfaz, nao caia no erro de achar que foi a ULTIMA martelada that did the trick... uma coisa que o blog me ensinou é que, só por existirmos e estarmos fazendo nosso trabalho com sinceridade, estamos tocando a vida de muita gente...
eu: Qual é a mensagem da historia da maquinas mesmo?
alex: a mensagem é que quando a gente consegue alguma coisa, nao foi o nosso ultimo effort that did - foi a soma de todos os anteriores
eu: Passei os últimos 10 anos getting as many skills as possible, vendo o máximo que pude do mundo pra me preparar pra depois. porque acho que é a maneira lógica de viver. Por isso que eu aos quase-30 estou encarando as questões da arte só agora. maybe it's the right time for me... tudo foi para que eu chegasse nesse momento de ser forçada a ter uma direção. o lance é que eles vão me arrasar no mestrado...
alex:don't let them...don't graduate if you don't have to
eu: i will have to teach them to teach me...but then i don't get the degree
alex: What's more important? art or the fucking degree?...establish your priorities, porra, it's only up to you
eu: é , já passei da idade em que tinha que fazer todos os deveres, né? foda-se o que eles acharem.
alex: isabel, bota uma coisa na sua cabeça, read the biographies of people you admire, consider some of their tough choices, if you don't break with the needs and expectations of the establishment, you may earn a nice living, but you'll never amount to much
eu: Eu tenho um parâmetro, a Lygia Pape. A cada exposicão ela aparecia com um trabalho completamente diferente do anterior. Os criticos não levavam ela a sério e achavam que ela não tinha "foco". Até que um fodão, o Mario Pedrosa, falou pra parar de encher o saco dela e prestar atenção. Ela fez coisas lindas, mas ficou amarga no final. E fazia graphic design e dava aulas pra sobreviver. Ela dava aula no fundão. mas morreu antes que eu pudesse conhecê-la....ela era a unica louca que tinha lá. Um professor tem que ser um pouco alucinado porque a loucura de um contagia o todo (moby dick). Os que restaram não são loucos o suficiente e por isso são retrógrados ou resignados. Depois na tese eles hammer os alunos segundo conceitos de 1960...Nego surta ali dentro... Mas a solução é uma só: work work work
alex: Só vc pode decidir o que vc quer. O mais incrivel é que as pessoas tem de fato uma opção...tem mesmo... e a maioria escolhe a mediocridade
eu: ...o caminho mais fácil..like pack animals....longe disso!!!!!
Eu:...alex, para de ser morto-de-fome. se o cara te der uma grana, bota a mufa na literatura. menos distrações. eu largaria os frilas amanhã se eu não precisasse. Queria usar a web por motivos puramente artísticos. e só.
alex: Arte pura vicia, bel...é irreal...trust me: interacting with the humans, having them as clientes, etc, keeps us human in a way you wouldn't understand....engraçado como tem coisas que só saem em ingles, né?
eu: é.....a arte nunca é só pura. quero tempo pra pensar, pra divagar, pra me educar direito (a minha faculdade foi uma bosta nesse sentido). arte tem muita vida prática também, não é só viajar na maionese...
alex: é como dar aulas, controlar os teens...
eu: verdade. o mestrado é para eu poder dar aula... em qualquer lugar do mundo. só te dão um certo respeito com a porra do título "M.F.A.". não para expôr, mas se quiser seguir carreira acadêmica, até PhD tem que ter.
alex: ...eu tenho medo de que, se na fossem os clientes e as aulas, eu estaria tão apartado do mundo que já nao conseguiria funcionar...e aí com um mestrado e, quem sabe, doutorado, eu posso dar aulas de literatura anywhere in the world, ser realmente livre...
Eu: e comer muita mulherzinh!...pra mim, quanto mais apartado melhor. só assim eu posso retornar ao mundo. Tudo pra mim é dividido: meu amor, meu trabalho. em algum lugar eu tenho que estar inteira, e esse lugar é o trabalho, mas me conhecendo, faço sempre o que aparece, está na minha natureza de ser múltipla...
Alex: Você sabe porque o [Guimarães] Rosa não fez um segundo grande sertao? pq ele teve um mild heart attack enquanto escrevia o livro e ficou em pânico de não acabar depois, nunca mais tentou nada de envergadura, só contos...
Eu: Estava com medo de morrer?
alex: Pq tinha medo de morrer e deixar inacabado...Ele trabalhou dez anos em Grande Sertão Veredas...tinha medo de trabalhar 9 anos, morrer no nono, e desperdiçar seus ultimos 9 anos. Mas é self-defeating porque ele viveu 10 anos depois de GSV. O Verissimo vem tendo heart attacks há 20 anos e continua aí! o que quero dizer é, e vale pra nós dois....
eu: E por isso é foda. Eu falei na minha entrevista no fundão que não tinha pressa nenhuma para mandar trabalhos para galerias e o que mais importante para mim agora era explorar o máximo de possibilidade sem pressão de mercado. Porque queria garantir que teria trabalho por mais 50 anos.
alex : A idade de começar a empreender seus grandes projetos é justamente aos 30, quando ainda há tempo. A gente não sabe quanto tempo ainda vai ter...
