30.5.04

Susan Sontag

Há algum tempo venho lendo uma autora fantástica, Susan Sontag, e seus textos sobre fotografia e cultura contemporânea. Susan Sontag não se utiliza de filosofias francesas ou alemãs para sustentar suas teorias sobre o papel da fotografia na nossa era, mas o faz com confiança absoluta em suas observações e em uma prosa legível, ao contrário de muitos textos sobre arte.

No seu livro mais recente "On the Pain of Others", ou "A Dor dos Outros", revela uma profunda reflexão do cruzamento entre a arte fotojornalística e o nosso entendimento diante da narração visual de guerras e desastres na nossa era. Ela traz uma opinião fresca e bons argumentos sobre como imagens podem inspirar discórdia, incentivar a violência ou criar apatia através da descrição da longa história da representação da dor dos outros. Não sem coincidência, a capa do livro traz uma gravura de Goya, que, em suas gravuras dos "Caprichos" retrata todas as crueldades humanas, sendo a violência, a mais forte delas. Um dos melhores livros que li ultimamente.

O que ela faz essencialmente é estudar o aspecto de memória coletiva de acordo com as imagens que hoje definem a nossa percepção dos fatos mais cruéis da humanidade, através da fotografia.

Quando vi as fotos de Abu-Ghraib pela primeira vez, me perguntei sobre o que Susan Sontag diria sobre essas fotos e como elas mudam, definitivamente, a nossa percepção dos ocorridos de guerra, mas mais importante do que isso, uma análise do contexto em que foram tiradas e porque. Minha sogra volta de uma viagem a NY e me traz de presente uma edição do New York Times Magazine com um artigo dela, sobre exatamente este tema. Eu sei que é longo, mas vale a pena ler.

Um trecho de "Photographs are US:

For a long time- at least six decades - photographs have laid down the tracks of how important conflicts are judged and remembered. The memory museum is now mostly a visual one. Photographs have an insuperable power to determine what we recall of events, and it now seems likely that the defining association of people everywhere with the rotten war that the United States launched preemptively in Iraq last year will be photographs of the torture of Iraqi prisoners in the most infamous of Saddam Hussein's prisons, Abu Ghraib.

The Bush administration and its defenders have chiefly sought to limit a public relations disaster - the dissemination of the photographs - rather than deal with the complex crimes of leadership and of policy revealed by the pictures. There was, first of all, the displacement of the reality onto the photographs themselves. The administration's initial response was to say that the president was shocked and disgusted by the photographs - as if the fault or horror lay in the images, not in what they depict. There was also the avoidance of the word torture. The prisoners had possibly been the objects of "abuse," eventually of "humiliation" - that was the most to be admitted. "My impression is that what has been charged thus far is abuse, which I believe technically is different from torture," Secretary of Defense Donald Rumsfeld said at a press conference. "And therefore I'm not going to address the torture word." Words alter, words add, words subtract. It was the strenuous avoidance of the word "genocide" while the more than 800,000 Tutsis in Rwanda were being slaughtered, over a few weeks' time, by their Hutu neighbors ten years ago that indicated the American government had no intention of doing anything. To refuse to call torture what took place in Abu Ghraib - and in other prisons in Iraq and in Afghanistan, and in "Camp X-ray" in Guant¿namo Bay - is as outrageous as the refusal to call what happened in Rwanda a genocide. (...)


Divirtam-se...

Leiam o artigo todo.

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