Dei graças a deus quando descobri o Fotolog. Sendo uma artista visual, sempre me incomodou o fato do blog ser um meio em que as pessoas escrevem mais do que mostram, onde as idéias são descritas mais do que ilustradas. Abrir o meu fotolog, o Loba Má pois ali eu não preciso dizer nada, apenas postar as imagens que me interessam, ou que fabrico, na maior parte, e deixar rolar.
No Loba Má, posto geralmente projetos em andamento, como o Tedium Rooms, ou Espaços do Tédio, que são construções fotográficas de lugares impessoais e inóspitos da vida urbana, com o objetivo de fazer um levantamento da tipologia de espaços arquitetônicos como salas de reunião em escritórios pré-fabricados, salas de espera, portarias de prédios, praças de alimentação em shoppings, etc., que são espaços onde tipicamente o tempo fica parado, e o sentimento de tédio e paralisia no tempo é devastador.
Eu considero estes espaços a antítese do espírito criador, a antítese do que é sentir-se vivo. Por outro lado, são nessas pausas entre os acontecimentos da vida cotidiana e rotineira, que tenho tempo para desenhar no meu sketchbook, hábito e vício que venho cultivando como um ritual desde antes de entrar na faculdade de arte, há mais de 10 anos. Isso se deve ao fato de eu ser artista e sobreviver de outra ocupação que não a arte, pois como se sabe é dificílimo viver de arte como iniciante na profissão. É no espaço entre a minha vida pseudo-corporativa e a minha doce esquizofrenia que reside a inspiração.
Dizem muitas vezes que um artista deve se concentrar no que faz melhor e não se atrever a invadir o espaço em outras artes em que tem apenas um talento comum com o risco de quebrar a cara. Isso cai bem para Chico Buarque que é excelente poeta, mas péssimo romancista, Gilberto Gil que é excelente músico, mas político medíocre, e Caetano Veloso que é exímio compositor, mas de chorar na hora em que abre a boca para falar. Mas nem por isso deixam de fazer o que querem e de expandir seus horizontes, mesmo que a gente tenha que pagar caro por isso. O que me interessa profundamente é o processo criativo.
Mas isso não me desanima. Vou em frente. Escrevendo o que me dá vontade. Desenhando o que me dá vontade. Mas sempre com consciência do que estou fazendo, e para onde estou indo...
ON THE NEED OF WRITING, OR NOT
I was very happy to discover Fotolog. As a visual artist I was also bothered by the fact that blogging was something you did with words, not with images, where ideas are more descriptive than illustrated. So i opened my own fotolog, Loba Má, where I didn't need to say a thing, all I had to was post images. Brilliant!
At Loba Má (which means Bad Wolverine, but that's a long story), I usually post posto ongoing projects like the Tedium Rooms which are photographic constructions of impersonal places and spaces in cities, and one of the goals is to do a kind of inventory of the tedium typology inside any city in the world. Pre-fab offices, food plazas, waiting rooms are a few of the places that I've snapped during "tedium moments" which occur when there is nothing one can do but wait for something to happen. This is when time lies still and this is when we have to observe what's around. And whatever's around looks like a deserted landscape.
I consider these spaces the opposite of the creative spirit, the antithesis of what it feelsl like to be alive. On the other hand, it's during these pauses between events, in these commas in time that I have to time to sketch or think about my art, and that usually occurs when split personality needs to be at some meeting.
It's in the space between my pseudo-corporate life and my sweet schizophrenia where my inspiration resides.