Eu: É isso aí. i feel it coming. O mundo é tão complexo que aos 20 não dá tempo de apreender tudo.
Alex: ...a pressão não é do mercado...
Eu:Tem artistas por aí que estão estourando aos 25 anos. E daí? Prefiro ir devagar porque quando estourar vai ser uma explosão. Não tenho pressa de fama, tenho pressa de vida (e de algum dinheiro)...só dá pra publicar/expor quando a coisa está pronta. e a coisa pronta precisa de um tempo. eu acho que vc vai publicar o segundo romance. Vc vai me odiar por isso, mas acho o "Mulher de um Homem Só" o melhor trial run que você poderia ter.
alex: Não tem chance do meu romance não ser publicado...
eu: O que quero dizer é que o seu segundo romance será muito superior ao primeiro e assim por diante. É melhor começar com força total, com mais maturidade..
alex: Assim espero...
Eu: O que eu fico bolada é que em outros tempos passados, nós seríamos referências nos nossos campos aos 30. As grandes obras de literatura e arte foram feitas por garotada como a gente. Picasso revolucionou o olhar com o cubismo aos 22 anos!
alex: Só dá pra viver no agora...
eu: Claro. Eu queria tanto encontrar a minha grande questão. Mas não sei se estou olhando nos lugares certos. Estou infeliz também, não ajuda. Será que é melhor give up pra não sofrer depois. mas o que vou fazer? abrir uma loja de cosméticos? virar burocrata? as alternativas são péssimas, e não tem nada que eu goste mais do que arte. só não sei se sou boa. E provavelmente nunca irei saber....o artista está condenado a não saber se auto-avaliar direito. talvez seja isso que faça com que ele não pare de criar, só para se superar....não era a essa a dúvida de Cézanne? se tinha "conseguido"? morreu sem saber...
alex: Algumas das pessoas que você admira desisitiram? Did they face greater odds than you?
Eu: If they did i wouldn't admire them...
alex:Do you wanna be worthy of them or not?
Eu: I don't think i face any odds. i have all the dominant characteristics, i have nothing to strive for. Question is: do i care that much?
alex: That's up to you....Lembra a historia do eu daria a minha vida pra tocar assim?
eu: Não
alex;Começa com o artur moreira lima, (mas poderia ser picasso ou machado de assis) aí chega o chato, vê ele trabalhando e diz "puxa, eu daria a minha vida pra tocar/pintar/escrever assim", e o outro: " pois eu dei"
Eu: Bom, muito bom.
alex: But they cared, if they didn't they couldn't have pulled it off... jura que eu nunca te contei essa?
Eu: Juro.
Eu: Eu acho tudo muito overwhelming. Tem muita gente entrando na arte com pouca qualidade e eu fico puta quando alguém faz arte ruim, porque estraga essa coisa que eu gosto tanto...
alex: Eu já até postei essa história no blog
eu: Não lembro, sorry...mas também não sei qual seria a minha grande contribuição. tenho visto que arte ou literatura não pode ser só uma questão de expressão pessoal, tem que ser isso+consciência histórica+visão de futuro. Senão não vinga, não sobrevive o tempo...
alex: Nao aprende arte com marxista não, eles só falam merda. Puta, não acredito que tive que ouvir isso antes de dormir...de onde vem o dinheiro desses artistas revolucionários que moram na praia?
eu: Vendendo quadro pra forrar parede de gente rica, ué! ...só dá pra fazer pintura boa com tinta de qualidade.... e é por isso que eles são valorizados. Premium ideas made with premium materials. Mas tem arte feita com pedaço de pau que vale muito mais que uma tela qualquer, então foda-se a tinta importada... Internet é uma maneira de fazer arte realtivamente cost-free. Mas ainda acredito no "objeto" de arte. acho que arte é algo físico, por mais que o Duchamp & cia. digam que arte é apenas uma idéia. Mas mesmo o duchamp precisou de um objeto para mostrar isso. o mictorio é isso. Duchamp era na realidade um puta dandy. só isso. Dizem que meu trabalho é muito de agora. isso é bom e ruim: bom porque mostra que é algo novo. ruim porque não tem nada de eterno à primeira vista. Boa arte dialoga com os dois. é isso que impulsiona a criação....é tanto yadda yadda yadda pra coisas tão simples
alex: Don't fall into that yourself
Eu: o problema é que acho arte brasileira semi-ruim. Acho tudo cópia mas quando é original é ótimo, a melhor do mundo. mas as geracões subsequentes copiam os que deram certo. é o que acontece hoje com o hélio oiticia e lygia clark. tá tão embrenhado no subconsceinte da galera que é difícil soltar das referências....muleta...O que dificulta pra mim é que eu só conheci arte brasileira há 3 anos atrás, então eu não tenho essas influências tão fortes. E isso não me dá uma base de diálogo com o pensamento de cá, ou de lugar nenhum porque nem "lá" estou. Ao mesmo tempo não sou uma artista americana então fica estranho eu dialogar com os de lá. Mó limbão...
