24.3.04

Arte contemporânea se faz em equipe

Embora a arte contemporânea seja inteiramente centrada no indivíduo sem fazer parte de vanguardas ou movimentos, os artistas jovens hoje estão se organizando massiçamente em grupos. No Rio de Janeiro temos o Grupo Rés-do-Chão, o Chelpa Ferro, o Imaginário Periférico, o Figura e hoje abre uma exposição do grupo Meio no Castelinho do Flamengo (Rio).

Esses grupos não se unem necessariamente por ideologia ou pela semelhança do trabalho dos seus integrantes. Alguns grupos apenas se unem para cada artista expor o seu trabalho individualmente dentro de uma coletiva do grupo, outros se unem para fazer performances, e outros ainda são grupos maleáveis como o Figura que tem uma proposta fixa, mas cujos integrantes mudam a cada mostra. Como participo de algins grupos, posso dizer que quanto mais gente com trabalho bom, fica mais fácil realizar uma exposição ou performance em determinado lugar, por uma razão bem prática: os custos são todos divididos, e cada artista se beneficia do público do outro. No fim, todo mundo sai ganhando.

Alguns grupos conseguem atingir um patamar ideológico forte como o Rés-do-Chão, que já até foi convidado para "performar" em Nova Iorque, e têm um mentor à sua frente decidindo o direcionamento dos trabalhos e decidindo quem participa ou não. Mas a maioria dos grupos é des-centrado, ou seja, não tem um ou outro artista que determina a direção dos trabalhos pois isso fica a cargo de cada artista. O grupo decide sim onde vai mostrar e como vai agir.

Outro aspecto importante é que um grupo é mais eficiente ao abrir novos horizontes para tipos de mostras diferentes. Não necessariamente o artista tem que expôr em um lugar convencionado para receber arte como uma galeria ou um museu. Não necessariamente a carreira de um artista depende somente da venda de seu trabalho, pois o que realmente valoriza o trabalho é a atitude do artista em relação à arte, do que propriamente o seu trabalho ali, congelado dentro de uma sala branca. Para aqueles que só importam em fazer de sua arte apenas uma mercadoria, é menos mico ser funcionário público.