alex: You're lucky
eu: Outro dia fui numa mostra de vídeo-arte e eu fiquei com vergonha de tão ruim...
alex: Se vc ceder a tentação de se juntar a matilha será só mais uma...eu pergunto de novo: algumas das pessoas que vc admirava era só mais um em um grupelho, qualquer grupelho que fosse, ou eram pessoas que tinham coragem de andar sozinhas? Vc tem que decidir quem vc é... está ficando tarde pra isso
Eu: Eu sei , eu sei, e tá foda...
alex: Ou vc é uma da matilha e vai ficar hanging with them no mundinho deles, ou vc vai ser vc mesma e vai encarar todo o onus e possiveis recompensas...só nao se engane achando que membros de grupelhos conseguem ascender aos seus respectivos grupelhos. ... it simply doesn't happen....Once a pack animal, forever a pack animal
eu:: i'm not a pack animal, never was...
alex: so don't try to be one or don't commiserate because you're not one
eu: yeah, i'm between worlds again. o saco é que forever achar que eu sou uma patricinha.
alex: corta um talho na cara, arranca fora o nariz, maybe it's worth it
eu: você faria isso?
Eu: eu sei que eu tenho a lot going for me. ano passado durante uma viagem tive um rush de inspiração absurdo. fiquei vagando uma madrugada inteira por estocolmo fotografando. fiz a minha obra mais melancólica. mas depois voltei pra cá e estagnei...
alex: a vida é uma coisa muito engraçada mesmo... a gente passa a juventude inteira jogando sementes, bel
alex: Tem outra historinha...
Eu: Vc me ajuda por metáforas, bonitinho...
alex: Quando vc vir uma maquina dando centenas de marteladas numa pedra e, depois de mil, a pedra se desfaz, nao caia no erro de achar que foi a ULTIMA martelada that did the trick... uma coisa que o blog me ensinou é que, só por existirmos e estarmos fazendo nosso trabalho com sinceridade, estamos tocando a vida de muita gente...
eu: Qual é a mensagem da historia da maquinas mesmo?
alex: a mensagem é que quando a gente consegue alguma coisa, nao foi o nosso ultimo effort that did - foi a soma de todos os anteriores
eu: Passei os últimos 10 anos getting as many skills as possible, vendo o máximo que pude do mundo pra me preparar pra depois. porque acho que é a maneira lógica de viver. Por isso que eu aos quase-30 estou encarando as questões da arte só agora. maybe it's the right time for me... tudo foi para que eu chegasse nesse momento de ser forçada a ter uma direção. o lance é que eles vão me arrasar no mestrado...
alex:don't let them...don't graduate if you don't have to
eu: i will have to teach them to teach me...but then i don't get the degree
alex: What's more important? art or the fucking degree?...establish your priorities, porra, it's only up to you
eu: é , já passei da idade em que tinha que fazer todos os deveres, né? foda-se o que eles acharem.
alex: isabel, bota uma coisa na sua cabeça, read the biographies of people you admire, consider some of their tough choices, if you don't break with the needs and expectations of the establishment, you may earn a nice living, but you'll never amount to much
eu: Eu tenho um parâmetro, a Lygia Pape. A cada exposicão ela aparecia com um trabalho completamente diferente do anterior. Os criticos não levavam ela a sério e achavam que ela não tinha "foco". Até que um fodão, o Mario Pedrosa, falou pra parar de encher o saco dela e prestar atenção. Ela fez coisas lindas, mas ficou amarga no final. E fazia graphic design e dava aulas pra sobreviver. Ela dava aula no fundão. mas morreu antes que eu pudesse conhecê-la....ela era a unica louca que tinha lá. Um professor tem que ser um pouco alucinado porque a loucura de um contagia o todo (moby dick). Os que restaram não são loucos o suficiente e por isso são retrógrados ou resignados. Depois na tese eles hammer os alunos segundo conceitos de 1960...Nego surta ali dentro... Mas a solução é uma só: work work work
alex: Só vc pode decidir o que vc quer. O mais incrivel é que as pessoas tem de fato uma opção...tem mesmo... e a maioria escolhe a mediocridade
eu: ...o caminho mais fácil..like pack animals....longe disso!!!!!
4.2.05
Fodendo ou fazendo amor
Um professor de arte meu dizia o seguinte ao comentar os trabalhos de arte dos alunos:
"só você sabe quando está fodendo ou fazendo amor".
O que arte tem a ver com sexo? Eu estou aqui desenhando!
Não entendi no início, mas agora interpreto desta forma: Se você está sendo sincero e amando o que faz, estará fazendo amor sincero com aquilo, estará se dando inteiramente de corpo e alma. É como estar fazendo amor com o seu namorado/mulher/significant other e se deixar entregar, deixando a sua vontade à espreita e se concentrando no prazer proporcionado ao outro, do começo ao fim, sem pedir nada em troca. E ainda depois fuma aquele cigarrinho...
Dá pra ver quando um quadro é feito "fazendo amor": está cheio de desejo consumado. As pinceladas nervosas são como o ir e vir do coito, as grandes áreas de tinta ejaculações, as delicadezas são as carícias feitas no lugar certo, e por aí vai.
Agora quando você está "fodendo" ao fazer uma obra de arte, você está fundamentalmente cumprindo apenas uma obrigação ou uma vontade latente animal que vem de alguma repressão sexual da sua outra incarnação. É como se você estivesse deitando com o seu homem mas pensando em outro. Estar "fodendo" ao fazer arte é fazer arte por todos os motivos errados: por expurgo, por necessidade de auto-afirmação, por masturbação mental, porque está pensando em wittgenstein, porque sabe que o Jasper Johns foi mal genial que você e que você não passa de um copista farsante. Terminada a obra, e a gozada nem foi tão boa assim. Ou foi. Tem mulher que finge orgasmo, não tem?
A questão é: fazendo amor se chega mais longe. O artista, aliás, qualquer um, deve ter um caso de amor com a sua atividade. Morrer por ela, cantar aquelas músicas tristinhas de bossa nova para ela, dizer palavras doces, fazer chamego...só assim a atividade amada corresponderá. Fazer amor com o mundo então é sublime. E se não fosse o sublime, porque trabalhar? porque amar? porque se dar o trabalho de se dar o trabalho?
Mas tem um segredo, um que o mundo jamais saberá: só você sabe quando você está fodendo ou fazendo amor.
"só você sabe quando está fodendo ou fazendo amor".
O que arte tem a ver com sexo? Eu estou aqui desenhando!
Não entendi no início, mas agora interpreto desta forma: Se você está sendo sincero e amando o que faz, estará fazendo amor sincero com aquilo, estará se dando inteiramente de corpo e alma. É como estar fazendo amor com o seu namorado/mulher/significant other e se deixar entregar, deixando a sua vontade à espreita e se concentrando no prazer proporcionado ao outro, do começo ao fim, sem pedir nada em troca. E ainda depois fuma aquele cigarrinho...
Dá pra ver quando um quadro é feito "fazendo amor": está cheio de desejo consumado. As pinceladas nervosas são como o ir e vir do coito, as grandes áreas de tinta ejaculações, as delicadezas são as carícias feitas no lugar certo, e por aí vai.
Agora quando você está "fodendo" ao fazer uma obra de arte, você está fundamentalmente cumprindo apenas uma obrigação ou uma vontade latente animal que vem de alguma repressão sexual da sua outra incarnação. É como se você estivesse deitando com o seu homem mas pensando em outro. Estar "fodendo" ao fazer arte é fazer arte por todos os motivos errados: por expurgo, por necessidade de auto-afirmação, por masturbação mental, porque está pensando em wittgenstein, porque sabe que o Jasper Johns foi mal genial que você e que você não passa de um copista farsante. Terminada a obra, e a gozada nem foi tão boa assim. Ou foi. Tem mulher que finge orgasmo, não tem?
A questão é: fazendo amor se chega mais longe. O artista, aliás, qualquer um, deve ter um caso de amor com a sua atividade. Morrer por ela, cantar aquelas músicas tristinhas de bossa nova para ela, dizer palavras doces, fazer chamego...só assim a atividade amada corresponderá. Fazer amor com o mundo então é sublime. E se não fosse o sublime, porque trabalhar? porque amar? porque se dar o trabalho de se dar o trabalho?
Mas tem um segredo, um que o mundo jamais saberá: só você sabe quando você está fodendo ou fazendo amor.
6.1.05
Antes
Se você mora no Rio de Janeiro não deve perder a exposição "Antes" que está no CCBB.
Além da exposição estar linda, mostra uma faceta da pré-história que não aprendemos na escola ou nas faculdades de história da arte porque trata-se da pré-história do Brasil, traçando alguns paralelos com objetos europeus muito similares. Sabe-se que a arte, assim como a história mundial, sempre é contada do ponto de vista do hemisfério norte ocidental. Ok, as cavernas de Lascaux são impressionantes, mas estão na França, e ao mesmo tempo que os australopitecos de lá estavam misturando tinta nas paredes das cavernas de lá, os nossos ancestrais estavam o mesmo aqui.
O que mais me impressionou foram 4 coisas: a Vênus de Willendorf, importada lá da Austria, que representa o sagrado feminino pré-pré-pré-cristão (e é linda!) e dá um paralelo com as estatuetas femininas feitas cá pelos nossos índios, a coleção de muiraquitãs indígenas (amuletos em forma de sapo que as índias amazonas davam ao macho escolhido para procriar mais meninas guerreiras), as urnas funerárias dos índios de muito tempo atrás com um formato pra lá de inusitado, e as texturas e padrões da cerâmica marajoara.
Venus of Willendorf
c. 24,000-22,000 BCE
Oolitic limestone
43/8 inches (11.1 cm) high
(Naturhistorisches Museum, Vienna)
A arte indígena/primitiva brasileira é semelhante à arte africana pois é animista e ritual (tribal). Mas sem aquela conotação vudú que eu senti na exposição da África. Tem uma certa leveza de espírito entre aqueles povos, uma harmonia com a natureza e ao mesmo tempo uma sofisticação delicada ali. Eram povos integrados com o seu meio, não queriam necessariamente transfigurá-lo nem mudar o destino do "outro". Para mim, bateu como uma cultura poética e de aceitação.
A projeção montada com os desenhos das cavernas também são impressionantes, e não ficam nada atrás de Lascaux ou Altamira...Vale a pena sentar e assistir pelo menos 2 vezes. Os desenhos são realmente incríveis....
Além da exposição estar linda, mostra uma faceta da pré-história que não aprendemos na escola ou nas faculdades de história da arte porque trata-se da pré-história do Brasil, traçando alguns paralelos com objetos europeus muito similares. Sabe-se que a arte, assim como a história mundial, sempre é contada do ponto de vista do hemisfério norte ocidental. Ok, as cavernas de Lascaux são impressionantes, mas estão na França, e ao mesmo tempo que os australopitecos de lá estavam misturando tinta nas paredes das cavernas de lá, os nossos ancestrais estavam o mesmo aqui.
O que mais me impressionou foram 4 coisas: a Vênus de Willendorf, importada lá da Austria, que representa o sagrado feminino pré-pré-pré-cristão (e é linda!) e dá um paralelo com as estatuetas femininas feitas cá pelos nossos índios, a coleção de muiraquitãs indígenas (amuletos em forma de sapo que as índias amazonas davam ao macho escolhido para procriar mais meninas guerreiras), as urnas funerárias dos índios de muito tempo atrás com um formato pra lá de inusitado, e as texturas e padrões da cerâmica marajoara.

Venus of Willendorf
c. 24,000-22,000 BCE
Oolitic limestone
43/8 inches (11.1 cm) high
(Naturhistorisches Museum, Vienna)
A arte indígena/primitiva brasileira é semelhante à arte africana pois é animista e ritual (tribal). Mas sem aquela conotação vudú que eu senti na exposição da África. Tem uma certa leveza de espírito entre aqueles povos, uma harmonia com a natureza e ao mesmo tempo uma sofisticação delicada ali. Eram povos integrados com o seu meio, não queriam necessariamente transfigurá-lo nem mudar o destino do "outro". Para mim, bateu como uma cultura poética e de aceitação.
A projeção montada com os desenhos das cavernas também são impressionantes, e não ficam nada atrás de Lascaux ou Altamira...Vale a pena sentar e assistir pelo menos 2 vezes. Os desenhos são realmente incríveis....
29.12.04
Susan Sontag: a mulher que deu sentido a fotografia
Abro o jornal de manhã e, além, das notícias cada vez mais devastadoras sobre o tsunami no Oceano Índico, leio a nota de obituário de Susan Sontag, grande ensaísta americana, que revolucionou o pensamento sobre a imagem fotográfica na era contemporânea (entre outras coisas), leitura obrigatória para estudantes de arte e cultura, artistas, e pessoas inteligentes e esclarecidas em geral...
Descobri Susan Sontag um pouco tarde, confesso. Mas o seu efeito sobre como penso sobre a "imagem" não é menos efetivo. Há alguns meses fiz um post sobre ela na ocasião de um artigo publicado por ela na New York TImes Magazine sobre as fotos de Abu-Ghraib. Ao mesmo estava lendo "On the Pain of Others", livro maravilhoso sobre questões de ética e imagem no fotojornalismo. Vale realmente a pena a leitura.
O mundo da cultura e das idéias perde uma mente brilhante...
Como homenagem, o BoH inclui abaixo um pequeno trecho do livro "On Photography", publicado pela primeira vez em 1977:
Humankind lingers unregenerately in Plato's cave, still reveling, its age-old habit, in mere images of the truth. But being educated by photographs is not like being educated by older, more artisanal images. For one thing, there are a great many more images around, claiming our attention. The inventory started in 1839 and since then just about everything has been photographed, or so it seems. This very insatiability of the photographing eye changes the terms of confinement in the cave, our world. In teaching us a new visual code, photographs alter and enlarge our notions of what is worth looking at and what we have a right to observe. They are a grammar and, even more importantly, an ethics of seeing. Finally, the most grandiose result of the photographic enterprise is to give us the sense that we can hold the whole world in our heads -- as an anthology of images.
To collect photographs is to collect the world. Movies and television programs light up walls, flicker, and go out; but with still photographs the image is also an object, lightweight, cheap to produce, easy to carry about, accumulate, store. In Godard's Les Carabiniers (1963), two sluggish lumpen-peasants are lured into joining the King's Army by the promise that they will be able to loot, rape, kill, or do whatever else they please to the enemy, and get rich. But the suitcase of booty that Michel-Ange and Ulysse triumphantly bring home, years later, to their wives turns out to contain only picture postcards, hundreds of them, of Monuments, Department Stores, Mammals, Wonders of Nature, Methods of Transport, Works of Art, and other classified treasures from around the globe. Godard's gag vividly parodies the equivocal magic of the photographic image., Photographs are perhaps the most mysterious of all the objects that make up, and thicken, the environment we recognize as modern. Photographs really are experience captured, and the camera is the ideal arm of consciousness in its acquisitive mood.
Continue reading....
Descobri Susan Sontag um pouco tarde, confesso. Mas o seu efeito sobre como penso sobre a "imagem" não é menos efetivo. Há alguns meses fiz um post sobre ela na ocasião de um artigo publicado por ela na New York TImes Magazine sobre as fotos de Abu-Ghraib. Ao mesmo estava lendo "On the Pain of Others", livro maravilhoso sobre questões de ética e imagem no fotojornalismo. Vale realmente a pena a leitura.
O mundo da cultura e das idéias perde uma mente brilhante...
Como homenagem, o BoH inclui abaixo um pequeno trecho do livro "On Photography", publicado pela primeira vez em 1977:
Humankind lingers unregenerately in Plato's cave, still reveling, its age-old habit, in mere images of the truth. But being educated by photographs is not like being educated by older, more artisanal images. For one thing, there are a great many more images around, claiming our attention. The inventory started in 1839 and since then just about everything has been photographed, or so it seems. This very insatiability of the photographing eye changes the terms of confinement in the cave, our world. In teaching us a new visual code, photographs alter and enlarge our notions of what is worth looking at and what we have a right to observe. They are a grammar and, even more importantly, an ethics of seeing. Finally, the most grandiose result of the photographic enterprise is to give us the sense that we can hold the whole world in our heads -- as an anthology of images.
To collect photographs is to collect the world. Movies and television programs light up walls, flicker, and go out; but with still photographs the image is also an object, lightweight, cheap to produce, easy to carry about, accumulate, store. In Godard's Les Carabiniers (1963), two sluggish lumpen-peasants are lured into joining the King's Army by the promise that they will be able to loot, rape, kill, or do whatever else they please to the enemy, and get rich. But the suitcase of booty that Michel-Ange and Ulysse triumphantly bring home, years later, to their wives turns out to contain only picture postcards, hundreds of them, of Monuments, Department Stores, Mammals, Wonders of Nature, Methods of Transport, Works of Art, and other classified treasures from around the globe. Godard's gag vividly parodies the equivocal magic of the photographic image., Photographs are perhaps the most mysterious of all the objects that make up, and thicken, the environment we recognize as modern. Photographs really are experience captured, and the camera is the ideal arm of consciousness in its acquisitive mood.
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25.12.04
Ano que Vem
Feliz 2005 para todos os que visitam o BoH regularmente e para todos os novos visitantes.
Ano que vem prometo muito mais intensidade nos debates pois estarei fazendo mestrado e produzindo muitos novos trabalhos.
Comentem, divulguem. O BoH em março fará um ano e planejo comemorações.
Um abraço a todos e Boas festas!!
Ano que vem prometo muito mais intensidade nos debates pois estarei fazendo mestrado e produzindo muitos novos trabalhos.
Comentem, divulguem. O BoH em março fará um ano e planejo comemorações.
Um abraço a todos e Boas festas!!
17.12.04
Arte e Blogs
Há alguns meses, a Ana Lucia fez um post muito legal no blog Arte sobre artistas e blogs. Ela aponta, entre outras coisas, que um artista usa o blog como uma extensão de seu atelier, e é realmente verdade. O blog dá acesso à produção de um artistaque uma galeria jamais poderia dar. Aliás, as galerias e colecionadores são muito protetores de suas colecões e as mantém de difícil acesso para um reles mortal. Para mim, arte é um processo participativo e não necessariamente isolado, e os blogs fazem um trabalho excelente em disseminar o trabalho de um artista além de tornar a sua obra 100% participativa. Será que a obra de um artista consiste dos objetos que produz ou a obra de um artista é o seu processo? A resposta é: os dois.
A Ana citou o Book of Hours, quem vos escreve, o Loba Má, quem vos escreve novamente, e o blog do Dudi Maia Rosa, pintor paulista muito fera. O blog do Dudi é uma delícia, posta muitas imagens dos trabalhos em curso, o que nos dá uma perspectiva muito mais pessoal e completa do que uma gélida exposicão numa galeria qualquer. Não que o trabalho do Dudi seja gélido, muitíssimo pelo contrário, mas que numa galeria só vemos os resultados, não vemos a transformação da arte nem do artista. O blog nesse caso seria uma dimensão única de um artista possibilitada apenas através desta engenhoca maravilhosa que inventaram para fazer com que um computador falasse com o outro.
No meu caso, posso dizer que me preocupei em apresentar um projeto bastante coeso e consistente no meu fotolog, sem editar demais o material e ainda me beneficiei de todos os comentários dos visitantes. O contato com o público é tão mas tão importante, que me satisfaz muito mais postar no fotolog do que ver a reação das pessoas na galeria. Tenho tentado manter o Book of Hours como um blog sobre arte e não sobre as notícias do mundo ou do meu universo pessoal que realmente não é tão interessante assim e nem sempre contribui para o meu pensamento sobre arte e se é pessoal, são parábolas de idéias que tenho. Este é um espaço de pesquisa e de curiosidade e amor pela arte.
Acreditem, blogs e arte/artistas já virou tese de mestrado nos Estados Unidos. Acabou de acontecer nesta semana um debate promovido pelo Rhizome.org sobre esta questão e segundo o Tom Moody, minha mais recente descoberta, as pessoas-que-importam-no-mundo-da-arte compareceram em peso. Isto significa que um dos destinos da arte nessa era da informação é a internet, sem dúvida nenhuma, e mesmo os mais tradicionalistas estão começando a entender isto.
A Ana citou o Book of Hours, quem vos escreve, o Loba Má, quem vos escreve novamente, e o blog do Dudi Maia Rosa, pintor paulista muito fera. O blog do Dudi é uma delícia, posta muitas imagens dos trabalhos em curso, o que nos dá uma perspectiva muito mais pessoal e completa do que uma gélida exposicão numa galeria qualquer. Não que o trabalho do Dudi seja gélido, muitíssimo pelo contrário, mas que numa galeria só vemos os resultados, não vemos a transformação da arte nem do artista. O blog nesse caso seria uma dimensão única de um artista possibilitada apenas através desta engenhoca maravilhosa que inventaram para fazer com que um computador falasse com o outro.
No meu caso, posso dizer que me preocupei em apresentar um projeto bastante coeso e consistente no meu fotolog, sem editar demais o material e ainda me beneficiei de todos os comentários dos visitantes. O contato com o público é tão mas tão importante, que me satisfaz muito mais postar no fotolog do que ver a reação das pessoas na galeria. Tenho tentado manter o Book of Hours como um blog sobre arte e não sobre as notícias do mundo ou do meu universo pessoal que realmente não é tão interessante assim e nem sempre contribui para o meu pensamento sobre arte e se é pessoal, são parábolas de idéias que tenho. Este é um espaço de pesquisa e de curiosidade e amor pela arte.
Acreditem, blogs e arte/artistas já virou tese de mestrado nos Estados Unidos. Acabou de acontecer nesta semana um debate promovido pelo Rhizome.org sobre esta questão e segundo o Tom Moody, minha mais recente descoberta, as pessoas-que-importam-no-mundo-da-arte compareceram em peso. Isto significa que um dos destinos da arte nessa era da informação é a internet, sem dúvida nenhuma, e mesmo os mais tradicionalistas estão começando a entender isto.
15.12.04
Macacos me Mordam!
Land of the Free, Home of the Brave. Façam o que quiserem, mas não ofendam o governo!
Todo mundo sabe que o déspota-usurpador americano se parece muito com um macaco. Mas Chris Savido, pintor americano de 23 anos, fez um retrato de Bush usando exatamente macacos para reconstituir o rosto do presidente americano e expôs o quadro numa exposição de arte cujas obras aparecem na revista "Animal Magazine".
Chris Savido
Bush Monkeys
Acrílica sobre tela
2004
foto:Reuters
Só que das 2000 pessoas que visitaram a mostra coletiva de novos artistas no Chelsea Market em NY na semana passada, um administrador do governo ficou putinho e mandou fechar a exposição, ameaçou o curador de prisão e processar o pintor.
Mas o curador transferiu essa obra e outras tantas para a sua Animal Gallery em outro canto da cidade. O que faz com que o Bush continue com a companhia de outros animais em um zoológico particular....Depois esses americanos vêm aqui nos criticar por sermos uma republiqueta das bananas com nossos pequenos caudilhos mortos-de-fome, enquanto a preciosa "freedom of speech" lhes é ameaçada por administradores pequeno-burgueses reacionários do seu próprio governo. Vão se catar macacada ianque!
Leia Mostra de arte em NY é fechada por causa de retrato de Bush
Todo mundo sabe que o déspota-usurpador americano se parece muito com um macaco. Mas Chris Savido, pintor americano de 23 anos, fez um retrato de Bush usando exatamente macacos para reconstituir o rosto do presidente americano e expôs o quadro numa exposição de arte cujas obras aparecem na revista "Animal Magazine".

Chris Savido
Bush Monkeys
Acrílica sobre tela
2004
foto:Reuters
Só que das 2000 pessoas que visitaram a mostra coletiva de novos artistas no Chelsea Market em NY na semana passada, um administrador do governo ficou putinho e mandou fechar a exposição, ameaçou o curador de prisão e processar o pintor.
Mas o curador transferiu essa obra e outras tantas para a sua Animal Gallery em outro canto da cidade. O que faz com que o Bush continue com a companhia de outros animais em um zoológico particular....Depois esses americanos vêm aqui nos criticar por sermos uma republiqueta das bananas com nossos pequenos caudilhos mortos-de-fome, enquanto a preciosa "freedom of speech" lhes é ameaçada por administradores pequeno-burgueses reacionários do seu próprio governo. Vão se catar macacada ianque!
Leia Mostra de arte em NY é fechada por causa de retrato de Bush
14.12.04
Porque nao existem grandes Net Artists
Em 1999 Steve Dietz escreveu sobre os paradoxos da Net Art. Este excelente artigo tenta colocar a Net Art no contexto da arte como nova mídia e traça paralelos com um artigo de Linda Nochlin "Why Have There Been No Great Women Artists?" escrito nos anos 60 sobre mulheres e arte cujo objetivo era responder, através da pergunta aparentemente boba do título, não sobre a qualidade da arte feita por mulheres mas sobre a noção da arte dentro do sistema patriarcal da arte. Dietz tenta fazer a mesma com a pergunta "Why Have There Been No Great Net Artists?"
trechos:
Just as in the 80s it was nearly impossible not to quote Walter Benjamin's "The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction," at the turn of the millennium, it is nearly impossible not to mention the millennium--or Marshall McLuhan's dictat that we always understand new media via old media: the horseless carriage, moving images, broadband or interactive TV.
For many of us, our formative education, our environment, the fishtank we unknowingly swam in, was television, photography, video, conceptual art, music, performance, even computers. Without wanting to claim that the only net artists who are under thirty have with the mojo to be great, it is not hard to imagine that someone who has been programming, whether it is levels of Doom or starlogo, since she was five; who has to go to a museum to know what a dial telephone is; who doesn't automatically equate a keyboard with clerical work; who thinks that chatting online is as real as chatting on the phone; it is not hard to imagine that such a person has had a different education, a different upbringing than those who currently manage the art world apparatus. It is not hard to imagine that she might do something different; something that may have a relation to old media, but which is not necessarily trying to make broadband TV or interactive video or digital photography or electronic music or computer art. It is hard to imagine what this will be; what it will look like; how it will act.
It is just possible that the failure is in our ability to imagine great net art, not in net art's ability to be imagined.
The "problem"... problem
The problem with net art is that it is so opaque.
The problem with net art is that it is so obvious.
The problem with net art is that not everyone can see it.
The problem with net art is that it takes too long.
The problem with net art is that it's ephemeral.
The problem with net art is that it's too expensive.
The problem with net art is that anyone can make it.
The problem with net art is no one supports it.
The problem with net art is that it is being usurped.
The problem with net art is that it's boring.
The problem with net art is that it's too challenging.
The problem with net art is all those plug-ins.
The problem with net art is that it is so reliant on industry standards.
The problem with net art is that it's old hat.
The problem with net art is that it's too new.
The problem is that there is no great net art.
Imagino o que ele diria sobre Net Art em 2005...
trechos:
Just as in the 80s it was nearly impossible not to quote Walter Benjamin's "The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction," at the turn of the millennium, it is nearly impossible not to mention the millennium--or Marshall McLuhan's dictat that we always understand new media via old media: the horseless carriage, moving images, broadband or interactive TV.
For many of us, our formative education, our environment, the fishtank we unknowingly swam in, was television, photography, video, conceptual art, music, performance, even computers. Without wanting to claim that the only net artists who are under thirty have with the mojo to be great, it is not hard to imagine that someone who has been programming, whether it is levels of Doom or starlogo, since she was five; who has to go to a museum to know what a dial telephone is; who doesn't automatically equate a keyboard with clerical work; who thinks that chatting online is as real as chatting on the phone; it is not hard to imagine that such a person has had a different education, a different upbringing than those who currently manage the art world apparatus. It is not hard to imagine that she might do something different; something that may have a relation to old media, but which is not necessarily trying to make broadband TV or interactive video or digital photography or electronic music or computer art. It is hard to imagine what this will be; what it will look like; how it will act.
It is just possible that the failure is in our ability to imagine great net art, not in net art's ability to be imagined.
The "problem"... problem
The problem with net art is that it is so opaque.
The problem with net art is that it is so obvious.
The problem with net art is that not everyone can see it.
The problem with net art is that it takes too long.
The problem with net art is that it's ephemeral.
The problem with net art is that it's too expensive.
The problem with net art is that anyone can make it.
The problem with net art is no one supports it.
The problem with net art is that it is being usurped.
The problem with net art is that it's boring.
The problem with net art is that it's too challenging.
The problem with net art is all those plug-ins.
The problem with net art is that it is so reliant on industry standards.
The problem with net art is that it's old hat.
The problem with net art is that it's too new.
The problem is that there is no great net art.
Imagino o que ele diria sobre Net Art em 2005...
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